Ana Dubeux
O ministro da Saúde, José Gomes Temporão, não perde uma chance de ficar calado. Ainda bem. De opiniões firmes, ele atiça polêmicas quando fala de aborto, por exemplo — por encará-lo como caso de saúde pública, sem viés ideológico ou religioso. Na última semana, ele surpreendeu ao recomendar sexo cinco dias por semana como preventivo eficaz contra hipertensão, o que repercutiu nos meios de comunicação. Mais precisamente aqui no Correio, decidimos transformar a receita do ministro em manchete do jornal. Não foram propriamente uma surpresa as reações: dos elogios às críticas mais ferozes.
Como gosto da reflexão, gostaria de comentar. Alguns argumentos, plenamente justificáveis, vêm com a boa provocação jornalística: “Não teria nada mais importante para ter o maior destaque do jornal?” Sim, provavelmente, se folhearmos as páginas repletas de assuntos palpitantes na política, na economia, na cidade, no planeta, enfim... Os juros, a violência urbana, a agenda dos candidatos são temas reincidentes e relevantes sim, assim como outros. Eu mesmo assumo a prévia resistência em deixar tudo isso em plano secundário na primeira página para ceder à tentação de estampar tão peculiar recomendação médica. Mas e daí? Por que o sexo não pode ser alçado ao grau de importância que de fato tem na vida do cidadão, das pessoas, do casamento, da sobrevivência da espécie e tudo mais?
Existem pesquisas científicas e estudos mundo afora que elevam o sexo a um patamar importantíssimo para a saúde física e mental. É ótimo para combater o estresse, a hipertensão, como diz o ministro, e outros problemas orgânicos. Não é à toa que existe uma corrida em busca do orgasmo perfeito e uma indústria milionária, que inclui de medicamentos — olha o Viagra aí — aos brinquedos eróticos para aplacar as disfunções sexuais.
Admitir isso, falar sobre isso e publicar isso em letras garrafais não é vergonhoso, é necessário. Pode até ser em certo tom de brincadeira, como se fosse uma piada de bom gosto, ou pode ser em tom solene, com números, gráficos e termos médicos. Se ainda ofende e envergonha falar ou ler sobre sexo é mais um motivo para se tratar do assunto com destaque. É claro que a salutar discussão sobre o valor da notícia propriamente dita tem que continuar existindo e as críticas são bem-vindas, só não podemos descambar para argumentos preconceituosos. E se percebemos que, em pleno terceiro milênio, esse ainda é um tema tabu para a opinião pública, falar de sexo passa a ser tão importante como fazer
O ministro da Saúde, José Gomes Temporão, não perde uma chance de ficar calado. Ainda bem. De opiniões firmes, ele atiça polêmicas quando fala de aborto, por exemplo — por encará-lo como caso de saúde pública, sem viés ideológico ou religioso. Na última semana, ele surpreendeu ao recomendar sexo cinco dias por semana como preventivo eficaz contra hipertensão, o que repercutiu nos meios de comunicação. Mais precisamente aqui no Correio, decidimos transformar a receita do ministro em manchete do jornal. Não foram propriamente uma surpresa as reações: dos elogios às críticas mais ferozes.
Como gosto da reflexão, gostaria de comentar. Alguns argumentos, plenamente justificáveis, vêm com a boa provocação jornalística: “Não teria nada mais importante para ter o maior destaque do jornal?” Sim, provavelmente, se folhearmos as páginas repletas de assuntos palpitantes na política, na economia, na cidade, no planeta, enfim... Os juros, a violência urbana, a agenda dos candidatos são temas reincidentes e relevantes sim, assim como outros. Eu mesmo assumo a prévia resistência em deixar tudo isso em plano secundário na primeira página para ceder à tentação de estampar tão peculiar recomendação médica. Mas e daí? Por que o sexo não pode ser alçado ao grau de importância que de fato tem na vida do cidadão, das pessoas, do casamento, da sobrevivência da espécie e tudo mais?
Existem pesquisas científicas e estudos mundo afora que elevam o sexo a um patamar importantíssimo para a saúde física e mental. É ótimo para combater o estresse, a hipertensão, como diz o ministro, e outros problemas orgânicos. Não é à toa que existe uma corrida em busca do orgasmo perfeito e uma indústria milionária, que inclui de medicamentos — olha o Viagra aí — aos brinquedos eróticos para aplacar as disfunções sexuais.
Admitir isso, falar sobre isso e publicar isso em letras garrafais não é vergonhoso, é necessário. Pode até ser em certo tom de brincadeira, como se fosse uma piada de bom gosto, ou pode ser em tom solene, com números, gráficos e termos médicos. Se ainda ofende e envergonha falar ou ler sobre sexo é mais um motivo para se tratar do assunto com destaque. É claro que a salutar discussão sobre o valor da notícia propriamente dita tem que continuar existindo e as críticas são bem-vindas, só não podemos descambar para argumentos preconceituosos. E se percebemos que, em pleno terceiro milênio, esse ainda é um tema tabu para a opinião pública, falar de sexo passa a ser tão importante como fazer


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