9 de junho de 2010

PIB TEM ALTA RECORDE DE 9% E EXPÕE RISCO DE SUPERAQUECIMENTO


O Estado de S. Paulo - 09/06/2010

Fernando Dantas / RIO - O Estado de S.Paulo


INVESTIMENTO PUXA ALTA RECORDE DO PIB


Investimento e indústria sustentam ritmo de crescimento no trimestre, que corresponde a 11,2% em um ano





O PIB dos três primeiros meses de 2010 cresceu 2,7%, (11,2% em base anualizada) em relação ao do trimestre imediatamente anterior. Comparado com o índice do mesmo período de 2009, o PIB do primeiro trimestre expandiu-se 9%, o recorde da série iniciada em 1995, segundo o IBGE. ""Vivemos momento de ouro. O Brasil merecia e precisava disso”, comemorou o presidente Lula. Puxado pelos investimentos - com alta de 26% - e pela indústria - que cresceu 14,6% -, o forte desempenho do PIB reforça preocupação de muitos analistas com o superaquecimento econômico, que pressiona a inflação. “É preciso apertar mais a política monetária", diz Gustavo Loyola, ex-presidente do Banco Central. Para o economista José Roberto Mendonça de Barros, a política fiscal deveria ter mudado de rumo no fim do ano passado. "Essa superaceleração tem forte ligação como ciclo eleitoral", avalia. Economia



Expansão foi de 2,7% em relação ao trimestre anterior; resultado reforça preocupação com superaquecimento da economia, que pressiona a inflação




Puxado pela indústria e pelos investimentos, o Produto Interno Bruto (PIB) do primeiro trimestre de 2010 teve um desempenho fortíssimo. Foi batido o recorde de crescimento não só do conjunto da economia, mas também de vários setores. O PIB trimestral cresceu 9% ante o mesmo período de 2009, a maior taxa de expansão da série iniciada em 1995. Em valor, o PIB do trimestre foi de R$ 826,4 bilhões.





Em relação aos três últimos meses de 2009, o PIB do primeiro trimestre cresceu 2,7% (11,2% em base anualizada). Essa comparação desconsidera as variações sazonais. Os resultados do PIB trimestral, divulgados ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), reforçam as preocupações com o superaquecimento da economia. Para analistas, há risco de pressões inflacionárias.



O resultado do PIB de janeiro a março deixa o País quase no topo do ranking global de crescimento no período. A expansão no primeiro trimestre deve elevar ainda mais as projeções de crescimento em 2010, que passam a resvalar em 8%, mesmo levando em conta uma prevista desaceleração nos próximos trimestres. O PIB do primeiro trimestre já é 3,7% superior ao pico pré-crise, registrado no terceiro trimestre de 2008. A indústria e os investimentos estão ligeiramente acima.



A base de comparação deprimida do primeiro trimestre de 2009, quando o PIB caiu 2,1% (ante igual período de 2008), contribuiu para os vários recordes de crescimento de janeiro a março de 2010. Comparados a essa base, a indústria cresceu 14,6% e os investimentos, 26%, no primeiro trimestre de 2010. Nos dois casos, trata-se do recorde da série iniciada em 1995.



Entre os componentes da indústria, a transformação (toda a indústria, exceto extração mineral e construção civil) cresceu 17,2% e a construção civil, 14,9%, na mesma base de comparação - mais dois recordes da série histórica no primeiro trimestre.



Mas eles não param aí. Com avanços de 15,2% e 12,4% ante o primeiro trimestre de 2009, o comércio e o item "transportes, armazenagem e correio" - ambos do setor de serviços - tiveram a maior expansão da série. O mesmo aconteceu com o espantoso crescimento de 39,5% das importações de bens e serviços, na mesma base de comparação.



Rebeca Palis, gerente de Contas Trimestrais do IBGE, notou que a indústria e os investimentos tiveram desempenho tão forte que influenciaram outros setores. Comércio e transportes são segmentos dos serviços ligados à indústria, e importações de máquinas e equipamentos são puxadas pelo investimento.



"É muito bom crescer tanto, mas esse ritmo é insustentável", comentou Alexandre Schwartsman, economista-chefe do Santander no Brasil. Ontem mesmo, o departamento econômico do banco espanhol elevou a sua projeção de crescimento do PIB em 2010 de 6,4% para 7,8%.

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