25 de outubro de 2009

QUÉRCIA DÁ TROCO, A TENTATIVA DE MINAR SEU APOIO A SERRA. ARTICULA APOIO DE PMDB GAUCHO A SERRA

Ainda como efeito do acordo que selou a aliança PT/PMDB, alguns entusiastas da coligação começaram a colocar em prática estratégia para desamarrar o apoio do ex-governador Orestes Quércia ao projeto tucano. A ideia é minar a influência do cacique nas hostes peemedebistas em São Paulo, alinhando a sigla ao plano nacional petista.
O pessoal do PMDB paulista que detém cargos no governo federal trabalha com o objetivo de mudar a orientação do PMDB paulista que segue a orientação de Quércia, que defende o apoio aos candidatos do PSDB ao governo do Estado e à Presidência, cuja escolha se dá entre os governadores José Serra (SP) e Aécio Neves (MG).
A estratégia dos aliados ao governo federal, que agem sob o comando do deputado Michel Temer, visa causar constrangimento ao grupo quercista com a tese de candidatura própria para governador. O sucesso do grupo governista depende da vitória de uma chapa alternativa à da atual direção partidária. Em dezembro 1.140 delegados definirão a nova cúpula no Estado; hoje serão eleitos diretórios municipais. A atual direção controla 60% do partido em São Paulo. Eles tentam a cooptação de insatisfeitos com o emagrecimento do PMDB paulista. Também investem sobre cerca de cem delegados "independentes", os que tradicionalmente não têm grupo definido. A disputa não se limita a ganhara a direção estadual do PMDB. É preciso garantir a indicação dos 26 delegados que representarão São Paulo na convenção nacional que aprovará o candidato da legenda a presidência da república.
Temer e Quércia equilibram-se numa espécie de acordo tácito. O presidente da Câmara não interfere nas questões do diretório estadual, presidido por Quércia. E o ex-governador, por sua vez, não questiona decisões tomadas pelo nacional, sob influência de Temer. Mas há quase um mês Quércia liderou caravana a Brasília para criticar a aliança PMDB-PT. Temer ficou furioso. Reuniu-se com o deputado Francisco Rossi e estimulou sua candidatura a governador - projeto, no entanto, considerado natimorto. "Tenho o apoio de Temer", afirmou Rossi, cuja candidatura surgiu em reunião da bancada dos deputados federais do PMDB.
A ala governista do partido garantiu ao PT que, depois que Temer for anunciado vice de Dilma, conseguirá avançar em cima dos delegados controlados por Quércia. "Se Temer for candidato a vice-presidente, o PMDB em São Paulo vai apoiá-lo. Pode até tomar outra direção na questão estadual.
Apesar da queda de braço, a avaliação no PMDB é que os dois caciques puxam a corda, mas não rompem. Quercistas apoiariam tucanos em São Paulo, enquanto a ala de Temer levaria a sigla para aderir ao projeto nacional do PT. "Não há a menor possibilidade de confronto em São Paulo", dizem os caciques peemedebistas.
Enquanto isso, o ex-governador Orestes Quércia manobra para aproximar Serra e o partido no Rio Grande do Sul. Procurou os dois peemedebistas com chances de concorrer ao Piratini – o prefeito de Porto Alegre, José Fogaça, e o ex-governador Germano Rigotto.
A conversa com Rigotto ocorreu na segunda-feira em São Paulo. Procurado por Zero Hora, o ex-governador gaúcho não quis falar do encontro. Por meio da assessoria, informou ter dito a Quércia que PSDB e PMDB devem ter candidatos próprios na disputa pelo governo estadual no ano que vem. Um assessor próximo de Fogaça confirma a insistência de Quércia, mas não diz se a conversa ocorreu.
Como Quércia tem um acordo com Serra, seus movimentos em solo gaúcho causaram desconforto entre os tucanos, que já convivem com um incômodo: o governador paulista teria manifestado sua preferência por um nome do PMDB no Estado em detrimento da reeleição da governadora Yeda Crusius. O presidente estadual do PSDB, deputado federal Claudio Diaz, não acredita que Serra tenha escolhido Quércia para tratar de questões do Rio Grande do Sul. Para ele, Quércia pode estar falando em “possibilidades”, mas não está autorizado a fechar compromissos:– Alguma pessoa mais afoita pode querer avançar o sinal, mas o momento é de calma. Yeda tem de ser ouvida, dizer o que deseja.
Quércia sonha com uma vitória em São Paulo no ano que vem. Ele costurou uma aliança com Serra desde 2008, quando eles fecharam acordo em torno da reeleição do prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (DEM). O projeto agora é eleger Serra presidente e Quércia senador. O plano, porém, esbarra nos projetos da cúpula nacional do PMDB, alinhada ao governo Luiz Inácio Lula da Silva, com acordo em torno da candidatura da ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff.
Para minar o acordo nacional, Quércia apela aos peemedebistas gaúchos, tradicionais adversários do PT e pouco inclinados a subir ao palanque de Dilma. Enviado ou não por Serra, o certo é que o ex-governador nunca tem dificuldade de acesso aos peemedebistas gaúchos. Uma aproximação ocorreu em 2006, quando ele defendeu a candidatura de Rigotto à Presidência, mas o histórico é de afastamento. Tanto que em 1994, o PMDB no Estado abraçou a candidatura de Fernando Henrique Cardoso (PSDB) abandonando Quércia, nome oficial do partido, à própria sorte.

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