O ex-ministro Delfim Netto elogiou e considerou positivas as mudanças anunciadas ontem pelo governo para a caderneta de poupança. Delfim disse que foi uma boa solução, tanto do ponto de vista econômico como do político.
- Foi uma solução engenhosa, acomoda todos os interesses."Apesar de ter apoiado a medida, Delfim reconhece que o melhor teria sido a adoção de uma solução definitiva para o problema. Ou seja, a de baixar os juros da poupança."Não pode existir uma taxa de juro real fixa. Isso não existe", diz Delfim.Mas o mais absurdo ainda, no caso da poupança, de acordo com Delfim, é ter uma aplicação que, ao mesmo tempo, é mais segura que todas as outras, de maior liquidez e que ainda pode proporcionar a maior taxa de retorno.Segundo Delfim, o governo acabou sendo obrigado a adotar essa solução por conta do uso político que foi dado à questão. Alguns partidos de oposição espalharam o boato de que o governo estava estudando um confisco na poupança, a exemplo do que fez o governo Collor.
"O que fizeram foi uma irresponsabilidade monumental, em um momento de crise como agora. A sociedade ainda está esfolada pela maluquice do Collor", diz. "O governo acabou dando uma solução economicamente razoável e politicamente a menos danosa."Delfim considera que o mais importante, no entanto, nem foi exatamente a mexida na poupança, mas a redução da tributação dos fundos de investimento.Aliás, ele afirma que o maior benefício desta crise têm sido as medidas do governo de desoneração tributária, um hábito muito pouco comum na história do país.A redução do imposto sobre os fundos será mais do que compensada com a economia que o governo vai fazer com o corte dos juros. De acordo com Delfim, a renda dos rentistas será transferida para o governo com a queda dos juros."A economia não pode viver dos rentistas e sim de quem produz", diz. "Não que os rentistas não produzam, mas o rentista não pode ter uma taxa de retorno muito superior à produtividade média da sociedade", afirma.
O que Delfim espera, agora, com a mudança na poupança, é que o Banco Central baixe a taxa de juros.
"Pelo menos o Banco Central não tem mais a justificativa de que não pode baixar um pouco mais os juros."
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