Autor(es): Christiane Samarco - O Estado de S.Paulo BRASÍLIA
O Estado de S. Paulo - 10/05/2010
O PMDB não quer o presidente Luiz Inácio Lula da Silva de cabo eleitoral de adversários petistas nas eleições estaduais. É este temor que está por trás do adiamento da festa para anunciar a chapa presidencial de Dilma Rousseff (PT), com o PMDB do deputado Michel Temer na vice.
Dilma até preparou jantar de homenagem ao vice na terça, mas em vez da confirmação da data de 15 de maio para comemorar a parceria , o encontro produziu o que um dirigente peemedebista batizou de "aliança da desconfiança". A tradução da falta de confiança entre os aliados é o adiamento duplo das convenções que o PMDB nacional e o PT mineiro fariam para celebrar acordos.
A cúpula petista adiou para junho a definição da chapa ao governo de Minas, que Hélio Costa insiste em encabeçar na condição de líder nas pesquisas para governador. Vencedor das prévias mineira, o ex-prefeito Pimentel foi a Brasília quarta-feira para dizer que abriria mão da candidatura em favor do PMDB do Costa. Mas não fez o anúncio.
Peemedebistas cobram "rédeas" nos petistas. O argumento é de que não podem colocar Temer como vice de Dilma e ver candidatos do PMDB nos Estados massacrados pela popularidade do presidente Lula, subindo nos palanques dos petistas.
Temer avisou Dilma, durante o jantar, que o PMDB só faria o encontro nacional para aclamá-lo candidato a vice dia 12 de junho, véspera da convenção do PT.
O presidente do PMDB precisa ter argumentos políticos para fechar o apoio de regionais mais rebeldes que vivem se engalfinhando com petistas. É o caso da regional gaúcha, em que o PT do ex-ministro Tarso Genro vai enfrentar o PMDB do ex-prefeito de Porto Alegre José Fogaça. A situação é semelhante na Bahia, onde o deputado Geddel Vieira Lima vai disputar com o atual governador Jaques Wagner (PT).
Para peemedebistas, o presidente do partido é peça-chave nos acertos, mas terá mais força antes de "entregar a mercadoria".
Há regionais em que não há mais espaço para acerto. Exemplo típico é o Mato Grosso do Sul, onde o ex-governador José Orcírio Miranda dos Santos, o Zeca do PT, não arreda pé da candidatura contra o governador André Puccinelli (PMDB), que disputará a reeleição. Mas até nestes casos, Temer tem de fazer costuras políticas para sair fortalecido da convenção nacional que o aclamará vice. Não pode prescindir de apoio dos convencionais se quiser ter força na aliança e em um eventual governo Dilma.
"O nosso projeto não é presidencialista; é vice-presidencialista", diz o deputado Colbert Martins (PMDB-BA). Um vice "desmoralizado" e sem força pelas derrotas dos companheiros nos Estados não terá serventia ao PMDB no futuro governo.
Aliados em conflito
Bahia. O ex-ministro Geddel Vieira, que vai disputar o governo com Jaques Wagner (PT), é lanterninha nas pesquisas, mas fechou coligação de 11 partidos e avalia que será competitivo se Lula não desequilibrar a disputa fazendo campanha para o petista
Pará. Bem posicionado nas pesquisas para governador, Jader Barbalho deve ser lançado pelo PMDB e quer garantia de neutralidade de Lula na disputa com a governadora Ana Júlia (PT)
Ceará. Disputa partidária ameaça o palanque de Dilma: deputado Eunício Oliveira (PMDB) não quer Lula de cabo eleitoral do deputado José Pimentel (PT) na disputa por cadeira do Senado


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