28 de maio de 2009

LULA COMANDOU ESCOLHA INTEGRANTES DA CPI

Por Adriana Vasconcelos
O Globo - 28/05/2009

Aliados do governo disputam cargos de relator e presidente da investigação sobre a Petrobras
Preocupado em evitar que a CPI da Petrobras se transforme em instrumento político da oposição para atingir a candidatura da chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, principal formuladora da política energética do país, o presidente Lula teve participação direta nas escolhas dos partidos da base para compor a comissão, que começará seus trabalhos na terça-feira. Depois de ter vetado a cessão de qualquer cargo de comando na CPI à oposição, Lula agora terá de administrar as disputas entre os aliados pelos postos de presidente e relator. Além de enfrentar a obstrução seletiva deflagrada por PSDB e DEM.
Os dois partidos de oposição sugeriram uma inversão de pauta, que lhes permitiu aprovar ontem à noite a MP que fixou o novo salário mínimo em R$465. Tucanos e democratas estavam dispostos ainda a votar a favor de outras duas MPs, a da merenda escolar e a que capitaliza o BNDES, mas ameaçavam esticar a sessão madrugada adentro com o objetivo de derrubar a MP do Fundo Soberano.
CABRAL TENTA FAZER O SUPLENTE PAULO DUQUE RELATOR
Pelo menos três governistas queriam presidir a CPI: Ideli Salvatti (PT-SC), João Pedro (PT-AM) e Inácio Arruda (PCdoB-CE). Ideli seria a escolha do líder do PMDB, Renan Calheiros (PMDB-AL). Mas o fato de ser líder do governo no Congresso poderá atrapalhá-la, sobretudo se Romero Jucá (PMDB-RR), líder do governo no Senado, vencer a disputa com Paulo Duque (PMDB-RJ) pela relatoria. O governador do Rio, Sérgio Cabral, entrou em campo para fazer Duque, seu suplente, relator.
Suplente do atual ministro dos Transportes, Alfredo Nascimento, do PP do Amazonas, João Pedro despontava ontem como o preferido de Lula. Com o argumento de que a atuação do ex-deputado Haroldo Lima, hoje no comando da Agência Nacional de Petróleo (ANP), seria um dos alvos da investigação da nova CPI, Inácio Arruda corria por fora, pressionando o PT ceder a presidência ao partido.
Mas a indicação de Inácio Arruda para a CPI abriu brecha para um troco da oposição. O presidente da CPI das ONGs, Heráclito Fortes (DEM-PI), aproveitou que o cargo de relator da sua comissão ficou vago e indicou o líder do PSDB, Arthur Virgílio (AM) para o posto. O governo, então, desistiu de ter Arruda na CPI da Petrobras e indicou Marcelo Crivella (PR-RJ)
Ontem, Lula conversou com Aloizio Mercadante (PT-SP) para afagar o líder do PT, excluído da CPI. Lula o havia enquadrado na véspera, para tirá-lo da CPI, percebendo que compraria briga com Renan, que vetava o petista. O temor de Lula era que Renan convocasse sua tropa de choque para a CPI. Até às 22h da terça, Renan resistia em indicar Jucá. Preferia nomes que ele pudesse controlar. A entrada de Jucá foi a moeda de troca para a retirada de Mercadante

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