26 de maio de 2010

SERRA MUDA O TOM E FAAZ ATAQUES A LULA E A DILMA


Dilma promete reforma tributária; Marina cobra crescimento sustentável
Serra muda tom do discurso e parte para o ataque contra Lula e Dilma

O debate promovido pela CNI (Confederação Nacional da Indústria), com a participação dos pré-candidatos à Presidência da República,, Dilma Rousseff (PT), José Serra (PSDB) e Marina Silva (PV), apresentou pontos interessantes, revelando que é possível o exercício regular da divergência e a existência de vida intgeligente, ainda, na política brasileira.
A pré-candidata do PT à Presidência da República, Dilma Rousseff, prometeu fazer a reforma tributária se for eleita.
Depois de ouvir reclamações do diretor presidente do Grupo Gerdau, do André Gerdau Johannpeter, de que o Brasil tem a maior carga tributária do mundo e que a valorização do real reduz a competitividade dos produtos nacionais, Dilma tentou agradar os empresárisos e se comprometeu a fazer a reforma tributária, pois, segundo afirmou “a situação atual é “caótica.”
Dilma cometeu seu maior erro, exatamente na questão da reforma tributária, ao tentar agradar e parecer simpática. Ela não convenceu na abordagem da questão, e praticamente se limitou a culpar o congresso pela rejeição de uma proposta do governo Lula, proposta que, na sequência, José Serra demonstrou equivocada
Manteve a estratégia de comparar o governo Lula com o do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB), Dilma criticou os tucanos pela falta de planejamento do país quando estavam no poder
Ao falar sobre a taxa de juros, mais ataques ao PSDB: “Antes a taxa real de juros estava entre 15% e 20%. Hoje, está em 5%, 6%. Ainda é alta, sem dúvida, mas demonstra trajetória de queda sustentada”, avaliou.
Ai a pré-candidata também não convenceu. Defendeu a política monetária muito pouco a vontade, menos até que Serra nesse quesito, pois o que se conhece de sua posição e de ela sempre foi oposta a do presidente do BC, Henrique Meirelles, a quem sempre combateu dentro do governo.Respondeu à maioria das questões formuladas pelos empresários com o PAC, elegendo-o como a panaceia para todos os problemas. Não conseguiu rebater a afirmação de Serra que o projeto é apenas “uma lista de obras”.
Dilma se esquivou ainda ao responder ao empresário Paulo Simão, que criticou as indicações políticas nas agências reguladoras, tema que Serra vem insistido nos últimos 40 dias.
Segundo presidenciável a falar na sabatina da CNI (Confederação Nacional da Indústria), José Serra (PSDB) deixou de lado o estilo que vinha adotando até agora e partiu para criticas ácidas ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a sua principal adversária, Dilma Rousseff (PT).




Rclamou do formato do debate. Cobrou o “confronto” entre os pré-candidatos, inclusive a possibilidade de que os pré-candidatos fizessem perguntas uns para os outros.
“Eu teria preferido que os candidatos pudessem ter feito mínimo de debate. Estamos perdendo uma oportunidade de trocar, de pedir esclarecimentos, ter algum tipo de confronto. Desejo não um confronto político-eleitoral, mas legítimo, de ideias”, disse.Quando começou a falar das suas propostas, Serra subiu o tom dos ataques ao governo federal e insistiu em questionar afirmações feitas por Dilma antes.
Segundo o tucano, a indústria já está com R$ 7 bilhões de déficit. “E não me venham dizer que é porque a economia está crescendo muito”, disparou.
Ao reafirmar que o Brasil é “campeão” mundial de juros, Serra cutucou a pré-candidata do PT. "Não entendi a explicação da Dilma quando ela defende a política cambial e de juros. Entra governo, sai governo, continuamos com os maiores juros do mundo.” A postura de Serra era clara, agressiva.
Sobre a taxa de investimento governamental,o ex-governador de São Paulo a classificou como irrisória. “Somos o penúltimo país na taxa de investimento. Só perdemos para o Turcomenistão”, diz.
Para ele, “falta planejamento [da União], qualidade de gestão e capacidade para fazer sequenciamento dos investimentos segundo a ordem de prioridade."
Serra evitou prometer fazer a reforma tributária. Preferiu desqualificar Dilma novamente. "Não entendi o que a ministra Dilma disse a respeito de tributação. Na Constituição se consagrava a isenção de ICMS nas importações de manufaturados e qualquer coisa. A ex-ministra falou contra isso, mas estava no projeto que ela apoiava."
Cheio de dados e jogando números para a plateia, mesmo falando de improviso, o presidenciável do PSDB também ironizou a proposta de Dilma para reduzir o ICMS de exportações.
“Isso é para criar empregos na China, nos outros lugares. A empresa nacional paga o ICMS. A importação tem desconto do ICMS. Isso esvazia o emprego. Isso é do peru. É simplesmente não cobrar na importação."
Enquanto criticava a situação dos aeroportos no país e defender a concessão dos terminais à iniciativa privada, Serra novamente falou do loteamento de cargos nas estatais do governo federal.
"Meu Deus do céu. A Infraero está loteada. As agências que eu criei na saúde hoje estão dividas em partidos. Tudo está loteado."
Na primeira das três perguntas dos empresários, o presidenciável do PSDB foi cobrado pelo presidente da Fiat e da Anfavea, Cledorvino Belini, a comentar seu projeto para diminuir as dificuldades da indústria para exportar. O tucano preferiu manter o tom agressivo.

“Se a ex-ministra está preocupada com esse assunto [indústria] quando fala de estaleiros, deveria se preocupar com as indústrias já existentes. Tem desnacionalização. A indústria vai ficando cada vez mais montadora, se liquidando por causa do câmbio."

Ainda respondendo a Belini, Serra defendeu uma diminuição da autonomia do Banco Central, mais uma vez citando Dilma e tentando desqualificá-la.

“A ministra Dilma acha que o BC é a Santa Sé. Eu não acho. O BC tem de se integrar na política do governo. Não pode haver um governo no qual o ministro da Fazenda discorda do presidente do BC. Comigo isso jamais aconteceria”, falou, em referência às divergências entre o ministro da Fazenda, Guido Mantega, e o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles.

Ao dizer que não gosta de prometer, “anunciou” que vai eliminar impostos do saneamento. “Eu anuncio que se eu vier a ser presidente, como eu espero, no dia 2 de janeiro tem um projeto eliminando o PIS/Cofins do saneamento”.

Em suas considerações finais, o tucano fez um auto-elogio ao falar sobre o crescimento do ensino técnico em São Paulo na sua gestão.

"Em 2003, São Paulo e governo federal tinham o mesmo número de alunos. Hoje temos 30% a mais que o governo federal apenas no Estado."

Ele também defendeu as privatizações das estradas paulistas e disse que o modelo de concessão do governo federal, que cobra pedágios mais baratos dos usuários das rodovias, não deu certo.

Serra afirmou ainda que não há motivos para o mercado temê-lo. "Eu,
sozinho, abalar mercados? Não há razão nenhuma para isso. Eu ajudei a erguer a mesa da economia do Brasil. Nunca vou ajudar a derrubá-la."
À vontade, favorecido pelo sorteio que o permitiu subir à tribuna depois de Dilma, ele revelou como será a sua performance na campanha depois da Copa, pródigo em críticas ao governo e à exposição de sua antecessora na tribuna .

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