16 de junho de 2010

BLOG EM RECESSO ATÉ 5 DE JULHO

DURANTE A PRIMEIRA FASE DA COPA DO MUNDO ESTAREMOS EM RECESSO. RETORNAREMOS NO DIA 5 DE JULHO

BRASIL ESTREIA COM VITÓRIA E LIDERA GRUPO G


Começou com vitória a caminhada brasileira rumo ao hexacampeonato mundial na África do Sul. Ainda que o futebol da seleção não tenha sido brilhante e envolvente como gostaria a torcida, o Brasil superou a ansiedade da estreia e não teve grandes dificuldades para derrotar a Coreia do Norte por 2 x 1, ontem, no Estádio Ellis Park, e assumir a liderança do Grupo G, beneficiado pelo empate por 0 x 0 entre Costa do Marfim e Portugal.
O resultado manteve a sequência de vitórias brasileiras em estreia em Copas do Mundo. Agora são oito, mas nenhuma delas por goleada. O gol de Maicon, que abriu o placar, quebrou dois tabus. Desde 1954, com Djalma Santos, um camisa 2 da Seleção não marcava em Mundiais e desde 1986, com Josimar, um lateral-direito brasileiro não balançava as redes adversárias.
Desde o início, o Brasil dominou a partida e manteve a posse de bola. Com boa movimentação pelo meio e usando bem as duas laterais, a equipe brasileira chegava tranquilamente à área adversária.O atacante Robinho, num dos primeiros lances, mostrou sua habilidade para superar a marcação.
Se chegava bem até a área coreana, a Seleção Brasileira, no entanto, não conseguia penetrar com a bola dominada, já que duas linhas de quatro defensores protegiam o gol de Ri Myong Guk. A solução, então, foi tentar chutes de média distância. O armador Elano, da entrada da área, arriscou um que saiu por cima. Em outra tentativa, Maicon obrigou o goleiro a espalmar para fora.
Ofensivamente, a Coreia do Norte também não era ameaçava. Em algumas oportunidades, com muita velocidade, chegava à defesa brasileira, mas sem levar preocupação ao goleiro Júlio César. Apesar do domínio brasileiro, no entanto, a situação não se alterou. Mesmo com maior posse de bola e controle total da partida (foram 66% x 34% no primeiro tempo), a equipe do técnico Dunga não conseguiu abrir o placar antes do intervalo.
A pressão aumentou no início do segundo tempo. Na primeira chance, Michel Bastos, que havia arriscado algumas finalizações na etapa inicial, cobrou, com perigo, falta sofrida por Kaká, próxima à meia-lua. Depois, foi Robinho quem deu um belo chute. Finalmente o placar foi aberto, aos 10 minutos, com Maicon. Após o gol, a Coreia do Norte adiantou sua marcação e facilitou o jogo para a Seleção Brasileira, que ampliou aos 26 minutos, com um belo gol de Elano. Nos minutos finais, a Coreia se empolgou e até conseguiu diminuir aos 43. Mas a vitória na estreia já estava garantida para a equipe de Dunga, completando a festa dos torcedores brasileiros no Ellis Park
Equipes: Brasil: Julio César; Maicon, Lúcio, Juan e Michel Bastos; Gilberto Silva, Felipe Melo (Ramires), Elano (Daniel Alves) e Kaká (Nilmar); Robinho e Luis Fabiano. Técnico: Dunga. Coreia do Norte: Ry Myong-Guk; Cha Jong-Hyok, Pak Chol-Jin, Pak Nam-Chol, Ri Jun-Il e Ri Kwang-Chon; An Yong-Hak, Mun In-Guk (Kim Kum-Il) e Ji Yun-Nam; Hong Yong-Jo e Jong Tae-Se. Gols: Maicon aos 10 minutos e Elano, aos 26 minutos do segundo tempo.Técnico: Kim Jong-Hun. Árbitro: Viktor Cassai (Hungria)
O técnico Kim Jong-hun que ficara de boca fechada e sempre evitou contato com os jornalistas depois da estreia, soltou o verbo e mandou a modéstia para escanteio, na entrevista coletiva obrigatória..
- "Meu time merecia melhor sorte", afirmou o treinador, sem rodeios, "Poderíamos ter obtido pelo menos o empate."

15 de junho de 2010

MEU NOME É DILMA

Merval Pereira


O GLOBO

Os discursos nas convenções do PT e do PSDB, no fim de semana passado, revelam com clareza qual será o tom da campanha presidencial daqui para a frente, quando já temos candidatos oficiais e não simples pré-candidatos, como a esdrúxula legislação eleitoral definia até então. De um lado, a candidata oficial, Dilma Rousseff, transformada pelo próprio Lula em sua "laranja" eleitoral; de outro, o tucano José Serra atacando o PT, a falta de experiência da adversária, mas só se referindo a Lula de maneira indireta.

O presidente Lula vai explicitando sua estratégia à medida que a campanha vai chegando ao ponto crítico, que é a propaganda eleitoral de rádio e televisão.

Acho que não chegará a tanto, mas ele parece disposto a ir à televisão dizer ao eleitorado, qual um Enéas redivivo: "Meu nome é Dilma".

É interessante como Lula se lamenta em público por não ter podido disputar um terceiro mandato consecutivo, e o grau de autoelogio que utiliza quando se refere a ele.

Ainda não chegou a se referir a ele mesmo na terceira pessoa, como faz Pelé, mas está perto: "Vai ser a primeira eleição, desde que voltou (sic) as eleições diretas para presidente, que o meu nome não vai estar na cédula. Vai haver um vazio naquela cédula. E, para que esse vazio seja preenchido, eu mudei de nome e vou colocar Dilma lá na cédula. E aí as pessoas vão votar".

É um raciocínio linear de quem está com a autoestima em alta, e por enquanto vai vendo ser cumprido à risca quase tudo o que pretendia.

Nesse raciocínio, a política não entra, o que talvez seja a sua grande falha.

Digo "quase tudo" porque, até o momento, o tucano Serra está conseguindo escapar da armadilha de transformar a eleição em um plebiscito entre os anos Lula e os de FH.

A eleição está polarizada entre PT e PSDB, e Lula é o centro da disputa, mas não em comparação ao super adversário FH, e, sim, ao seu vezo centralizador.

O candidato do PSDB, José Serra, subiu o tom contra o PT no discurso na convenção em que foi indicado candidato oficial dos tucanos, mas arriscou uma crítica indireta a Lula, até agora inatacável.

Na fase em que ainda tentava se ligar a Lula no imaginário do eleitor, Serra chegou a dizer que Lula está "acima do bem e do mal", um exagero que nem mesmo o mais fanático de seus seguidores havia tido a coragem de assumir.

Mas esses foram outros tempos, quando ainda havia esperança entre os tucanos de que o eleitorado de Lula não embarcaria na candidatura de Dilma como está embarcando.

Serra, no sábado, decidiu avançar nas críticas: "Acredito que o Estado deve subordinar-se à sociedade, e não ao governante da hora, ou a um partido. O tempo dos chefes de governo que acreditavam personificar o Estado ficou para trás há mais de 300 anos. Luís XIV achava que o Estado era ele. Nas democracias e no Brasil, não há lugar para "Luíses" assim".

O nosso Luís não concorda, e continua falando como se o Estado fosse ele.

A luta da oposição parece estar centrada na tentativa de mostrar ao eleitorado que o Lula que não disputa a Presidência não é a mesma coisa que Dilma, apesar da garantia de Lula.

Até mesmo na convenção do PSDB paulista, que lançou Geraldo Alckmin a governador, o assunto apareceu.

Na análise dos principais líderes do PSDB, tanto lá, um estado "tucano", quanto em Minas, um estado que ainda está em busca de uma definição partidária, a eleição deste ano está mais fácil para os tucanos do que em 2006, porque Lula não é candidato.

Alckmin, por exemplo, fez questão de reforçar em seu discurso: "Lula não é candidato, está certo? Ele não está na campanha este ano".

Outra estratégia tucana ficou clara na convenção paulista, quando Alckmin atacou a falta de experiência de Dilma, chamada de "paraquedista" por Serra: "Quem pega carona e vai na garupa não guia, não breca, não acelera, não conduz. José Serra será nosso comandante", afirmou.

Dizendo-se "soldado de Serra", Alckmin tentou ainda desfazer a má impressão de que não está se empenhando o suficiente na campanha presidencial.

O ex-governador de Minas Aécio Neves, que comanda a campanha do PSDB mineiro na tentativa de eleger Antonio Anastasia seu sucessor em condições semelhantes às de Lula em relação a Dilma, esteve também presente na convenção tucana para mostrar a unidade do partido.

Ele também considera que a ausência de Lula facilita a possibilidade de vitória de Serra no estado, que deu duas vitórias seguidas a Lula nas eleições presidenciais de 2002 e 2006.

Certa vez, Aécio chegou a dizer que Lula era tão benquisto em Minas que, em certas regiões, os eleitores, se tivessem que escolher, poderiam deixar de votar nele para votar em Lula.

Este ano, o eleitorado mineiro vai ter, portanto, dois cabos eleitorais fortes a tentar induzir seu voto. Há indicações de que a imposição da candidatura de Hélio Costa, do PMDB, em detrimento do ex-prefeito Fernando Pimentel, não teve boa acolhida entre os eleitores petistas, o que pode prejudicar a campanha do partido em Minas.

O empate entre os dois candidatos demonstra que as questões regionais serão fundamentais na definição da vitória.

Por isso, até o final do mês, quando termina o prazo para as convenções regionais, as pressões serão grandes.

Um exemplo disso é o PP, partido que faz parte da base aliada do governo, mas tende a ficar neutro na disputa presidencial.

Há informações de que o governo está pressionando muito os setores regionais do partido que estão com a candidatura oficial para realizarem uma convenção, na tentativa de aprovar a formalização do apoio.

Mas as seções de Minas e as do Sul do país, que estão comprometidas com a candidatura de José Serra, estão trabalhando para adiar ao máximo a realização da convenção, para esfriar o ânimo dos "dilmistas".

Mesmo sem estar na telinha da máquina de votar, Lula continua sendo o principal ator dessa campanha presidencial, para o bem e para o mal.

A ESTRÉIA DA SELEÇÃO



A Seleção brasileira estréia hoje, às 15h30, contra a Coreia do Norte. É o início da jornada, da epopéia na África do Sul em busca do sexto título mundial. O time de Dunga está longe da unanimidade, mas vai reproduzir em campo os grandes momentos do futebol brasileiro, a mística da camisa amarela. Isso levará toda a nação, mais uma vez, manifestar a insuperável paixão pelo futebol.


A Coreia do Norte é a seleção com a pior posição no ranking da Fifa entre as 32 participantes da Copa do Mundo. Está na 105º colocação. Os asiáticos realizaram treinos fechados e seus jogadores não dão entrevistas e nenhum deles joga fora do país. É um mistério o futebo da Coreia do Norte.
Dunga conseguiu alguns vídeos de jogos da equipe asiática. O material foi exibido para os jogadores. Demonstrou os pontos fortes e alguns pontos fracos que eles têm. É em um adversário fechado, com todos os jogadores posicionados no campo de defesa. Não vai jogar de igual para igual, vai segurar um pouco. Dunga espera que o Brasil encontre um espaço para jogar como a gente gosta, com velocidade. E faça uma boa estreia.


- Dunga adverte, se a Coreia do Norte está na Copa do Mundo é porque tem as suas qualidades. Dunga estudou o estilo de jogo do adversário. Esclareceu bastante sobre a equipe da Coreia do Norte. A seleção brasileira está bem têm preparado. E bem preparado não só para um jogo contra a Coreia, mas também para a Copa do Mundo.
A Coreia joga muito fechada, em bloco. Principalmente com muitos jogadores concentrados no meio-campo. E gostam muito da bola diagonal. Do defensor para o atacante. E é uma equipe que sai para o ataque muito rápido porque isso é típico das equipes como Japão, Coreia, China. De países que têm muitos jogadores rápidos - disse Josué.
Kaká, Lucio, Robinho e outros, sob o comando do técnico Dunga têm a missão de expressar nas quatro linhas o sentimento de 190 milhões de brasileiros que esperam o HEXA
 


 

O FUTURO DE LULA ALÉM DO HORIZONTE

Wilson Figueiredo

JORNAL DO BRASIL


Depois de dois mandatos, o presidente Lula é daqueles que têm razões que a própria razão pode desconhecer sem precisar se explicar. É o primeiro a oferecer versões compulsórias, que não estão sendo cobradas nem enxugam dúvidas a seu respeito. Ninguém precisa lhe pedir explicações, ele mesmo se encarrega de oferecê-las, para não perder a oportunidade. Num assunto, porém, não conseguiu convencer, talvez porque também não esteja convencido. É o que pretende fazer depois que deixar de ser presidente.

Um ex-presidente não é alguém que possa se equiparar a um presidente e contar ao seu redor com pessoas dispostas a rir de suas anedotas e ouvir sem sorrir a versões guardadas para depois. Lula já deve estar cansado de se referir à variedade de ocupações a que pretende se aplicar – se este for o verbo adequado – depois de se despir do mandato presidencial. Desconte-se, porém, a diferença entre quem é e quem será depois que deixar de ser um presidente que não cabe mais em si mesmo, e de uma república que também excede as medidas de modelo austero.

Entende-se o cuidado do presidente, que era um quando chegou ao poder e agora passou perigosamente a dois. No mínimo. Depois de cumprir dois mandatos, sem perder de vista 2014, quer se refazer no que teria sido o terceiro. Um que foi e outro com o qual pretende voltar à Presidência, porque acha que o governo também se deu bem como ele. E também para terminar obra de governo que nunca terá fim.

Lula tem resistido saudavelmente mas, até quando, Catilina, ele abusará das alturas? O Brasil que Lula vê não é o mesmo aos olhos dos cidadãos que pagam impostos equivalentes a cinco meses de salários por ano. Sem falar dos aposentados que aumentam sua cota na população e perdem no que recebem: quanto mais vivem, menos ganham e mais gastam com remédios. Um dia as duas linhas vão se cruzar. Vida longa então ao ex-presidente para conferir.

A verdade é que o presidente teve suas razões, mas os cidadãos têm outras. Não é que a culpa seja de sua altura, mas o fato é que ele já bateu com a cabeça no teto em matéria de popularidade. Mais do que já alcançou, passa a ser risco para a democracia. Primeiro, porque a proeza pode vir a ser considerada supérflua, em relação ao custo astronômico das eleições. Segundo, porque ele próprio não resistirá à vertigem de se aproximar dos cem por cento de aprovação, que ele poderia querer superar com o sacrifício, não apenas da democracia mas também da aritmética, que não se limita às quatro operações.

Luiz Inácio Lula da Silva tem variado de opinião sobre qual atividade humana pretende aplicar tanta disposição de se ocupar ociosamente, desde que não lhe bloqueiem a volta ao poder pela via eleitoral (em 2014).

A pedra previsível no meio do caminho dá prioridade ao sucessor, seja ele quem for, e nesse caso seria natural, pois as águas do petismo e da social-democracia, que correm paralelas mas não se misturam eleitoralmente, só se unirão mais adiante, depois que o brasileiro incapaz de distinguir entre esquerda e direita for minoria residual na população.
O presidente precisará, rapidamente, de outra ocupação que não seja a figura do ponto, que o teatro moderno aboliu porque tirava a naturalidade dos atores quando, por um lapso de memória, precisavam ser socorridos por um cavalheiro que, com o texto na mão, de dentro do fosso no palco, soprava as frases.

Uma tragédia viraria uma farsa, como acontece, segundo Marx, à História em episódios que teimam em se repetir sem necessidade.

ARTIGO NO WALL STREET JOURNAL CRITICA POLÍTICA EXTERNA DO GOVERNO LULA E O ACUSA DE “DANÇAR COM OS DÉSPOTAS”.

Artigo traz foto do presidente com Ahmadinejad

A colunista Mary Anastasia O’Grady, polêmica e respeitada colunista do Wall Street Journal, publicou nesta segunda-feira um artigo com fortes críticas ao governo brasileiro, utilizando termos como “cãozinho de Terceiro Mundo” e “política externa lunática”. A colunista em abril escreveu que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva não fez nada no poder.
O artigo da colunista que tambem é membro do Conselho Editorial do jornal, está sendo considerado um dos mais duros artigos já publicados na imprensa americana sobre a política externa brasileira. Título: “A dança de Lula com os déspotas”.
“O Brasil pode estar ganhando respeito no front monetário e econômico, mas quando se volta para a liderança geopolítica, o senhor Da Silva trabalha o tempo todo para preservar a imagem do País como um cãozinho de Terceiro Mundo ressentido”, afirma O’Grady. O termo ”cãozinho”, no contexto do artigo, pode ser traduzido como um “nanico pretensioso demais” e se refere à posição do Brasil contra os Estados Unidos em algumas disputas externas, como o voto contrário às sanções sobre o Irã.
Para a autora, o presidente brasileiro é vazio ao defender diálogo com o Ira e dizer que as sanções causarão mais sofrimento ao povo do Irã, porque, segundo ela, “as sanções são diretas, não aos civis, mas às ambições nucleares do Irã”. “Quanto ao ‘diálogo’”, diz O’Grady, “deveria ser óbvio hoje que o que o presidente iraniano precisa é de um pouco menos de conversa”.
O’Grady diz que o PT é um partido “acentuadamente à esquerda”, mas afirma que “ninguém deve confundir Lula com um bolchevique”. “Ele é meramente um político esperto que emergiu a partir das ruas e adora o poder e limusines”, afirma.
“Uma revisão dos seus dois mandatos revela uma tendência de defender déspotas e dissidentes da democracia”, diz a autora, citando como exemplo o apoio ao Venezuelano Hugo Chávez, o cubano Fidel Castro e as Farcs (Forças Armandas Revolucionárias da Colômbia).
Ela também critica o fato de o Brasil ter apoiado o ex-presidente hondurenho Manuel Zelaya, “apesar de ele ter sido removido pelo governo civil por violar a Constituição”.
A autora encerra o artigo com uma citação do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, de que está longe de ficar claro se os brasileiros aprovam a “mudança de lado” da política brasileira.
‘Mais tolo’
Na última sexta-feira, 11, O’Grady publicara um vídeo no site do Wall Street Journal em que concluía que o Brasil estava parecendo “cada vez mais tolo diante do mundo”. Para ela, o presidente Lula usa o Ministério das Relações Exteriores para “satisfazer a ala esquerda” da sua base política, enquanto internamente “ele adota ideias não esquerdistas para a economia, o que é melhor para o Brasil”.
O’ Grady e acusa Lula de ter desperdiçado a chance de o Brasil ocupar um lugar com o qual sempre sonhou justamente quando estava prestes a alcançá-lo: “President Lula da Silva is snatching defeat from the jaws of victory”.


Segundo o O’Grady, a política externa brasileira tem sido usada por Lula como fator de ajuste para contentar as alas radicais do PT. Trata-se de um escudo para acomodar essas correntes, que, não obstante, são mantidas longe da economia. E vai ao ponto: o Brasil não está pronto para ser um protagonista na política internacional. A articulista classifica Amorim de “antiamericano e anticapitalista”.

Segue abaixo uma tradução rápida do artigo:
Desde que fomos expulsos do Éden, o Brasil sonha tornar-se um país sério e um protagonista no cenário mundial. Agora, quando este sonho eterno estava se tornando uma realidade, Lula consegue fazer de uma vitória uma derrota ["is snatching defeat from the jaws of victory]. O Brasil pode estar ganhando algum respeito no front da economia e da política monetária, mas, quando se trata da liderança geopolítica, o presidente está fazendo um esforço adicional para preservar a imagem de um país ressentido, um cachorrinho ranheta do Terceiro Mundo [Third-World ankle-biter].
O mais recente exemplo de como o Brasil ainda não está pronto para figurar no horário nobre dos círculos internacionais se deu na semana passada, quando votou contra as sanções ao Irã no Conselho de Segurança da ONU. A Turquia foi a única parceira do Brasil neste constrangedor exercício. Mas a Turquia pode ao menos usar como desculpa suas raízes muçulmanas. Lula está levando a reputação do Brasil para o brejo [no Brasil, a gente diz assim; Mary prefere "areia"] só para a sua satisfação política pessoal.
O Brasil defendeu seu voto argumentando que “as sanções muito provavelmente levarão sofrimento ao povo do Irã e conduzirão o processo às mãos daqueles que, dos dois lados [da disputa], não querem que o diálogo prevaleça. É um argumento sem nada dentro. As sanções não têm como alvo os civis, mas as ambições nucleares do Irã e seu programa de mísseis. Quanto ao diálogo, é óbvio que, agora, o presidente Mahmoud Ahmadinejad precisa é de um pouco menos de conversa.
Se o Brasil considerou seu voto uma posição de princípio em defesa do que considera justo, é certo que mudou depressa. Depois de ter feito estardalhaço com as sanções, rapidamente anunciou que vai honrá-las. Isso sugere que pode ter avaliado a possibilidade de sair aos poucos de sua política externa lunática.
O Partido dos Trabalhadores de Lula é de esquerda, mas NÃO se deve confundi-lo [Lula] com um aplicado bolchevique. Ele é simplesmente um político esperto, que veio do povo ["das ruas", no texto de Mary] e ama o poder e o luxo [ela escolhe a metáfora "limousines"; no Brasil, só usadas pelas noivas...]. Como primeiro presidente brasileiro do Partido dos Trabalhadores, ele teve de equilibrar as coisas úteis que aprendeu sobre os mercados e as restrições monetárias com a ideologia de sua base de apoio.
Sua resposta para esse dilema tem sido usar a Ministério das Relações Exteriores — onde uma burocracia geneticamente tendente à esquerda é conduzida por Celso Amorim, um intelectual notoriamente antiamericano e anticapitalista — para lustrar suas credenciais esquerdistas. Essa amizade com os “não-alinhados” tem servido de justificativa para manter os ideólogos coletivistas fora da economia.
Mas a reputação do Brasil como um líder das economias emergentes sofreu enormemente. Para satisfazer a esquerda, Lula tem sido chamado a defender e exaltar os seus [da esquerda] heróis, que são alguns dos mais notórios violadores dos direitos humanos do planeta.
Uma análise de seus dois mandatos revela uma tendência para defender déspotas e desprezar democratas. O repressivo governo do Irã é apenas o caso mais recente. Há também o apoio incondicional de Lula à ditadura de Cuba e à Venezuela de Hugo Chávez. Em fevereiro, Cuba permitiu que o dissidente político Orlando Zapata morresse de fome, na mesma semana em que Lula chegou à ilha de escravos para puxar o saco dos irmãos Castro. Quando indagado pela imprensa sobre Zapata, Lula desqualificou sua morte como maius uma das muitas greves de fome que o mundo ignorou. Ele certamente nunca ouviu falar do militante irlandês Bobby Sands.
Lula também ficou ao lado de Hugo Chávez quando este destruiu as instituições democráticas em seu país e colaborou com o tráfico de drogas das Farc. Um Brasil maduro teria usado sua influência para fazer recuar o terrorismo de estado. Porém, na política de custo-benefício de Lula, as vítimas das Farc não contam.
Honduras não teve melhor sorte na era Lula. O Brasil passou boa parte do ano passado tentando forçar aquele país a reempossar o deposto presidente Manuel Zelaua, apear de ele ele ter sido removido do poder pelos civis por ter violado a Constituição. As ações brasileiras, incluindo o abrigo a Zelaya na embaixada brasileira por meses, criou imensas dificuldades econômicas para os hondurenhos.
Na semana passada, Hillary Clinton, secretária de Estado dos EUA, conclamou à volta de Honduras à Organização dos Estados Americanos (OEA), observando que o país realizou eleições e voltou à normalidade. O Brasil objetou. “A volta de Honduras à OEA tem de estar ligada a questões como democratização e restabelecimento de direitos fundamentais”, disse Antonio de Aguiar Patriota, braço-direito do ministro das Relações Exteriores. Uma questão ao Brasil: estaria ele se referindo a Cuba?
O Brasil vai realizar eleições presidenciais em outubro, e, apesar da popularidade com que Lula vai deixar o poder, não é garantido que a candidata do Partido dos Trabalhadores vá sucedê-lo. Então Lula está oferecendo sangue [red meat] à base partidária ao pegar na mão de Arhmadinejad e votar contra o Tio Sam.
Vai funcionar? Em grande parte vai depender se os que o vêem como aquele que levou o Brasil a desperdiçar uma grande chance estarão em maior número do que os que apóiam a sua dança com os déspotas. Como advertiu o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, a política de Lula leva o Brasil a ficar mudando de lado, mas não está claro se os brasileiros estão de acordo.

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PUNIÇÃO POR ATRASO DE VOO JÁ VIGORA





Autor(es): Rodrigo Burgarelli

O Estado de S. Paulo - 15/06/2010

Atraso de 1 h em voo já será punido


Passageiro afetado por demora, cancelamento ou overbooking pode exigir lugar em outro avião ou reembolso integral e imediato da passagem

A nova resolução da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) que assegura direitos a passageiros que tiveram problemas em voos já está em vigor. Agora, quem for afetado por atraso, cancelamento ou overbooking terá prioridade na reacomodação em voos da mesma companhia e poderá exigir reembolso integral e imediato da passagem quando seu voo tiver sido cancelado ou estiver lotado. As regras valem também para o passageiro que perder conexão por causa de atraso em voo anterior. Além disso, os passageiros deverão ter acesso a telefone e e-mail após uma hora de atraso, a alimentação adequada após duas horas e a acomodação em hotéis se o atraso superar quatro horas. A multa em caso de descumprimento varia de R$ 4 mil a R$ 10 mil.

Entra em vigor regra da Anac que determina ressarcimento imediato de passageiro prejudicado

A resolução da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) que assegura direitos a passageiros que tiveram problemas em voos já está em vigor. Quem for afetado por atraso, cancelamento ou overbooking terá prioridade na reacomodação em voos da mesma companhia e poderá exigir reembolso integral e imediato da passagem quando o voo tiver sido cancelado ou estiver lotado.


Além disso, as empresas deverão realocar os passageiros em aviões de outras companhias - mesmo se não houver convênio entre elas - ou oferecer meios de transporte alternativos, como ônibus ou vans. As regras valem também para o passageiro que perder a conexão, por causa de atraso em voo anterior.

Outra novidade é o aumento da assistência material. Com a nova regra, os viajantes deverão ter acesso a telefone e e-mail se seus voos atrasarem por mais de 1 hora, a alimentação adequada após 2 horas e a acomodação em hotéis, se os atrasos forem superiores a 4 horas. Essa assistência também deve ser prestada a quem estiver esperando dentro do avião, o que não estava previsto na resolução antiga.

Os viajantes também terão mais direito a informação. A resolução determina que é obrigação das companhias informar verbalmente - e até por escrito, caso seja requisitado pelo passageiro - o motivo do atraso e a previsão de saída. Na parte de informação pública, porém, a Anac cometeu um erro logo de início: anunciou que as medidas valeriam a partir de hoje, mas errou o cálculo, uma vez que o prazo legal fez as medidas entrarem em vigor ainda no domingo.
Em caso de descumprimento das novas normas, as empresas aéreas estarão sujeitas a multas de R$ 4 mil a R$ 10 mil por ocorrência. Os passageiros poderão pedir ressarcimento na Justiça ou pelos órgãos de defesa do consumidor, como o Procon.



PARA LEMBRAR

A ideia de se compensar por atrasos de voos surgiu há mais de dois anos, em dezembro de 2007. O País ainda sofria reflexos da crise aérea deflagrada pela queda do voo 1907 da Gol, em setembro de 2006. Nos meses seguintes, os atrasos eram frequentes. O ministro da Defesa, Nelson Jobim, queria impedir que os aeroportos ficassem paralisados no período de festas. No entanto, a medida provisória que criaria a regra não foi editada - o governo resolveu levar a discussão para o Congresso.

ÁREA ECONÔMICA E ALIADOS DUELAM SOBRE APOSENTADOS



 O GLOBO

Sob pressão, Lula deve buscar agradar aos dois, sem prejudicar Dilma

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva anuncia hoje se mantém ou veta o reajuste de 7,7% para os aposentados que ganham acima do salário mínimo, em meio a uma forte pressão que rachou o governo e aliados. Parlamentares e ministros da área social temem que o veto ao aumento aprovado pelo Congresso prejudique a campanha da candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff. Mas a área econômica está unida contra o aumento, que representa uma despesa anual de R$ 1,6 bilhão, além do que o governo previra no Orçamento com o reajuste de 6,14%, já autorizado. A tendência é a de que o presidente adote uma solução intermediária e decida por um reajuste de 7%. Ontem, ele disse que não vai estragar sua "relação com aposentados", mas que não fará extravagâncias em ano eleitoral.

Pressão eleitoral sobre reajuste de aposentados

Aliados defendem os 7,7% por temer desgaste para Dilma, enquanto área econômica pede veto; Lula deve tentar agradar aos dois, dando 7%

Cristiane Jungblut

Às vésperas de o presidente Lula anunciar sua decisão sobre o reajuste para os aposentados que ganham acima do salário mínimo, cresceu no governo uma guerra interna entre parlamentares e ministros da área social, que defendem a manutenção do aumento de 7,7%, e a área econômica, que está unida na defesa do veto. Pressionado pelos dois lados, Lula deve conceder um reajuste intermediário de 7% - veta os 7,7% aprovados pelo Congresso, mas melhora o índice proposto inicialmente pelo governo, de 6,14%, que já vem sendo pago desde janeiro. A área política teme reflexos negativos do veto na campanha da petista Dilma Rousseff.

A alternativa foi apontada ontem por interlocutores que estiveram com o presidente Lula durante sua viagem a Minas. Hoje o presidente tem nova reunião com a equipe econômica, a partir das 9h, no CCBB, para dar a palavra final. Lula deve decidir sobre o assunto antes do jogo de estreia do Brasil na Copa da África. Hoje é o último dia para sanção, ou não, da lei.

O índice de 7% chegou a ser aceito pelo governo como limite durante as negociações com o Congresso, antes da votação final da medida provisória que tratava do reajuste. A área política do governo está preocupada com o desgaste junto aos aposentados e com respingos na campanha de Dilma. Segundo assessores, Lula já "ouviu todos os lados".

A pressão da área econômica para que Lula vete o reajuste cresceu no fim de semana, provocando uma reação de defensores do aumento. Na sexta-feira, o presidente dissera a um interlocutor que estava em dúvida sobre o que fazer, mas que os argumentos da área econômica eram muito fortes.

Os defensores da manutenção do reajuste de 7,7% esperavam contar com a simpatia de ministros da área social, como Luiz Dulci (Secretaria Geral da Presidência), e até de Alexandre Padilha (Relações Institucionais) e Carlos Eduardo Gabas (Previdência), que publicamente já haviam alertado que o presidente poderia vetar o aumento.

Aposentados não têm do que reclamar, diz líder

Ontem, integrantes da área econômica voltaram a dizer que, só com cortes em outras áreas, seria possível dar os 7,7%, que gera uma despesa de R$1,6 bilhão acima do que o governo previu no orçamento com o reajuste de 6,14%.

Principal defensor dos 7,7%, o presidente da Força Sindical, deputado Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), disse ontem que confia na sanção do reajuste pelo presidente Lula.

- Confiamos que o presidente Lula vai ouvir a área social (do governo) e não a área econômica. Caso ele vete tudo, a batalha será para derrubar o veto. Isso afeta muito, muito (politicamente), porque mexe com uma área que sempre foi abandonada - disse Paulinho, defensor da candidatura Dilma.

O PMDB engrossou as pressões para que o presidente Lula não ceda aos argumentos da área econômica. O líder do PMDB na Câmara, Henrique Eduardo Alves (RN), disse que o partido pediu a Lula que mantenha os 7,7%, mesmo admitindo que os argumentos da área econômica são muito fortes.

- Que o presidente Lula não venha a vetar o aumento de 7,7%. A diferença não é tão absurda, de 7% (que o governo admitia) para 7,7%. Que o presidente consiga convencer a área econômica. O PMDB faz esse apelo - disse Henrique Alves, negando, porém, que haja preocupações eleitorais com o caso.

Já o líder do governo na Câmara, deputado Cândido Vaccarezza (SP), disse que os aposentados "não têm do que reclamar" ao terem ganhado um aumento de 6,14%:

- Os 6,14% foram um acordo entre as centrais (sindicais) e o governo federal. Não foi um número cabalístico. Os 7% eram o limite, nunca escondemos. Os aposentados não têm do que reclamar do presidente Lula, e não tem hipótese de comprarmos briga com os aposentados, porque eles ganham um aumento real.

Lula já decidiu vetar o fim fator previdenciário, também aprovado pelo Congresso. Criado em 1999, esse mecanismo que inibe aposentadorias precoces gerou, em dez anos, economia de R$10,1 bilhões ao governo. A estimativa é que o fim do fator previdenciário poderá ter um impacto financeiro, no primeiro ano, de R$2 bilhões.

Colaborou: Gerson Camarotti

PSDB INTENSIFICA EXPOSIÇÃO DE SERRA NA TV



FOLHA DE S. PAULO

Candidato monopolizará as 40 inserções que partido passa a veicular a partir de hoje

Catia Seabra e Breno Costa

SÃO PAULO - Na tentativa de reverter o cenário de empate com a petista Dilma Rousseff, o PSDB investirá, a partir de hoje, na exposição de José Serra na propaganda partidária.

Segundo integrantes do comando da campanha, Serra monopolizará as 40 inserções que o PSDB levará ao ar nas noites de hoje e dos dias 22, 26 e 29.

Nas peças, Serra falará em rádio e TV. Ele atuará como porta-voz de valores e ações do partido. A intenção é martelar a imagem de Serra, como contraponto à ideia de que Dilma está sob a tutela do presidente Lula.

Já o programa partidário do PSDB, de dez minutos, será veiculado na noite de quinta-feira.

No PSDB, a opção pela propaganda partidária em plena Copa do Mundo foi objeto de controvérsia.

Para alguns tucanos, ela será ofuscada pelos jogos. Outros acreditam que, com os olhos voltados para a tela, mais eleitores assistirão às inserções; não ao programa.

Apesar de estar se recuperando de uma sinusite, Serra deverá assistir ao jogo de estreia da seleção em lugar público no Rio. Se ele não melhorar, porém, deverá ver o jogo numa cantina na Mooca, bairro onde foi criado.

CONTROVÉRSIA

A data do programa não é o único motivo de controvérsia na oposição -também é o vice de Serra.Enquanto o comando do PSDB insiste na chapa puro-sangue, parte do DEM estrila.

Ontem, o presidente do partido, Rodrigo Maia (RJ), e seu antecessor, Jorge Bornhausen (SC), se reuniram com o presidente do PSDB, senador Sérgio Guerra (PE), e reafirmaram a defesa de um democrata para a vice.

À saída do encontro, Maia ficou mudo ao ser questionado sobre o risco de ruptura caso o DEM não tenha a vaga.

"Não vetamos ninguém. Mas entendemos que o vice deva ser do DEM", declarou Bornhausen.

Cotado para a vice com o apoio de outra fatia do DEM, Guerra afirma que qualquer decisão dependerá do aval do aliado, mas não rechaça a hipótese de ocupar a vaga:

"Não dá para recusar convite que não recebi", disse.

Na reunião, Guerra foi informado da decisão do PMDB de Santa Catarina de apoiar o DEM para o governo, o que une PSDB e os Democratas

LEIA A "CARTA AO POVO MARANHENSE" ASSINADA POR DUTRA E MANOEL DA CONCEIÇÃO



 JORNAL PEQUENO (MA)

Estamos em greve de fome desde o dia 11 no Plenário da Câmara Federal. Fomos empurrados para a este sacrifício. Estupraram o Código de Ética do Partido para doar o PT para uma oligarquia corrupta. Violentaram a democracia interna para eternizar o poder de uma família.

Somos fundadores do PT. Nestes 30 anos nunca envergonhamos o Partido. Jamais nos envolvemos em escândalos. Ajudamos eleger o Presidente LULA na esperança de livrar os maranhenses dos desmandos dos Sarneys.

Não conseguimos. Com chantagens, dissimulação e bajulação, Sarney ampliou o poder que exerceu na ditadura às custas de delações, exílios, prisões, torturas e mortes de muitos brasileiros.

A fome de poder desse bruxo não tem limites. Este homem tem a barriga do fim do mundo: ele agora quer se apossar do PT do Maranhão e privatizar a popularidade do Presidente Lula na tentativa de reeleger a filha Roseana.

Sem piedade, trocaram a nossa alma pela promessa de 3 milhões de votos.

Que dívida impagável é esta que Sarney não pára de cobrar do nosso Presidente e do PT? Quem será a próxima vítima dessa dívida? Quanto mais Sarney humilha o PT mais a dívida cresce!

Quem entregou o PT para Fernando Sarney (que de uma lapada desviou 14 milhões de dólares para exterior) ainda tem coragem de falar em honestidade?

Quem doou o PT para a rainha da Lunus, depois de tantos escândalos com recursos públicos, não pode mais falar de ética e transparência.

Quem se torna refém de um oligarca sem caráter e dissimulado, após os escândalos do Senado, não pode mais falar em decência.

Quem destrói lideranças e desrespeita aliados históricos para eternizar uma oligarquia brutal não pode mais falar em democracia.

Quem esquece o passado e tripudia sobre velhos companheiros não pode mais falar em solidariedade, fraternidade, socialismo.

Quem doa o PT em troca da promessa de votos não pode mais falar em reforma política.

Que projeto nacional é este em que o Partido do Presidente da República e da futura presidente se transforma em sublegenda do Partido do vice-presidente?

Porque tanta brutalidade com o PT se o PMDB tenta livremente derrotar o PT na Bahia, Pará, Rio Grande do Sul, São Paulo e outros estados?

Entregar o PT para oligarquia Sarney significa jogar no lixo a legalidade partidária. É a negação da ética e da decência na política. É sepultar as esperanças de libertação do povo maranhense após 46 anos de escravidão. É agredir os movimentos sociais, desrespeitar aliados históricos e destruir o Partido no Estado.

Estamos cansados de derrotar Sarney no Maranhão e ele ser vitorioso no tapetão de Brasília.

Por isto estamos em GREVE DE FOME, em defesa da coerência, da decência e da legalidade partidária.

O direito vai prevalecer, pois acreditamos nos petistas que têm consciência e na JUSTIÇA BRASILEIRA.


Plenário Ulysses Guimarães, em 14 de junho de 2010.

MANOEL DA CONCEIÇÃO – PRIMEIRO FUNDADOR NACIONAL VIVO DO PT

DOMINGOS DUTRA – DEPUTADO FEDERAL E FUNDADOR DO PT NO MARANHÃO

DEM FAZ PRESSÃO PARA GARANTIR VICE DE SERRA



Autor(es): Julia Duailibi

O Estado de S. Paulo - 15/06/2010



Uma vez que Aécio não quer ficar com a vaga, os aliados dos tucanos reagem a ideia de chapa puro-sangue e cobram direito de indicar parceiro de chapa

No momento em que setores do PSDB pressionam para que a chapa presidencial do tucano José Serra seja puro-sangue, o DEM faz ofensiva para garantir nome ligado à legenda na composição.

Em reunião ontem com a coordenação da campanha de Serra, caciques do DEM reforçaram a tese de indicar um nome ligado à legenda. Uma vez que o ex-governador Aécio Neves (MG) não quer ficar com a vaga de vice, os aliados dos tucanos avaliam que a indicação deve ser deles.

No PSDB, no entanto, as maiores apostas são em torno do presidente do partido, senador Sérgio Guerra (PE), e do senador Álvaro Dias (PR). A favor de Dias, está o fato de a sua indicação fortalecer o palanque no Paraná, onde os tucanos tentam fechar aliança com o irmão dele, senador Osmar Dias (PDT), que também flerta com os petistas.

"É um direito do PSDB e de algumas pessoas, mas não é isso que estamos ouvindo", comentou ontem o presidente do DEM, Rodrigo Maia (RJ), sobre setores tucanos que querem a chapa puro-sangue, ao deixar reunião com Guerra. Maia, que estava acompanhado do ex-senador Jorge Bornhausen (SC), negou que o assunto da vice tenha sido tratado na reunião de ontem. "Acho que caminha para o DEM , mas não tratamos disso."

O DEM deve ainda ter reunião com Serra para tratar desse tema. Internamente, discute-se o nome do deputado José Carlos Aleluia (BA) e, mais recentemente, tem sido mencionado o de Valéria Pires (PA), mulher do deputado Vic Pires. Essa solução é defendida por ala do PSDB para a qual a vice tem de facilitar a composição nos Estados. A escolha de Valéria facilitaria acordo entre DEM e PSDB no Pará.

"Esse final não é fácil", comentou Guerra sobre a tentativa de amarrar as alianças nos Estados que garantam um palanque forte para Serra. O senador voltou a dizer que não recebeu um convite para ser o vice de Serra. "Não dá para recusar convite que não recebi", declarou ao ser questionado se recusaria a indicação.

Indagado se a indicação de um vice do tradicional aliado não causaria constrangimento no PSDB, já que o ex-governador do partido José Roberto Arruda foi envolvido no escândalo conhecido como "mensalão do DEM", Guerra desconversou: "Não acho isso relevante."

Santa Catarina. No encontro de ontem, PSDB e DEM trataram dos palanques estaduais onde há maior dificuldade para firmar aliança entre as duas legendas. Além do Pará, entraram na pauta Goiás e Santa Catarina, que era um dos principais impasses regionais.

O caso catarinense avançou ontem. Lá, a tríplice aliança entre PMDB, DEM e PSDB deve ser reeditada nas eleições de outubro. A composição entre as legendas estava à beira do colapso, já que os três partidos queriam lançar candidaturas próprias.

Ontem pela manhã chegou-se a uma solução em torno do candidato do DEM, senador Raimundo Colombo (DEM), que ficará com a cabeça de chapa. O PMDB deve levar uma das vagas ao Senado e a de vice-governador. Os tucanos ficam com a outra indicação ao Senado.

Também com problemas, Goiás deve ser o próximo Estado em que tucanos e democratas tentam uma saída comum.

ANIMAÇÃO E MAL-ESTAR NAS CONVENÇÕES




O Estado de S. Paulo - 15/06/2010

Convenções como as do fim de semana são momentos festivos, embora tenham uma animação protocolar. Os candidatos sempre saem sorridentes e com discurso confiante. Mas, tanto na festa tucana quanto no encontro petista, não havia como disfarçar alguns constrangimentos entre aliados. O DEM está incomodado com a tese de uma chapa puro-sangue, com o vice também do PSDB. O presidente democrata, Rodrigo Maia (RJ), estava com cara de poucos amigos. No PT, há uma ala revoltada com todas as concessões que o partido teve de fazer ao PMDB nas alianças estaduais.

QUAL É A PROPOSTA




Celso Ming

O Estado de S. Paulo - 15/06/2010


Nesse fim de semana, o ex-governador José Serra e a ex-ministra Dilma Rousseff oficializaram suas candidaturas à Presidência da República, cada qual pela coligação de partidos que os apoia. Ele, pela oposição; ela, pelo governo Lula.

Do ponto de vista da política econômica, Dilma se apresenta agora como a candidata da continuidade, como aquela que vai manter as grandes linhas que, argumenta ela, garantem a estabilidade que é precondição para o prosseguimento dos programas de desenvolvimento e aumento de densidade do Brasil na economia global. E é assim que os emissários de Dilma vêm se apresentando aos empresários e grandes administradores.

Assim, às vezes com mais sutileza e às vezes com menos, tentam explorar o que entendem como campo de indefinição ou, mais do que isso, como as incertezas que cercam o programa de política econômica do candidato adversário.

O argumento dos defensores da candidata governista é o de que, se Serra vier a ser presidente da República, a economia brasileira correrá forte risco de passar por uma ampla desarrumação, com as consequências que daí deverão provir.

Desde os tempos em que participava como ministro das duas administrações Fernando Henrique, José Serra vem fazendo críticas duras não só à política cambial e à política monetária. Ele também se pronuncia especialmente contra a concessão do atual grau de autonomia do Banco Central na condução da política monetária (política de juros): "o Banco Central não é a Santa Sé", disse em abril na TV, em ríspida entrevista concedida à jornalista Míriam Leitão.

Mas essas posições estão longe de dar uma visão clara de como seria a geometria da política econômica num possível governo Serra. Não se sabe até que ponto seria alterado o atual tripé: responsabilidade fiscal (com formação de forte superávit primário); câmbio sujeito a "alguma flutuação suja", na medida em que prevê intervenções do Banco Central no mercado; e sistema de metas de inflação.

Serra é conhecido como aquele que sempre exigiu muito rigor na execução da política fiscal. No mais, às vezes, indica que fará mudanças, mas não a ponto de mexer radicalmente no tripé. Outras, é crítico ou vago o suficiente para deixar empresários e analistas na dúvida ou então que tome corpo a tese do "risco Serra".

Quando pretendia arrebatar a candidatura a vice de Dilma, o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, denunciou com certa insistência a existência desse risco. Depois, no entanto, passou a defender a posição de que a economia brasileira já havia ultrapassado o estágio da puberdade e já é madura o suficiente, vem dizendo ele, para não se sujeitar a mudanças radicais no atual modelo. Isto é, independentemente de quem seja o novo presidente, as atuais vigas mestras serão fundamentalmente mantidas.

Seja como for, Serra está devendo uma definição do que pretende, se for eleito. As sabatinas se sucederão agora em todos os meios de comunicação e serão excelente oportunidade para deixar tudo isso mais claro. E é bom que fique claro. Se está erguendo a bandeira da confiança e da garantia de que "o que é bom deve continuar", é porque Dilma está identificando fragilidades nas propostas do seu adversário que lhe convém explorar eleitoralmente.

A França usa a tesoura
A França está disposta a seguir o projeto alemão. O primeiro-ministro francês, François Fillon, anunciou ontem que o governo se prepara para um corte de ? 45 bilhões no orçamento até 2013. Na semana passada, foi a vez da chanceler Angela Merkel avisar que seu governo estava fazendo uma economia de ? 80 bilhões no mesmo período.

Dívida e soberania
Fillon justificou os novos cortes como uma decisão destinada a garantir a soberania do Estado francês: "Um país perde parte de sua independência nacional quando se endivida demais e quando acaba amarrado às decisões dos credores."

Na contramão
As decisões da Alemanha e da França contrariam os apelos formais do secretário do Tesouro americano, Tim Geithner, reiterados na última reunião do G-20, de que os governos europeus incrementem o dispêndio público para incentivar o consumo, em vez de aumentar os cortes de despesa que produzem recessão.

IMPLACÁVEL E EFICIENTE, MAURO RICARDO É O BRAÇO DIREITO DE SERRA



Autor(es): César Felício, de Manaus

Valor Econômico - 15/06/2010

Mauro Ricardo é o braço direito de serra

O implacável braço direito de josé serra
Da Suframa à Fazenda paulista, Mauro Ricardo Costa bate de frente para impor mudanças, mas colhe resultados.

Durante os 15 anos em que trabalha com Serra, o atual secretário da Fazenda sempre foi designado para funções de enfrentamento com políticos e empresários.

Arrogante, implacável e eficiente. Essa trinca de adjetivos começou a acompanhar o funcionário público Mauro Ricardo Machado Costa, em 1996 quando atual secretário da Fazenda de São Paulo tinha apenas 34 anos. Nome certo para compor um eventual ministério do candidato tucano à Presidência, José Serra, Mauro Ricardo foi deixado naquele ano no comando da Superintendência da Zona Franca de Manaus (Suframa) como uma herança de Serra, que se desincompatibilizava do Ministério do Planejamento para disputar (e perder) a eleição para a Prefeitura de São Paulo, ao sucessor Antonio Kandir.

Em três anos em Manaus, descritos posteriormente por Mauro Ricardo a interlocutores como "os piores da sua vida", o administrador de empresas formado pela Fundação Getúlio Vargas do Rio, viveu um atropelo atrás do outro. Teve desentendimentos com dirigentes locais de empresas, a mídia amazonense, o então governador Amazonino Mendes, que estava no PFL (hoje DEM) e os trabalhadores do polo industrial.

O resultado é reconhecido por aliados e até por adversários do PSDB: nunca mais a autarquia foi a mesma, em termos de poder e de gestão de recursos públicos. Criada no governo Castello Branco em 1967, a Suframa começou a fomentar a produção industrial nos anos 70 e 80, em um modelo que previa cotas de importação, mercados protegidos e benefícios fiscais, tanto para importações quanto para qualquer compra de insumos fora do Amazonas. A Zona Franca tornou-se a produtora exclusiva no Brasil de diversos produtos, de motocicletas a relógios.

O superintendente era uma referência de poder no Estado que rivalizava com os governadores. Conta-se no Estado a polêmica entre Ruy Lins, um superintendente no governo Figueiredo, e o então governador José Lindoso (Arena), na década de 1980. Em uma solenidade, Lins não concedeu a palavra ao governador, que sentiu-se ofendido e pediu a demissão do técnico. Foi ignorado.

Com a redemocratização, a classe política local passou a controlar a autarquia. O primeiro superintendente dessa nova fase, Roberto Cohen, nomeado pelo então governador Gilberto Mestrinho (PMDB), foi demitido em meio ao primeiro escândalo, chamado à época, em 1985, de "crime do colarinho verde". Tratava-se da manipulação do câmbio com a comercialização clandestina de cotas de importação fictícias. Funcionários de escalão inferior foram punidos. Em 1993, outro escândalo, o de vendas simuladas de açúcar para o Estado, levou à demissão do diretor de Mercadorias Nacionais e Internacionais, José Renato Alves, à época cunhado do então prefeito de Manaus, Eduardo Braga, hoje ex-governador e candidato a senador pelo PMDB.

Quando Serra assumiu o Ministério do Planejamento, teve que aceitar na Suframa a permanência de Manoel Rodrigues, um superintendente de confiança de Egberto Batista, que foi secretário do Desenvolvimento Regional no governo Collor. Uma das prioridades de Serra no ministério foi tentar conseguir a demissão de Rodrigues, sustentado pelo governador Amazonino Mendes.

Mauro Ricardo, um auditor fiscal, já começava a exercer o seu papel de interventor. Havia saído da coordenação de programação e logística da Receita Federal em 1993 para ser secretário de administração geral do extinto Ministério do Bem-Estar Social, no último ano do governo Itamar Franco. Caiu nas graças de Serra ao se tornar subsecretário de Planejamento e Orçamento do ministério em 1995.

Ao assumir o cargo, em abril de 1996 na Suframa, o fluminense de Niterói, que jamais trabalhou em seu Estado de origem, tinha um mandato claro: sua missão era acabar com a ingerência política na autarquia e condicionar a aprovação de Processos Produtivos Básicos (PPBs) - conjunto de regras que as interessadas em benefícios fiscais precisam cumprir, comprovando a realização de uma série de etapas da produção dentro do polo - a metas até então ausentes da Zona Franca, como o direcionamento para exportações. Desde 1991 o superintendente perdeu o poder sobre a concessão dos PPBs, que passou para uma comissão interministerial, mas sempre manteve sua influência.

O corte da influência política foi radical e hoje é elogiado até por opositores do PSDB. "Ele fez uma reforma adequada no mérito, exagerada na forma. Puniu o justo e o pecador", comenta Eduardo Braga. A reestruturação levou Amazonino e seus aliados a uma grande pressão junto ao então presidente Fernando Henrique Cardoso pela demissão de Mauro Ricardo. Em maio de 1997 o governador estava prestes a conseguir o seu objetivo, quando a sua citação no escândalo da venda de votos a favor da emenda constitucional da reeleição fragilizou politicamente tanto Amazonino quanto o governo federal.

No processo eleitoral de 1998, houve um recrudescimento da pressão. A atuação de Mauro Ricardo tornou-se o pivô de uma divisão da base governista. A ala de Amazonino pedia a sua substituição e os tucanos o sustentavam. "Foi a única vez em que pensei em romper com Fernando Henrique", diz um de seus defensores à época, o senador Arthur Virgílio Neto (PSDB-AM), que chegou a ser ministro da Secretaria-Geral da Presidência na gestão de FHC.

Mauro Ricardo - o primeiro superintendente a mandar cercar a área do distrito industrial, para impedir invasões - moveu uma ação de reintegração de posse para expulsar ocupantes de terras vinculados a políticos simpatizantes de Amazonino. Cortou a conversa também com o empresariado. "Ele dizia que só recebia em sua sala representantes de empresas que assinavam cheque", relembra o ex-prefeito de Manaus Serafim Corrêa (PSB), colega de Mauro Ricardo em cursos de formação de auditor fiscal. Em outras palavras, Mauro Ricardo só conversava com diretores das empresas do polo com efetivo poder decisório, o que excluía muitos interlocutores.

"Ele era um homem sanguíneo, que dançava conforme a música. Se estava tocando valsa, era valsa. Se fosse rock and roll, ele ia para o rock and roll", comenta o presidente do Centro da Indústria do Amazonas (Cieam), Maurício Loureiro, citando como exemplo a negociação em torno da cobrança de uma taxa da Suframa de 1,9% sobre o valor FOB das importações das empresas. No meio do processo, sindicalistas promoveram o enterro simbólico de Mauro Ricardo dentro do Distrito Industrial. O superintendente suspeitou que o protesto contava com o apoio das empresas e suspendeu o diálogo.


Nos seus três anos de Manaus, Mauro Ricardo teve pouco convívio social. "Ele não frequentava restaurantes, bares e festas. E raramente visitava", disse Serafim, que era interlocutor do superintendente na ocasião. Um de seus apoios era Arthur Virgílio, que lembra do empenho de Mauro Ricardo em tocar violão entre seus raros amigos da época.


A profissionalização da Suframa foi uma das marcas deixadas pelo gestor. "Ele nos deu segurança para trabalhar. Criou a base que foi mantida e ampliada pelos superintendentes que o sucederam", comenta o atual superintendente-adjunto da Suframa, Oldemar Iank. Seus sucessores, Antonio Sérgio Mello, Ozias Rodrigues e a atual superintendente, Flavia Grosso, também são eminentemente técnicos.


O que não surtiu efeito foi a tentativa de converter a Zona Franca do mercado interno para o externo. A meta de R$ 1 bilhão de exportações prevista para 1998 só foi atingida dez anos depois. "Ninguém exporta por decreto", comenta Iank. O faturamento anual das empresas do polo, que era de US$ 11,7 bilhões em 1995, caiu para US$ 7,2 bilhões em 1999, ano em que Mauro Ricardo saiu da superintendência para assumir a presidência da Fundação Nacional da Saúde (Funasa). Em 2009, o faturamento foi de US$ 25,9 bilhões.


Em parte em razão do magro resultado econômico, em parte graças à campanha movida por Amazonino, Mauro Ricardo contribuiu para cristalizar a imagem contrária à Zona Franca de Manaus de que Serra até hoje tenta se desvencilhar. Atual prefeito de Manaus pelo PTB, Amazonino foi procurado pelo Valor, mas não quis conceder entrevista. Há dez anos, em conversa com o jornal, disse o seguinte: "O Mauro não tinha uma visão correta sobre o papel da Zona Franca, mas refletiu o pensamento do governo federal. Quando batia de frente com o governo, em relação às medidas econômicas que afetavam a Zona Franca, ele não sabia o que fazer, aguardava instruções".


Ao sair da Suframa, a autarquia havia sido transferida do Ministério do Planejamento para o do Desenvolvimento, no segundo governo Fernando Henrique. Mauro Ricardo assumiu a presidência da Funasa, já completamente vinculado ao então ministro da Saúde, José Serra. O político tucano era ministro há um ano e o ex-superintendente da Suframa sucedeu a Januário Montone, outro homem de confiança de Serra. Não houve na Funasa o mesmo abalo sísmico que ocorreu em Manaus.


Mauro Ricardo permaneceu em Brasília até janeiro de 2003, quando o então governador de Minas Gerais, Aécio Neves (PSDB), pediu a Serra uma indicação para a presidência da Copasa, a estatal mineira de saneamento. A intenção de Aécio era transformar a empresa em geradora de caixa para o Estado e atração no mercado de capitais. Serra, que não estava em nenhum cargo público, após a derrota na eleição presidencial de 2002, indicou Mauro Ricardo.


Em Belo Horizonte, o ex-presidente da Funasa assustou os empregados da Copasa com o estilo distante, a cobrança por resultados e a pouca disposição em colher sugestões de gestão da velha guarda da empresa. A Copasa em 2002 teve um prejuízo de R$ 89 milhões. No último ano de Mauro Ricardo na presidência da empresa, em 2004, houve lucro de R$ 253 milhões. A receita subiu de R$ 878 milhões para R$ 1,2 bilhão entre 2002 e 2004.


Ao chegar a São Paulo em 2005, quando Serra assumiu a prefeitura da capital do Estado, Mauro Ricardo comandou um processo traumático, ao lado do então secretário de Planejamento, Francisco Vidal Luna, e do secretário de Negócios Jurídicos da prefeitura, Luiz Marrey Júnior: alegando que a prefeita anterior, Marta Suplicy (PT), havia ordenado gastos da prefeitura sem a devida cobertura orçamentária, Mauro Ricardo suspendeu o pagamento a prestadores de serviço e fornecedores e estabeleceu, unilateralmente, um cronograma de sete anos para o pagamento da dívida. Foi a vez dos paulistas perceberem a pouca disposição de Mauro Ricardo em entrosar-se com empresários, já sentida pelos manauaras nos anos 90.


A receita de São Paulo cresceu 41,1% em termos nominais, entre 2007 e 2009, o tempo de Mauro Ricardo à frente da Secretaria da Fazenda. Novamente o braço direito de Serra chocou a classe empresarial ao recusar-se a receber, várias vezes, dirigentes e empresários antes da tomada de decisões. As mais polêmicas delas foram as substituições tributárias para diversos produtos, um mecanismo pelo qual uma determinada empresa ganha a incumbência de recolher o imposto de sua cadeia de fornecedores.


Mas não se limitou a isso: estabeleceu para os setores que gozavam de benefícios fiscais regimes especiais, que só permitem a inclusão de empresas que não tenham débito, de nenhuma forma com o Estado. Dessa maneira, em caso de um empresário se sentir prejudicado por uma medida e pretender recorrer, ele perderá a sua inclusão no regime.


Limitando seus contatos com a imprensa a temas técnicos, Mauro Ricardo destoou apenas em um episódio: quando comentou a decisão judicial que condenou a 94 anos de prisão a empresária Eliana Tranchesi, considerada culpada por sonegação. "Achei pouco", disse ao jornal "Folha de S. Paulo", propondo a seguir, em tom de brincadeira, a pena de crucificação para os considerados sonegadores. A declaração causa mal-estar até hoje nos meios empresariais de São Paulo. Procurado pelo Va

TUMA JR. CAI E DIZ QUE ‘FATOS VÃO SURGIR’



Autor(es): Vannildo Mendes

O Estado de S. Paulo - 15/06/2010

MINISTRO DA JUSTIÇA DEMITE TUMA JÚNIOR


Acusado de envolvimento com um dos chefes da máfia chinesa em São Paulo, o secretário nacional de Justiça, Romeu Tuma Júnior, foi demitido ontem pelo ministro Luiz Paulo Barreto (Justiça). O caso foi revelado pelo Estado em maio. Tuma Júnior disse que Barreto agiu com “covardia política" e ameaçou: ""Vão surgir fatos que vocês vão se arrepiar, aguardem".


Luiz Paulo Barreto afirma que o secretário nacional de Justiça, alvo de inquéritos, "poderá melhor promover sua defesa fora do cargo"; acusado de envolvimento com um dos chefes da máfia chinesa, ele diz que o ministro agiu com "covardia política"

Aviso. ‘A verdade virá à tona! Vão surgir fatos que vocês vão se arrepiar, aguardem’, declarou Tuma Júnior ao ser exonerado Acusado de envolvimento com um dos chefes da máfia chinesa em São Paulo, o secretário nacional de Justiça, Romeu Tuma Júnior, foi demitido ontem do cargo pelo ministro da Justiça, Luiz Paulo Barreto. Em nota, o ministro observou que Tuma Júnior responde a três investigações e, fora do cargo, "poderá melhor promover sua defesa".

Ressentido com a demissão, que tentava reverter a todo custo, o ex-secretário saiu atirando. Investigado na Comissão de Ética da Presidência, no próprio ministério e na Polícia Federal, ele disse que foi alvo de arbitrariedades da PF, atribuiu sua desgraça à conspiração de setores mafiosos incomodados com sua atuação, acusou o ministro de agir com "covardia política" e deu a entender que haverá troco. "A verdade virá à tona! Vão surgir fatos que vocês vão se arrepiar, aguardem", disse.

Mais tarde, Tuma Júnior reconsiderou sua declaração. Em telefonema ao Estado, disse que ocorrera um mal-entendido e que se referira "ao ato da demissão e não ao ministro". E afirmou: "Ele é meu amigo e está tão amargurado como eu."

Barreto ainda tentou suavizar o ato, destacando na nota "os relevantes trabalhos" prestados por Tuma Júnior à frente do cargo, mas não funcionou.

O ex-secretário disse que agora, sem as amarras éticas de estar à frente de um cargo de confiança, vai se defender. E mandou um aviso aos setores do governo que, a seu ver, contribuíram para sua queda. "Minha história de vida, do meu pai e da minha família, ninguém vai manchar."

Ele explicou que, no cargo, contrariou interesses e, por isso, teria sido vítima "da verdadeira máfia". Indagado sobre quem se referia, evitou citar nomes, mas registrou que "tem muita gente envolvida, políticos também". E insistiu: "Vocês verão coisas cabeludas! Confio na Justiça, o tempo vai restabelecer a verdade."

Ressentido. Tuma, que chegou ao governo numa negociação política para que seu pai, o senador Romeu Tuma (PTB-SP), aderisse à base governista, não quis condenar diretamente o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, mas mostrou-se ressentido com o governo. "Foi uma grande injustiça para um governo democrático."

Gravações telefônicas e e-mails interceptados pela Polícia Federal durante investigação sobre contrabando ligaram Tuma Júnior ao principal alvo da operação, Li Kwok Kwen, como revelou o Estado em uma série de reportagens. A relação do ex-secretário com Kwen, conhecido como Paulo Li, foi mapeada ao longo dos seis meses da investigação que deu origem à Operação Wei Jin (trazer mercadoria proibida, em chinês), deflagrada em setembro de 2009.

A situação do ex-secretário ficou insustentável diante das provas levantadas pela PF. Seu destino foi selado numa reunião de Lula com Barreto, na sexta-feira. Mas Tuma Júnior resistia a pedir demissão, como sugerira o ministro. Considerava que isso significaria admissão de culpa. Ontem, Barreto perdeu a paciência e o demitiu por ato administrativo, sem apelação.

Tuma, que ainda tinha esperança de reverter o quadro, ficou desconsolado ao tomar conhecimento da demissão pela imprensa. "Não pedi demissão nem pretendia fazê-lo", disse, emocionado.

"Na hora em que o secretário de Justiça se curvar a uma injustiça monstruosa dessas, presta um desserviço à população", explicou. "Minha obrigação é proteger a sociedade, pois se acontece isso comigo, imagine com o Zé da Silva."

"ESTADO" REVELOU CASO EM MAIO

5/5/2010
Tuma Jr. suspeito de ligação com Paulo Li

6/5/2010
Secretário nega envolvimento com chinês, mas não se explica

9/5/2010
Escuta mostra secretário tentando relaxar apreensão de dólares
11/5/2010
Tuma Jr. é afastado por 30 dias
ONTEM
Ministro da Justiça exonera secretário do cargo