Direitos humanos causa divergências na vista de Lula no Irã
República Islâmica é acusada de reprimir homossexuais, mulheres e minorias religiosas
Um dos pontos que mais atraem críticas da comunidade internacional ao Irã, a situação dos direitos humanos, fará parte das questões delicadas para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva em sua visita ao país da Ásia Central que começa neste sábado (15).
Após a reeleição do presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, o país viveu uma onda de protestos que gerou respostas repressoras do governo. Tal ação se traduziu em prisões, execuções e penas que incluem a perpétua.
O maior símbolo da repressão do regime foi a estudante Neda Agha Soltan, morta durante uma manifestação em junho de 2009.
A diplomacia brasileira fugiu do possível confronto com o regime iraniano ao adotar uma estratégia que critica a questão de direitos humanos no país, mas não foca nos manifestantes que questionaram Ahmadinejad. Em fevereiro, o Brasil cobrou o Irã sobre o tratamento dado a presos do grupo Baha’i, um ramo do islamismo. O tema esteve na agenda do ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, em sua visita ao Irã no último mês e é o que o Brasil mais trabalha.
Lula, no entanto, é cobrado no exterior e no Brasil para tratar de outras questões ligadas aos direitos humanos. O Irã, um dos países que mais aplicou a pena de morte em 2009, também é criticado pelo tratamento dispensado a homossexuais, mulheres e outra minorias religiosas.
No Brasil, a rejeição a declarações de Ahmadinejad - como a que realizou em Nova York, em 2007, dizendo que não há homossexuais no Irã - e ao próprio tratamento dado aos Baha’í são alguns dos temas mais comentados.
Ainda assim, a repressão aos protestos contra o governo também gera cobranças. A Câmara dos Deputados aprovou recentemente um requerimento pedindo que Lula se reúna com membros da oposição. O presidente, alegando falta de tempo na agenda, já avisou que não vai receber os opositores.
EUA acusam Irã de não respeitar pedido de conselho da ONU
Na última quinta-feira (13), um grupo de 200 organizações de defesa dos direitos civis realizou uma manifestação na Assembleia Legislativa de São Paulo para pedir interferência do governo brasileiro no combate às violações no Irã. Entre as organizações que exigem um posicionamento mais rígido de Lula está a Frente pela Liberdade no Irã, que entregou uma carta ao ministro dos Direitos Humanos, Paulo Vannuchi. No documento, o grupo pediu ao presidente que negocie com as autoridades iranianas a libertação dos sete líderes Bahá'í presos há três anos em Teerã há dois anos e ainda sem data prevista de julgamento.
O governo dos EUA também bate nesta tecla. Justamente às vésperas da visita de Lula, o Departamento de Estado americano divulgou uma nota sobre a situação de um grupo religioso no Irã. Os americanos acusam os iranianos de sequer permitir aos presos acesso a seus advogados.
Em fevereiro, durante reunião no Conselho de Direitos Humanos da ONU (Organização das Nações Unidas), a diplomata brasileira pediu ao representante iraniano providências em relação a essa minoria religiosa. O Departamento de Estado relembrou o encontro em sua nota e acusou o Irã de não cumprir a determinação do conselho de respeitar a diversidade étnica e religiosa em seu país.
Surgida na Pérsia no século 18, a Fé Baha'í é independente do islamismo. Conta atualmente com 7 milhões de seguidores no mundo, sendo 57 mil no Brasil e 350 mil no Irã. Flavio Rassekh, representante da comunidade no Brasil, pediu que Lula não limite sua visita a temas comerciais.
- Queremos que Lula aborde a questão dos direitos humanos, e não apenas temas comerciais na visita.
Ativistas criam o "LulaLaNao.com"
Entre as manifestações contrárias à visita de Lula ao Irã está a de um grupo de defesa dos direitos dos homossexuais que criou o site LulaLaNao.com., que diz que o país de Mahmoud Ahmadinejad enforca gays e persegue minorias.
"No Irã, diariamente direitos humanos básicos são violados. Mulheres, judeus e homossexuais são caçados, torturados e mortos simplesmente pelo fato de existirem", informa o site do grupo.
Esta não é a primeira vez que Lula é criticado por seu silêncio em questões relacionadas aos direitos humanos. Durante visita à ilha de Cuba, em fevereiro, o presidente do Brasil se calou sobre a detenção de dissidentes políticos e a morte de Orlando Zapata Tamayo, que não resistiu a uma greve de fome de 85 dias.
Para Marcelo Oliveira, professor de Relações Internacionais da Unesp, a postura de Lula prejudica a imagem do Brasil no Exterior.
- O legado pacifista da diplomacia brasileira é ofuscado por esse silêncio do presidente Lula.
De acordo com a organização americana Human Rights Watch, "o respeito aos direitos humanos básicos no Irã, especialmente a liberdade de expressão e de reunião, se deterioraram" desde que Ahmadinejad chegou à Presidência, em 2005.
A organização diz que o Irã, governado com mãos de ferro pelos aiatolás xiitas desde a Revolução Islâmica de 1979, experimentava nos últimos anos um alívio na repressão aos costumes considerados ilegais (como ingerir bebidas alcoólicas), mas que tais avanços foram perdidos com a eleição de Ahmadinejad.
Após a reeleição do presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, o país viveu uma onda de protestos que gerou respostas repressoras do governo. Tal ação se traduziu em prisões, execuções e penas que incluem a perpétua.
O maior símbolo da repressão do regime foi a estudante Neda Agha Soltan, morta durante uma manifestação em junho de 2009.
A diplomacia brasileira fugiu do possível confronto com o regime iraniano ao adotar uma estratégia que critica a questão de direitos humanos no país, mas não foca nos manifestantes que questionaram Ahmadinejad. Em fevereiro, o Brasil cobrou o Irã sobre o tratamento dado a presos do grupo Baha’i, um ramo do islamismo. O tema esteve na agenda do ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, em sua visita ao Irã no último mês e é o que o Brasil mais trabalha.
Lula, no entanto, é cobrado no exterior e no Brasil para tratar de outras questões ligadas aos direitos humanos. O Irã, um dos países que mais aplicou a pena de morte em 2009, também é criticado pelo tratamento dispensado a homossexuais, mulheres e outra minorias religiosas.
No Brasil, a rejeição a declarações de Ahmadinejad - como a que realizou em Nova York, em 2007, dizendo que não há homossexuais no Irã - e ao próprio tratamento dado aos Baha’í são alguns dos temas mais comentados.
Ainda assim, a repressão aos protestos contra o governo também gera cobranças. A Câmara dos Deputados aprovou recentemente um requerimento pedindo que Lula se reúna com membros da oposição. O presidente, alegando falta de tempo na agenda, já avisou que não vai receber os opositores.
EUA acusam Irã de não respeitar pedido de conselho da ONU
Na última quinta-feira (13), um grupo de 200 organizações de defesa dos direitos civis realizou uma manifestação na Assembleia Legislativa de São Paulo para pedir interferência do governo brasileiro no combate às violações no Irã. Entre as organizações que exigem um posicionamento mais rígido de Lula está a Frente pela Liberdade no Irã, que entregou uma carta ao ministro dos Direitos Humanos, Paulo Vannuchi. No documento, o grupo pediu ao presidente que negocie com as autoridades iranianas a libertação dos sete líderes Bahá'í presos há três anos em Teerã há dois anos e ainda sem data prevista de julgamento.
O governo dos EUA também bate nesta tecla. Justamente às vésperas da visita de Lula, o Departamento de Estado americano divulgou uma nota sobre a situação de um grupo religioso no Irã. Os americanos acusam os iranianos de sequer permitir aos presos acesso a seus advogados.
Em fevereiro, durante reunião no Conselho de Direitos Humanos da ONU (Organização das Nações Unidas), a diplomata brasileira pediu ao representante iraniano providências em relação a essa minoria religiosa. O Departamento de Estado relembrou o encontro em sua nota e acusou o Irã de não cumprir a determinação do conselho de respeitar a diversidade étnica e religiosa em seu país.
Surgida na Pérsia no século 18, a Fé Baha'í é independente do islamismo. Conta atualmente com 7 milhões de seguidores no mundo, sendo 57 mil no Brasil e 350 mil no Irã. Flavio Rassekh, representante da comunidade no Brasil, pediu que Lula não limite sua visita a temas comerciais.
- Queremos que Lula aborde a questão dos direitos humanos, e não apenas temas comerciais na visita.
Ativistas criam o "LulaLaNao.com"
Entre as manifestações contrárias à visita de Lula ao Irã está a de um grupo de defesa dos direitos dos homossexuais que criou o site LulaLaNao.com., que diz que o país de Mahmoud Ahmadinejad enforca gays e persegue minorias.
"No Irã, diariamente direitos humanos básicos são violados. Mulheres, judeus e homossexuais são caçados, torturados e mortos simplesmente pelo fato de existirem", informa o site do grupo.
Esta não é a primeira vez que Lula é criticado por seu silêncio em questões relacionadas aos direitos humanos. Durante visita à ilha de Cuba, em fevereiro, o presidente do Brasil se calou sobre a detenção de dissidentes políticos e a morte de Orlando Zapata Tamayo, que não resistiu a uma greve de fome de 85 dias.
Para Marcelo Oliveira, professor de Relações Internacionais da Unesp, a postura de Lula prejudica a imagem do Brasil no Exterior.
- O legado pacifista da diplomacia brasileira é ofuscado por esse silêncio do presidente Lula.
De acordo com a organização americana Human Rights Watch, "o respeito aos direitos humanos básicos no Irã, especialmente a liberdade de expressão e de reunião, se deterioraram" desde que Ahmadinejad chegou à Presidência, em 2005.
A organização diz que o Irã, governado com mãos de ferro pelos aiatolás xiitas desde a Revolução Islâmica de 1979, experimentava nos últimos anos um alívio na repressão aos costumes considerados ilegais (como ingerir bebidas alcoólicas), mas que tais avanços foram perdidos com a eleição de Ahmadinejad.


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