10 de julho de 2008

ALGUMAS INFORMAÇÕES PARA ENTENDER A HISTÓRIA DO BANQUEIRO DANIEL DANTAS

Figura polêmica do processo de privatização das empresas de telefonia do país, Dantas vendeu no fim de abril por cerca de 1,4 bilhão de reais as suas participações na Brasil Telecom e na Oi, que visam se unir para formar a maior companhia de telecomunicações do Brasil.O dono do Opportunity é suspeito de ter contribuído para o esquema de financiamento ilegal do PT, uma vez que empresas das quais foi acionista --a Telemig e a Amazônia Celular-- fizeram depósitos em contas do empresário Marcos Valério, acusado de ter sido intermediário do suposto esquema do mensalão, em que parlamentares teriam recebido dinheiro para dar apoio político ao governo no Congresso.
Investigação
O Ministério Público Federal acusa o grupo do banqueiro Daniel Dantas de ter movimentado, entre 1992 e 2004, quase US$ 2 bilhões por meio do Opportunity Fund, uma offshore no paraíso fiscal das Ilhas Cayman, no Caribe. Dantas foi preso no Rio, juntamente com sua mulher --tida como "laranja" do marido--, a irmã dele e o cunhado.
Também foram apreendidos documentos, computadores, veículos e dinheiro em espécie que ainda está sendo contabilizado. Somente em um local foram apreendidos cerca de R$ 1,1 milhão.
"Essa organização criminosa tinha como seu líder o Daniel Dantas", disse Protógenes Queiroz, delegado da Polícia Federal responsável pelas investigações. "Nós nos deparamos, primeiramente com um grupo de pessoas e depois com uma organização criminosa muito bem estruturada", reiterou.
Na apuração foram identificadas pessoas e empresas supostamente beneficiadas no esquema montado pelo empresário Marcos Valério para intermediar e desviar recursos públicos. Com base nas informações e em documentos colhidos em outras investigações da Polícia Federal, os policiais apuraram a existência de uma organização criminosa, supostamente comandada por Daniel Dantas, envolvida com a prática de diversos crimes.
O grupo utilizava empresas de fachada para a prática dos delitos. As investigações descobriram que havia uma segunda organização, formada por empresários e doleiros que supostamente atuavam no mercado financeiro para lavagem de dinheiro. O segundo grupo seria comandado pelo investidor Naji Nahas.
Além de fraudes no mercado de capitais, baseadas principalmente no recebimento de informações privilegiadas, a organização teria atuado no mercado paralelo de moedas estrangeiras. Há indícios inclusive do recebimento de informações privilegiadas sobre a taxa de juros do Federal Reserve (Fed, o BC americano). Os presos na operação devem ser indiciados sob as acusações de lavagem de dinheiro, corrupção, evasão de divisas, sonegação fiscal e formação de quadrilha.
O advogado de Dantas, Nélio Machado, afirmou que a operação é resultado de uma "perseguição implacável" de representantes do setor público a seu cliente. Machado acusa representantes do setor público de perseguirem seu cliente. Ele disse acreditar que a operação da PF é decorrência da briga societária envolvendo Brasil Telecom e a Telecom Itália.
Dantas fundou o grupo Opportunity em 1993. O banqueiro ganhou notoriedade ao se associar com o Citigroup, para se tornarem sócios do consórcio que venceu a concessão de telefonia que criou a Brasil Telecom. Depois iniciaram uma disputa societária que só terminou com a venda da empresa para a Oi (ex-Telemar) no início deste ano. Durante essa disputa foi acusado, entre outras coisas, de espionagem.
Ele aproximou-se da política no governo Fernando Collor de Mello. Depois se tornou economista do PFL. Ganhou fama, entretanto, na época das privatizações da telefonia, em 1998, durante o governo Fernando Henrique Cardoso. Desde 2002 tentou se aproximar do governo Lula. Conseguiu ligar-se ao ex-ministro José Dirceu, e contava com o apoio do ex deputado Luiz Eduardo Greenhalg. Sofria resistência do ministro Gusiken, com quem tem conflitos em virtude da ligação do ex ministro com os fundos previdenciários.

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