18 de outubro de 2009

DILMA, SÓ PENSA NAQUILO ( CAMPANHA & ELEIÇÕES)

Ministra ajusta compromissos a planos eleitorais

O governo dá demonstrações evidentes de sua disposição do promover ostensivamente a campanha para as eleições de 2010. A ministra e pré-candidata Dilma Rousseff (Casa Civil) adaptou, definitivamente, sua agenda à política aos eventos da campanha eleitoral. Quem quiser encontrar a chefe da Casa Civil deve evitar o gabinete dela em Brasília. A ministra pôs o pé na estrada.
Ela foi a estela de um culto evangélico, visitou uma igreja para agradecer o fim do tratamento contra o câncer e esteve na maior festa religiosa do país, o Círio de Nazaré. Os últimos três dias passou a tiracolo de Lula numa viagem cercada de holofotes às obras da transposição do rio São Francisco
Em Brasília, sua rotina também sucumbiu à política de cunho eleitoral. A ministra tem se reunido com partidos, parte do movimento de seu comando de pré-campanha para fechar desde já com a base aliada compromissos de apoio à disputa do ano que vem. Em menos de um mês, a ministra cercou o PDT, PC do B, o PRB, o PMDB, o PDT, o PR. Na próxima semana, o alvo será o PP.
Nos próximos dias, a presidenciável do PT vai dedicar o seu tempo para desembarcar em terreno “inimigo”. Vai desfilar sua candidatura em dois estados governados pelo PSDB. Dilma Rousseff abre a semana em São Paulo. E fecha em Minas Gerais. Justamente os Estados governados pelos rivais tucanos José Serra e Aécio Neves.
A candidata de Lula amanhece a segunda-feira (19) no município de Araraquara, interior de São Paulo.
A cidade é governada pelo prefeito Marcelo Barbieri(PMDB). É um velho amigo de Orestes Quércia, o homem de Serra no PMDB. Ela justifica a viagem alegando compromissos pseudo-administrativos. Em Araraquara, visitará um estádio de futebol erigido para abrigar jogos da Copa do Mundo de 2014. Depois, Dilma viaja para São Carlos. Ali, o prefeito é do PT: Oswaldo Barba. O escudo administrativo será a visita às obras de um hospital-escola. À noite, Dilma vai à capital paulista. Junto com Lula, ela participa de evento organizado pela revista Carta Capital. A revista é francamente governista, e faz parte do grupo chapa branca que apóia o governo.
Na quarta (21), a ministra e Lula pisarão o Estado de Aécio Neves. Vão a Ouro Preto. Ali, aguarda-os um palanque. Mais um. Vai ter comício também. Justificativa: anunciarão a liberação de verbas do PAC para obras assentadas nas cidades históricas de Minas Gerais. À noite, em Belo Horizonte, Lula e Dilma participam da cerimônia de lançamento do programa BH Digital, do Ministério das Comunicações.
Na manhã seguinte, quinta (22), chegam a Governador Valadares. Antes de retornar a Brasília, o presidente e sua pupila exibem-se em Uberlândia e Uberaba.
Tudo isso depois da Caravana do São Francisco, a pajelança nordestina que durou três dias, na semana passada.
A desenvoltura da campanha petista levantou críticas da oposição, que a acusa de moldar a agenda institucional em prol de interesses eleitorais, e deve motivar ações na Justiça -o PSDB anunciou que questionará o périplo pelo São Francisco. "Fazer isso usando a máquina do governo beira à corrupção", disse o líder tucano na Câmara, José Aníbal (SP).
Para especialistas em legislação eleitoral, o terreno é subjetivo, já que a linha que separa as atividades institucionais das políticas é bastante tênue.
Pretende-se pedir ao TSE que condene Lula e Dilma ao pagamento de multas por estarem supostamente fazendo campanha fora de época. Será o terceiro recurso do gênero. Os dois anteriores desceram ao arquivo.
"A lei eleitoral brasileira é omissa em relação à pré-campanha. No Brasil, a campanha começa um ano antes do prazo legalmente previsto, e não há nada que regule esta situação", afirmou o ex-ministro do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) Torquato Jardim. Disse ainda: "Não há norma que proíba. Mas há um fato político que escapa ao controle da lei"

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