27 de maio de 2010

SENADO GASTA MAL E EM DOBRO


SENADO GASTA DUAS VEZES COM FGV

Autor(es): Vasconcelo Quadros, Paulo Marcio Vaz, Jornal do Brasil

Jornal do Brasil - 27/05/2010



O plano de reforma administrativa encomendado pelo Senado à Fundação Getulio Vargas nem foi implementado e já será refeito, conforme adiantou o Informe JB na semana passada. O projeto custou à Casa R$ 250 mil e foi produzido na esteira do escândalo dos atos secretos da Mesa Diretora. Agora, a comissão que estuda a reformulação propõe que a mesma FGV faça o projeto novamente. Consultada, a instituição cobrou outros R$ 250 mil, valor considerado pelo Senado como


Confirmando o que foi antecipado pelo Informe JB no dia 19, o Senado anunciou quarta-feira a contratação da Fundação Getúlio Vargas (FGV) para fazer, novamente, uma proposta de reestruturação na Casa. Na primeira vez, o trabalho foi realizado por R$ 250 mil, valor idêntico ao que será gasto agora. A primeira reforma proposta pela Fundação sequer foi posta em prática.

O pedido para a recontratação da FGV foi feito pela comissão que estuda a reformulação do funcionamento do Senado. Para o relator, Tasso Jereissati (PSDB-CE), a necessidade de um novo estudo seria justificada pelo fato de a primeira proposta ser considerada superficial. Tasso também disse que a recontratar a FGV sairá mais barato que buscar outros especialistas na área.

Segundo o Informe JB, a fundação teria pedido R$ 1 milhão para um relatório aprofundado apontando alterações funcionais e implantação de plano de carreira. Os senadores não aceitaram. Tasso confirma:

Eles até pediram mais, mas não aceitamos. Até o presidente Sarney negociou e conseguimos este preço simbólico.

Para o cientista político do Instituto Universitário de Pesquisa do Rio de Janeiro (Iuperj) Fabiano Santos, não haveria a necessidade de o Senado recontratar a FGV, levando em conta as circunstâncias atuais da Casa, já que a primeira contratação se deu num contexto de crise. Mas agora, segundo Fabiano, as mudanças poderiam ser feitas internamente, sem interferência externa.

Não estou questionando a capacidade da FGV diz Fabiano. Mas os problemas que o Senado enfrenta hoje podem ser resolvidos, por exemplo, com uma mudança no regimento, que pode ser debatido entre os próprios senadores.

O senador Cristovam Buarque (PDT-DF) compartilha da opinião de Fabiano Santos:

Creio que o Senado poderia, ele próprio, fazer esse trabalho, usando um grupo de senadores e os consultores da Casa analisa. Gastaria menos dinheiro. Temos um quadro imenso e competente, que conhece a Casa. Não precisa contratar fora. Esse trabalho, de qualquer forma, tem de passar pelos senadores.

Cristovam considera a recontratação da FGV um novo gasto desnecessário.

Quando se compara com os gastos públicos, a nova contratação representa prejuízo para a Casa diz o senador. É tudo muito esquisito. O termo de referência foi feito errado, incompleto ou surgiram novas necessidades. Qualquer uma dessas alternativas é ruim. A FGV agora não deveria cobrar nada.



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