29 de maio de 2010

TRÁFICO: LULA EM DEFESA DE EVO MORALES




DEU NO JORNAL DO BRASIL

Junto a Evo Morales, Lula ironiza Serra

Flávia Salme

RIO - Alvo de críticas do pré-candidato a Presidência José Serra (PSDB), o presidente da Bolívia, Evo Morales, foi afagado sexta-feira por Lula. Na quarta-feira, Serra acusou Morales de ser cúmplice e fazer “corpo mole” na repressão ao tráfico de cocaína que sai do país andino para o Brasil. Sexta-feira, durante o 3º Fórum Mundial da Aliança das Civilizações, no Rio de Janeiro, Lula cumprimentou Evo com entusiasmo. Ao convidá-lo a posar para os fotógrafos, disparou:

– Vamos fazer inveja no Serra.

Morales sorriu, mas não comentou a declaração do ex-governador de São Paulo. Minutos antes da foto, o presidente boliviano cancelou a entrevista que daria a jornalistas. Arriscou-se apenas a dar um palpite sobre a Copa do Mundo:

– O Brasil será campeão.

A diplomacia boliviana, porém, reagiu. Em nota, o Ministério das Relações Exteriores da Bolívia disse sexta-feira que as declarações de Serra sobre o tráfico de drogas no país são “irresponsáveis” e “político-eleitorais”. No documento, a equipe da chancelaria de Evo assegurou que o governo de La Paz “ratifica o compromisso assumido de luta contra o tráfico ilícito de drogas”.

Sem conversa

Apesar do manifesto, Serra insistiu nas críticas e desdenhou das declarações diplomáticas da Bolívia.

– Não valem uma nota de três reais – disse, no Recife, onde cumpriu agenda política.
Durante o lançamento da pré-candidatura de Jarbas Vasconcelos (PMDB) ao governo de Pernambuco, Serra voltou a subir o tom das críticas contra a atuação dos presidentes da Bolívia e do Brasil. Antes, em entrevista a uma emissora de rádio local, disse que governo federal precisa de empenho para resolver a questão e prometeu, se eleito, pressionar o governo da Bolívia para tomar providências.

– Quero que o governo federal se envolva diretamente nessa luta para defender as famílias, o direito à vida, o futuro dos nossos jovens. Droga vem do exterior, das fronteiras. O Brasil não produz cocaína, nem a industrializa. A cocaína vem da Bolívia. Então, temos que conversar com o governo boliviano, para que não deixe a cocaína sair.

Propaganda eleitoral

Serra também falou sobre a repercussão do programa político do DEM exibido na noite de quinta-feira em cadeia nacional de rádio e televisão, no qual o pré-candidato tucano foi o personagem principal. O conteúdo levou o PT a acusar os democratas de infringirem a legislação, que impediria a utilização de integrante de um partido no programa eleitoral de outro. Segundo Serra, a responsabilidade, no caso do ocorrido na quinta-feira, é do próprio DEM, que exibiu imagens e discursos de Serra gravados durante uma reunião pluripartidária.

– Não gravei diretamente para o programa. Pegaram trechos e puseram no programa deles – concluiu o tucano.

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