25 de setembro de 2009

GOLPISTAS DE HONDURAS SANALIZAM COM DIÁLOGO

Gustavo Chacra

O Estado de S. Paulo - 25/09/2009



Horas antes de seu discurso na Assembleia-Geral da ONU, o presidente venezuelano, Hugo Chávez, admitiu ontem que "sabia de tudo" sobre o plano de Manuel Zelaya de voltar a Honduras. Ele acrescentou, no entanto, que toda a estratégia foi traçada pelo presidente deposto no golpe de 28 de junho. O Estado apurou, para sua edição de ontem, que assessores diplomáticos em Brasília atribuem a Chávez a autoria do plano da volta de Zelaya. "Foi uma operação secreta, uma grande operação de dissimulação", disse. "Vocês precisavam ver a cara de bobo dele (do presidente de facto, Roberto Micheletti) quando lhe perguntaram onde estava Zelaya?", disse Chávez a jornalistas, gargalhando.
O venezuelano revelou ter telefonado para o presidente da Bolívia, Evo Morales, e lhe disse "vamos a Nova York com Zelaya", enquanto o avião que levava o hondurenho - de propriedade do governo venezuelano, segundo algumas fontes - decolava da Nicarágua rumo a El Salvador. Chávez disse que sabia que o telefonema estava sendo gravado e disse ter feito alusão à presença de Zelaya na reunião da ONU para despistar.
No discurso na Assembleia-Geral, Chávez acusou ontem o Pentágono de estar por trás do golpe contra Zelaya. Segundo a especulação de Chávez, o setor responsável pela Defesa nos EUA estaria apoiando o governo de facto e "soldados americanos sabiam do golpe". Já o Departamento de Estado, que cuida da política externa, estaria buscando uma saída negociada.
"Há uma luta entre o Departamento de Estado e o Pentágono", disse Chávez. O primeiro, segundo o venezuelano, tem uma ambição "imperial". "Não querem Obama. Querem dominar o mundo, com suas bases militares, suas ameaças, suas bombas", afirmou.
De bom humor, disse que o cheiro no palanque da ONU "deixou de ser de enxofre", como nos tempos de George W. Bush, e "passou a ser de esperança", retomando discurso de três anos atrás. Chávez afirmou ainda que teme pela vida de Obama, que, segundo ele, pode ter o mesmo destino de John F. Kennedy.

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