31 de maio de 2009

RENAN RECONQUISTA PODER POLÍTICO, REABILITA COLLOR E SE VINGA DE DESAFETOS

O FEXIX ALAGOANO
Um ano e cinco meses depois de ser obrigado a renunciar ao cargo de presidente do Senado para escapar da cassação, pode-se dizer que o senador Renan Calheiros (PMDB-AL), de volta ao comando da maior bancada da Casa, reconquistou o poder perdido। Governistas e oposicionistas avaliam até que Renan conseguiu aumentar seu poder e estaria fazendo sombra ao presidente José Sarney (PMDB-AP), a quem ajudou a eleger।

Na sua volta ao poder também reabilitou o ex-presidente Fernando Collor (PTB-AL), a quem ajudou a conquistar a presidência da Comissão de Infraestrutura e uma vaga de titular na CPI da Petrobras. Essa aliança dominará a política alagoana e abrirá a Renan as portas do complexo de comunicação da família do ex-presidente, em Alagoas.
Analistas políticos, funcionários do Senado e assessores de Renan chegam a comparar sua trajetória à do craque Ronaldo, o Fenômeno, pela capacidade de recuperação depois de enfrentar seis representações no Conselho de Ética da Casa, com duas delas chegando ao plenário. Dizem que Renan é um especialista em crises.
A primeira, o mensalão, administrou no seu primeiro mandato como presidente do Senado, em 2005. A segunda e mais dramática foi a própria, que o obrigou a renunciar ao cargo. Ele foi acusado de pagar a pensão de uma filha fora do casamento com dinheiro de empreiteira.
Senador enfrentou dois julgamentos em plenário

Renan, ao contrário de outros parlamentares que optaram pela renúncia ao mandato para evitar um julgamento político no Legislativo - como fizeram Antonio Carlos Magalhães (DEM-BA), Jader Barbalho (PMDB-PA), José Roberto Arruda (PSDB-DF) e Joaquim Roriz (PMDB-DF) - desafiou seus desafetos. Acabou absolvido duas vezes em plenário, mesmo sem o apoio incondicional esperado do PT.

Estratégia para a volta começou com PMDB no comando do Senado
Na avaliação do senador Wellington Salgado (PMDB-MG), o líder do PMDB mudou de estratégia e cercou-se de novos aliados. Entre eles, acrescenta Salgado, "um aprendiz de feiticeiro": o hoje líder do PTB, Gim Argello (DF), suplente que herdou um mandato de Joaquim Roriz.
O ensaio para a volta começou com o projeto de manter o PMDB no comando do Senado. Enfrentou o PT e convenceu Sarney a entrar numa disputa com Tião Viana (PT-AC), que mostra sequelas até hoje.
- Decidi manter distância da convivência pessoal e política com Renan. Respeitei a situação delicada que ele enfrentou. Mas, de uma hora para outra, fui transformado por ele no inimigo da estabilidade política. Isso me causou grande surpresa. Por isso, me afastei e é melhor que seja assim - afirma Tião Viana.
Fragilizado pelas denúncias que atingiram a instituição desde sua posse, em fevereiro, Sarney teria deixado a cargo de Renan o comando das articulações políticas do Senado, a ponto de, na última semana, ter interferido nas indicações do PT para a CPI da Petrobras.
- O Renan está mais forte do que quando era o presidente do Senado - resumiu o presidente Lula numa conversa reservada semana passada.
Mas, enquanto atestam sua recuperação, políticos fazem ressalva ao estilo e aos métodos de Renan como articulador. O próprio Lula, que já não esconde sua contrariedade com o jogo permanente do líder do PMDB, resumiu a impressão que tem da atuação do alagoano: ele cria problemas e dificuldades para depois vender facilidades. Mesmo colocando em dúvida a lealdade do aliado, o presidente tem consciência exata de que é melhor mantê-lo por perto do que como inimigo.
Renan reconquistou o posto de líder do partido e está se vingando dos desafetos. A primeira vítima foi Mercadante, que ele não aceitou na CPI. Lula, forçado a concordar com Renan por questão de sobrevivência e para manter a base pacificada, tem certeza que o líder pretendia deixar o governo refém do PMDB, tentando pôr na CPI sua tropa de choque. Por isso, Lula insistiu na indicação do líder do governo, Romero Jucá (PMDB-RR), que considera mais fiel a ele do que a Renan.
- Lula não tem alternativa. Tem que se sujeitar, pois ele comanda uma bancada de 20 senadores , diz um ministro.

Nenhum comentário: