Serra e Marina fazem dupla; Dilma mostra nervosismo
BRASÍLIA – A pré-candidata Dilma Rousseff (PT) apareceu em desvantagem no primeiro debate público entre os candidatos. Seus adversários José Serra (PSDB) e Marina Silva (PV) demonstraram experiência adquirida em disputas eleitorais anteriores. Serra foi melhor nos quesitos segurança, bom humor e conteúdo. Dilma revelou nervosismo e falta de objetividade. Marina, falou de propostas concretas, mostrou segurança e bom humor.
Mediado pelo jornalista Fernando Mitre, da Rede Bandeirantes, o evento aconteceu no 27º Congresso Mineiro de Municípios, no auditório da Associação Mineira de Municípios em Belo Horizonte, e teve como tema principal a questão dos municípios.
Em muitos momentos ficou a impressão que Serra e Marina fizeram uma dobradinha, isolando a petista. Logo na apresentação, Dilma foi sorteada para fazer primeiro sua exposição, que ela leu. Nervosa, gaguejou e abusou de números e termos como "condicionalidades". Levou a primeira vaia e ficou desconcertada.
A segunda a falar foi Marina. Mais tranquila, saudou os dois adversários, lembrou a emenda 29, que deu mais recursos para a Saúde quando Serra foi ministro, e foi aplaudida. Sorteado para falar por último, o tucano estava bem à vontade: rindo muito, saudou prefeitos e aliados de Dilma na plateia pelo nome, inclusive petistas e o senador Hélio Costa (PMDB). Fez questão de elogiar as adversárias. Disse que Dilma e Marina são mulheres de muito valor. Serra surpreendeu Dilma ao dizer que o debate não deveria ser transformado em um Fla-Flu.
- Eu estou de acordo com a Dilma quando ela fala que o debate (sobre a valorização dos municípios) não pode ser um Fla-Flu, um Palmeiras-Corinthians ou um Atlético-Cruzeiro - disse Serra, lembrando que ela havia se declarado atleticana. Vaia dos cruzeirenses presentes para ela, que tentou se explicar. Porém, longe do microfone, pouco se entendeu de sua queixa.
Serra, que já na abertura atraiu a simpatia da platéia ao lembrar que ele próprio foi prefeito de São Paulo após perder duas disputas pelo cargo, ganhou aplausos quando repetiu uma máxima de Ulysses Guimarães: "A população não vive na União, não vive nos estados, vive nos municípios". Serra citou a frase: "A vida pública só podia ser completa se fosse prefeito alguma vez, porque é ele que está cara a cara com a população."
Marina ressalta discurso ético
Marina fez questão de ressaltar o discurso ético e criticou o fato de os últimos governos terem ficado reféns do que "há de pior" no DEM e no PMDB. Dilma não comentou. Mas Serra aproveitou a deixa e disse que, se eleito, governaria em parceria com o PT e o PV. Nesse momento, desatenta à filmagem com transmissão ao vivo, Dilma ficou olhando e rindo de braços cruzados.
Dilma, que também tem sofrido de rouquidão em eventos pré-eleitorais, não entrou na brincadeira.
O debate chegou a ser interrompido por um ex-prefeito, que gritava no plenário. O jornalista Roberto Mitre, mediador teve de pedir calma. Serra aproveitou para fazer outro gracejo quando Mitre anunciava que o tempo de resposta iria se esgotar, com avisos de "falta 45 segundos".
- 45? O que é isso? Se você ficar repetindo isso, daqui a pouco isso vai virar debate na Justiça eleitoral - brincou Serra, numa referência indireta ao pedido do PT para suspensão do jingle dos 45 anos da TV Globo.
Depois da cutucada no PT, Mitre passou a avisar que faltavam "30 segundos".
Na finalização, Marina aproveitou para alfinetar Dilma, que falara antes na distribuição republicana dos recursos federais. Marina Silva, disse que a questão política continua a pesar nas finanças das prefeituras. Ela disse que apesar da ex-ministra ter falado de "relação republicana" do governo Lula com prefeitos, "boa parte dos recursos ainda não são repassados sem mediação política".Lembrou que o ex-ministro da Integração Nacional, Geddel Vieira Lima (PMDB), mandou quase todos os recursos para sua base na Bahia, deixando outros locais que sofreram com enchentes a mingua. Dilma não passou recibo.
. A platéia de prefeitos vaiou Dilma quando ela afirmou que o dizer o governo impediu que a crise econômica afetasse os municípios mineiros,
Já a pré-candidata do PV,
A senadora, que foi a mais aplaudida na primeira fala, defendeu a ideia de que o municipalismo é uma nova forma de gestão pública e pediu um novo pacto federativo. "Infelizmente muitos das atribuições continuam sendo um peso para as prefeituras." Ela defendeu a regulamentação da emenda 29, sendo aplaudida pelos prefeitos.
A pré-candidata voltou a lembrar a ideia do senador Pedro Simon (PMDB-RS) de uma constituinte para a reforma política.
Serra também lembrou uma série de pospostas que ele fez como deputado constituinte para aumentar a arrecadação das prefeituras. Ele criticou a queda do repasse do Fundo de Participação dos Municípios este ano, em relação ao ano passado.
Pagamento de royalties do petróleo também foi tema de discussão
Um dos principais temas debatidos no Congresso, a distribuição dos royalties do petróleo, também foi debatido pelos presidenciáveis.
José Serra: "Royalties tem que se estender a outros recursos naturais. Minas, por exemplo, é campeão na exportação de alguns minérios e arrecada pouco. Mas tem que ser ligado a investimento, isso é uma questão essencial.
Com relação ao petróleo, creio que eles devem beneficiar o Brasil no seu conjunto. Mas não podemos matar dois estados que recebem muitos royalties. No caso de Campos (RJ), o projeto interrompia R$ 1 bilhão em royalties. Vai fechar a cidade. Isso gera discórdia no País.
Tem que fazer um critério geral que tenha royalty especial por causa disso e participa de uma fatia do bolo em termos nacionais para que seja amplo o benefício. E isso vale para os minérios."
Dilma Rousseff: "Concordo com Serra no que se refere a royalties da mineração. É um absurdo o que se cobra, é uma questão de dívida com a nação. Eu considero que uma das coisas mais estratégicas que tem é a parceria e eu a aprendi fazendo, aprendi que todo mundo ganha, ganha o estado, ganha o município e a União.
Eu aprendi que nós chegamos a construir uma forma de gestão que considero exemplar no que se refere ao PAC. Os municípios foram protagonistas, não receberam projeto pronto e acabado da União, discutimos a existência de programas, no início ninguém tinha projetos. Hoje é um orgulho ver a qualidade que os prefeitos e as prefeitas apresentam. Eles têm horizonte de investimentos e então têm uma prateleirinha de projetos.
Transformamos em obrigatórias todas as transferências do PAC. Outra questão foi programa de capacitação das cidades. No que se refere ao PAC 2, aprendemos muito fazendo o PAC 1 com vocês. Aprendemos a importância que têm as aglomerações urbanas na resolução dos problemas do País."
Marina Silva: "Aqui no estado de Minas a gente tem uma isenção do ICMS para a mineração e isso não é justo, porque é o estado que tem a maior quantidade de mineração do País, e o estado de Minas acaba não se beneficiando dessa riqueza. Os recursos naturais são uma safra que só dá uma vez, então não pode ser apropriada por poucos. Que a gente possa discutir a questão do pagamento de royalties da mineração. Eles são baixíssimos e têm isenção do ICMS. Fica para a população zero vírgula nada.
BRASÍLIA – A pré-candidata Dilma Rousseff (PT) apareceu em desvantagem no primeiro debate público entre os candidatos. Seus adversários José Serra (PSDB) e Marina Silva (PV) demonstraram experiência adquirida em disputas eleitorais anteriores. Serra foi melhor nos quesitos segurança, bom humor e conteúdo. Dilma revelou nervosismo e falta de objetividade. Marina, falou de propostas concretas, mostrou segurança e bom humor.
Mediado pelo jornalista Fernando Mitre, da Rede Bandeirantes, o evento aconteceu no 27º Congresso Mineiro de Municípios, no auditório da Associação Mineira de Municípios em Belo Horizonte, e teve como tema principal a questão dos municípios.
Em muitos momentos ficou a impressão que Serra e Marina fizeram uma dobradinha, isolando a petista. Logo na apresentação, Dilma foi sorteada para fazer primeiro sua exposição, que ela leu. Nervosa, gaguejou e abusou de números e termos como "condicionalidades". Levou a primeira vaia e ficou desconcertada.
A segunda a falar foi Marina. Mais tranquila, saudou os dois adversários, lembrou a emenda 29, que deu mais recursos para a Saúde quando Serra foi ministro, e foi aplaudida. Sorteado para falar por último, o tucano estava bem à vontade: rindo muito, saudou prefeitos e aliados de Dilma na plateia pelo nome, inclusive petistas e o senador Hélio Costa (PMDB). Fez questão de elogiar as adversárias. Disse que Dilma e Marina são mulheres de muito valor. Serra surpreendeu Dilma ao dizer que o debate não deveria ser transformado em um Fla-Flu.
- Eu estou de acordo com a Dilma quando ela fala que o debate (sobre a valorização dos municípios) não pode ser um Fla-Flu, um Palmeiras-Corinthians ou um Atlético-Cruzeiro - disse Serra, lembrando que ela havia se declarado atleticana. Vaia dos cruzeirenses presentes para ela, que tentou se explicar. Porém, longe do microfone, pouco se entendeu de sua queixa.
Serra, que já na abertura atraiu a simpatia da platéia ao lembrar que ele próprio foi prefeito de São Paulo após perder duas disputas pelo cargo, ganhou aplausos quando repetiu uma máxima de Ulysses Guimarães: "A população não vive na União, não vive nos estados, vive nos municípios". Serra citou a frase: "A vida pública só podia ser completa se fosse prefeito alguma vez, porque é ele que está cara a cara com a população."
Marina ressalta discurso ético
Marina fez questão de ressaltar o discurso ético e criticou o fato de os últimos governos terem ficado reféns do que "há de pior" no DEM e no PMDB. Dilma não comentou. Mas Serra aproveitou a deixa e disse que, se eleito, governaria em parceria com o PT e o PV. Nesse momento, desatenta à filmagem com transmissão ao vivo, Dilma ficou olhando e rindo de braços cruzados.
Dilma, que também tem sofrido de rouquidão em eventos pré-eleitorais, não entrou na brincadeira.
O debate chegou a ser interrompido por um ex-prefeito, que gritava no plenário. O jornalista Roberto Mitre, mediador teve de pedir calma. Serra aproveitou para fazer outro gracejo quando Mitre anunciava que o tempo de resposta iria se esgotar, com avisos de "falta 45 segundos".
- 45? O que é isso? Se você ficar repetindo isso, daqui a pouco isso vai virar debate na Justiça eleitoral - brincou Serra, numa referência indireta ao pedido do PT para suspensão do jingle dos 45 anos da TV Globo.
Depois da cutucada no PT, Mitre passou a avisar que faltavam "30 segundos".
Na finalização, Marina aproveitou para alfinetar Dilma, que falara antes na distribuição republicana dos recursos federais. Marina Silva, disse que a questão política continua a pesar nas finanças das prefeituras. Ela disse que apesar da ex-ministra ter falado de "relação republicana" do governo Lula com prefeitos, "boa parte dos recursos ainda não são repassados sem mediação política".Lembrou que o ex-ministro da Integração Nacional, Geddel Vieira Lima (PMDB), mandou quase todos os recursos para sua base na Bahia, deixando outros locais que sofreram com enchentes a mingua. Dilma não passou recibo.
. A platéia de prefeitos vaiou Dilma quando ela afirmou que o dizer o governo impediu que a crise econômica afetasse os municípios mineiros,
Já a pré-candidata do PV,
A senadora, que foi a mais aplaudida na primeira fala, defendeu a ideia de que o municipalismo é uma nova forma de gestão pública e pediu um novo pacto federativo. "Infelizmente muitos das atribuições continuam sendo um peso para as prefeituras." Ela defendeu a regulamentação da emenda 29, sendo aplaudida pelos prefeitos.
A pré-candidata voltou a lembrar a ideia do senador Pedro Simon (PMDB-RS) de uma constituinte para a reforma política.
Serra também lembrou uma série de pospostas que ele fez como deputado constituinte para aumentar a arrecadação das prefeituras. Ele criticou a queda do repasse do Fundo de Participação dos Municípios este ano, em relação ao ano passado.
Pagamento de royalties do petróleo também foi tema de discussão
Um dos principais temas debatidos no Congresso, a distribuição dos royalties do petróleo, também foi debatido pelos presidenciáveis.
José Serra: "Royalties tem que se estender a outros recursos naturais. Minas, por exemplo, é campeão na exportação de alguns minérios e arrecada pouco. Mas tem que ser ligado a investimento, isso é uma questão essencial.
Com relação ao petróleo, creio que eles devem beneficiar o Brasil no seu conjunto. Mas não podemos matar dois estados que recebem muitos royalties. No caso de Campos (RJ), o projeto interrompia R$ 1 bilhão em royalties. Vai fechar a cidade. Isso gera discórdia no País.
Tem que fazer um critério geral que tenha royalty especial por causa disso e participa de uma fatia do bolo em termos nacionais para que seja amplo o benefício. E isso vale para os minérios."
Dilma Rousseff: "Concordo com Serra no que se refere a royalties da mineração. É um absurdo o que se cobra, é uma questão de dívida com a nação. Eu considero que uma das coisas mais estratégicas que tem é a parceria e eu a aprendi fazendo, aprendi que todo mundo ganha, ganha o estado, ganha o município e a União.
Eu aprendi que nós chegamos a construir uma forma de gestão que considero exemplar no que se refere ao PAC. Os municípios foram protagonistas, não receberam projeto pronto e acabado da União, discutimos a existência de programas, no início ninguém tinha projetos. Hoje é um orgulho ver a qualidade que os prefeitos e as prefeitas apresentam. Eles têm horizonte de investimentos e então têm uma prateleirinha de projetos.
Transformamos em obrigatórias todas as transferências do PAC. Outra questão foi programa de capacitação das cidades. No que se refere ao PAC 2, aprendemos muito fazendo o PAC 1 com vocês. Aprendemos a importância que têm as aglomerações urbanas na resolução dos problemas do País."
Marina Silva: "Aqui no estado de Minas a gente tem uma isenção do ICMS para a mineração e isso não é justo, porque é o estado que tem a maior quantidade de mineração do País, e o estado de Minas acaba não se beneficiando dessa riqueza. Os recursos naturais são uma safra que só dá uma vez, então não pode ser apropriada por poucos. Que a gente possa discutir a questão do pagamento de royalties da mineração. Eles são baixíssimos e têm isenção do ICMS. Fica para a população zero vírgula nada.


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