Mesmo reafirmando seu apoio aos movimentos de defesa da reforma agrária, o senador Eduardo Suplicy (PT-SP) criticou as invasões promovidas pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) na fazenda de propriedade da Cutrale (indústria de suco de laranja), localizada entre as cidades de Iaras e Lençóis Paulista.
Concordando com criticas manifestadas na Tribuna do Senado, Suplicy disse que nem mesmo a alegação das famílias invasoras - de que gostariam de plantar feijão nos locais em estavam os laranjais - justifica a ação, já que se pode plantar feijão entre os próprios pés de laranja.
O senador Osmar Dias (PDT-PR) condenou a invasão e a destruição pomar com milhares de pés de laranja da fazenda da Cutrale, promovida por integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).
Com a invasão do empreendimento, disse Osmar Dias, o MST "promoveu vandalismo" e agiu de forma criminosa ao desconsiderar o direito de propriedade, garantido pela atual Constituição. O senador disse ainda que a atitude do MST prejudicou os próprios trabalhadores rurais que se encontravam no local e que agora ficarão sem ocupação.
Senadores apoiam discurso
Em aparte, o senador Jefferson Praia (PDT-AM) também condenou a invasão do MST. Segundo ele, o movimento precisa fazer uma "auto-avaliação".
- Não é um comportamento correto. Não é dessa forma que todos terão acesso à terra. Não avançaremos no Brasil - afirmou.
Para o senador João Tenório (PSDB-AL), o discurso de Osmar Dias "traduz a decepção e a angústia em que vive a sociedade, particularmente aqueles que lidam com a atividade agrícola no país".
Na avaliação do senador Gilberto Goellner (DEM-MT), para quem o MST tornou-se um movimento anarquista, o Brasil não pode suportar invasões e nem alterações nos índices de produtividade das propriedades agrícolas, como pretende o governo. Ele questionou ainda a falta de produção nos assentamentos do MST, uma vez que o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) tem hoje estocados 70 milhões de hectares de terra no país, contra 50 milhões de hectares consumidos pela agricultura nacional em sua totalidade.
- Com todos os recursos canalizados para o MST, de forma indireta, por cooperativas, entidades e contribuições externas, por que acabar com a segurança da propriedade agrícola brasileira, a agricultura mais eficiente do mundo? - indagou.
Também em aparte, o senador Marconi Perillo (PSDB-GO) lembrou que projeto de sua autoria prevê a tipificação penal desse tipo de ação promovida pelo MST. A proposta encontra-se na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ), onde é relatada pelo senador César Borges (PR-BA).
Para o senador Renato Casagrande (PSB-ES), o método utilizado pelo MST, "que no passado teve simpatia de muita gente", hoje nada acrescenta ao projeto brasileiro de reforma agrária.
Para o senador Garibaldi Alves Filho (PMDB-RN), o MST "tem enveredado por ações que não são voltadas aos seus objetivos originais, de tornar realidade a reforma agrária no campo".
- As invasões e as ações de violência vem se sucedendo. Há que se ter um basta na realidade, que só poderá vir através da condenação pelas autoridades e pela sociedade -afirmou.
O último aparte foi concedido ao senador Romeu Tuma (PTB-SP), que disse estranhar o fato de não ter havido prisão em flagrante das pessoas que participaram da invasão da fazenda no interior de São Paulo, que ele classificou de "ato de terrorismo"
- Muita gente vai desistir de produzir alimentos em razão de ações covardes que trazem intranquilidade ao homem do campo - afirmou.
Antes de concluir seu pronunciamento, Osmar Dias reiterou que o MST precisa retomar as origens de um movimento social reivindicatório, em vez de "transgredir a lei e a ordem". O senador disse ainda que os agricultores familiares precisam contar nos estados com um projeto que venha se somar ao Programa Nacional de Agricultura Familiar (Pronaf), do governo federal. Isso viabilizaria inicialmente a transformação dos agricultores familiares em micro e pequenos empresários do campo, e mais tarde, em médios produtores rurais.
Já o líder do DEM, José Agripino (RN), lembrou que a proposta da senadora Kátia Abreu, propondo a criação de CPI para apurar a utilização de recursos públicos pelo MSDT foi abortada pelo governo. Disse que a senadora dirige uma entidade vinculada ao setor que produz grande parte do superávit da balança comercial brasileira, apresentou. Flexa Ribeiro (PSDB-PA) lamentou a retirada de 15 assinaturas de deputados do requerimento para a criação de uma nova comissão parlamentar mista de inquérito para fiscalizar o repasse de recursos ao MST.
- Não são esses 15 deputados que retiraram suas assinaturas que vão diminuir a vontade de todos nós e da sociedade brasileira de saber da onde vêm esses recursos e como são usados - lamentou Flexa.
Tasso Jereissati (PSDB-CE) lembrou que a Cutrale é a maior produtora mundial de suco de laranja e responsável por parte considerável do superávit da balança comercial brasileira.
- Não é aceitável que este Senado Federal e que a Presidência da República fiquem omissos. Espero providências cabíveis numa hora dessas - acentuou Jereissati


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