18 de julho de 2008

OPERAÇÃO SATIAGRAHA PROVOCA DISPUTA NA CUPULA DO PT

A citação de nomes de algumas personalidades de peso do PT nas investigações da Operação Satiagraha, da Polícia Federal, deverá provocar uma séria discussão na Executiva Nacional do PT. Por enquanto, o plano é deixar que o tempo minimize a repercussão sobre o assunto, para mais tarde, conduzir o debate de forma mais pragmática. Cinco petistas tiveram os nomes citados nos relatórios da PF sobre as investigações, entre eles o ministro Tarso Genro (Justiça), o chefe de gabinete do presidente da República, Gilberto Carvalho, o secretário-geral do PT, José Eduardo Cardozo, e dois ex-deputados federais Luiz Eduardo Greenhalgh (SP) e Sigmaringa Seixas (DF). Até agora, apenas Cardozo, Carvalho e Sigmaringa saíram sem maiores arranhões. Os três apresentaram explicações rápidas, consideradas por alguns membros do partido.
Os principais dirigentes do partido, o deputado Ricardo Berzoini, atual presidente, e os secretários Cardozo e Walter Pomar estão fora do Brasil, participando de viagem a Cuba, que seria missão oficial, agendada há bastante tempo. Eles retornam no fim da semana, é possível então que parte da cúpula do PT se reúna informalmente para uma análise preliminar sobre os efeitos da Operação Satiagraha. Mas oficialmente a reunião da executiva só ocorrerá em agosto.
Racha
A atuação durante a operação de Tarso --que trabalha para ter o nome indicado pelo PT para a sucessão presidencial de 2010-- dividiu a legenda. Para alguns, ele passou a impressão de descontrole emocional ao atuar de maneira impositiva na operação. Outros petistas afirmam que o ministro saiu ganhando, pois deixou para a população a demonstração de o defensor da Justiça.
No entanto, o grupo de Tarso no PT a corrente denominada "Mensagem ao Partido" não tem maioria interna e representa a junção de dois outros grupos: "Democracia Socialista" e "Novos Rumos".
Neste episódio da Operação Satiagraha, a eventual adversária de Tarso na disputa pela indicação à sucessão, a ministra Dilma Rousseff (Casa Civil) submergiu, optando por não opinar nem aparecer em meio a tantos comentários sobre o caso.
As investigações da PF colocaram Tarso na linha de frente do debate sobre as ações policiais e alvo da crise com o presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), Gilmar Mendes.
O ministro da Justiça apoiou a PF, fazendo restrições apenas à exposição de imagens, enquanto Mendes fez uma série de críticas e tomou decisões polêmicas sobre a libertação de alguns dos investigados.
Gilberto Carvalho foi apontado como suspeito de vazamento de informações sigilosas, depois de conversar por telefone --cujo diálogo foi gravado e relatado na imprensa --com Greenhalgh. No diálogo, eles tratam sobre Humberto Braz --que é cliente do petista e assessor do banqueiro Daniel Dantas.
Carvalho negou ter vazado informações e divulgou nota à imprensa, informando sobre seu diálogo com Greenhalgh, o qual fez questão de tratar como 'doutor' e com distância.
Mesmo sem mandato parlamentar, Greenhalgh integra a cúpula do Diretório Nacional do PT. Cardozo e Sigmaringa foram citados nas investigações porque teriam participado de um jantar, no qual Dantas esteve presente. Para alguns, os dois pertenceriam à chamada bancada de Daniel Dantas no Congresso.
Cardozo também divulgou nota, na rechaçou as informações, e procurou os colegas de partido para dar explicações.

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