25 de outubro de 2009

EFEITO COLATERAL DA ALIANÇA ENTRE PT E PMDB

O acordo político que selou a aliança PT/PMDB obrigará alguns petistas a rever as metas eleitorais para o pleito de 2010. Selado o acordo que confirmou o noivado com o PMDB, o PT vai para o altar de sacrifícios para garantir que nada saia errado na aliança que tem o objetivo de fazer a sucessão do presidente Lula.
Estão na mira os seguintes petistas: o prefeito de Nova Iguaçu (RJ), Lindberg Farias, que sonha se lançar ao governo do Rio de Janeiro. Ele será convidado gentilmente a retirar o “cavalo da chuva” e apoiar o governador peemedebista Sérgio Cabral. O estado é considerado fundamental na hora da Convenção Nacional do PMDB, marcada para o ano que vem.
Outro que está com os dias contados é o ex-governador do Mato Grosso do Sul Zeca do PT, que será instado a apoiar o adversário (quase inimigo político) André Puccinelli (PMDB), atual mandatário do estado. O esforço é aproveitar o momento de crescimento da candidatura da ministra para não jogá-lo no colo dos tucanos.
O ministro da Defesa, Nelson Jobim, já alertou que dificilmente seus correligionários gaúchos apoiarão a candidatura da ministra Dilma. Ele citou os exemplos do senador Pedro Simon, do deputado Eliseu Padilha e do ex-governador Germano Rigotto. “Lá não adianta, teremos dois palanques”, sentenciou um deputado petista que participou do encontro da noite de terça-feira.
Geddel quer apoio de Lula e Dilma contra o PT

O ministro da Integração Nacional, Geddel Vieira Lima, simboliza os rachas regionais entre PT e PMDB. Candidato ao governo da Bahia em 2010 contra a reeleição do petista Jaques Wagner, Geddel garante, em entrevista ao Estado, que a legenda não vai abandonar a candidatura da ministra Dilma Rousseff (PT) mesmo que não deslanche nas pesquisas, como desconfiam setores do governo. "Essa postura é imutável, sob pena de perder a respeitabilidade da opinião pública. Se a Dilma não decolar, perde-se a eleição", afirma.
O acordo entre as duas legendas foi fechado na terça-feira. O PMDB vai indicar o vice de Dilma. Geddel garante apoio, mas avisa que, em troca, espera a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e da ministra também em seu palanque na Bahia, mesmo que no Estado haja um candidato do PT.
Para ele, as relações pessoais de Wagner com o presidente e a ministra não devem prevalecer sobre os acordos políticos. "Não faço política com faca no pescoço, nem chantagens. Eu quero isso (apoio a Dilma), não estou negociando posições alternativas. Só terei posições alternativas se for hostilizado. Se perceber que a construção de um projeto político está condicionada às relações pessoais e não política."
Tensão pré-eleitoral ataca governo e oposição
O quadro de incerteza da sucessão nacional começa a contaminar os palanques regionais, onde a cada dia se acirram mais os conflitos entre caciques locais, seja da base governista ou da oposição. O resultado é a indefinição generalizada nos estados, com negociações sendo adiadas para o ano que vem. Como o PT já mostrou disposição de garantir a todo custo o apoio do PMDB à candidatura da ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, os candidatos petistas serão os mais sacrificados para dar espaço a peemedebistas.
Na base do governo, a principal indefinição é motivada pela possibilidade de mais de uma candidatura aliada, já que o PSB tenta consolidar o nome do deputado e ex-ministro Ciro Gomes. No Ceará, Ciro garante que o palanque do irmão, o governador Cid Gomes (PSB), é só dele. Por isso a prefeita de Fortaleza, Luizianne Lins (PT), ameaça lançar um candidato e assegurar palanque para Dilma.
Na oposição, o principal nome da disputa presidencial, o governador José Serra (PSDBSP), está sendo pressionado a decidir até janeiro. A demora angustia não só o outro précandidato do PSDB, Aécio Neves (MG), mas tucanos país afora, além de dirigentes e líderes do DEM, principal aliado dos tucanos. Até políticos mais moderados e cautelosos alertam para o risco de a oposição perder o tempo das decisões.

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