19 de setembro de 2009

GREVE CONTINUA MAS CORREIOS RECORREM AO TST

Greve continua em alguns estados
Ontem, funcionários de 30 dos 35 sindicatos ligados à Fentect (Federação Nacional dos Trabalhadores em Empresas de Correios e Telégrafos e Similares) não aceitaram a proposta apresentada pela estatal e decidiram manter a paralisação. Somente as regionais da Bahia, Rio Grande do Norte, Bauru (SP) e Santa Maria (RS) e Rio de Janeiro não estão paralisadas. Outras quatro assembleias acontecem hoje e podem acabar com as paralisações.
Lula teve momentos de "pelego", diz sindicalista"
O próprio Lula, quando era dirigente sindical, acabou com greves que ele não poderia ter acabado. Ele tem que rever o seu passado de dirigente sindical antes de falar isso. Inclusive a história mostra que teve momentos em que ele foi 'pelego'", diz Nilson Rodrigues, integrante da Fentect em Curitiba que ontem entregou ao presidente a lista de reivindicações da categoria.
Os trabalhadores reivindicam reajuste salarial de 41,03%, aumento linear de R$ 300 para todos os funcionários, além de redução da jornada de trabalho e contratação de mais servidores por concurso.

Os Correios apresentaram sua contraproposta, que valeria para os próximos dois anos, oferecendo aumento salarial de 9%, reajuste linear de R$ 100, aumento no valor do vale-refeição de R$ 20 para R$ 21,50 por dia e no vale-transporte de R$ 110.
Diante da negativa pelo fim da greve, os Correios apresentaram recurso hoje no TST (Tribunal Superior do Trabalho) para colocar um fim ao impasse. "A proposta dos Correios é razoável e eu acho que a vanguarda deveria se curvar diante da vontade da maioria", afirmou Lula.
"Essa vontade [de manter a greve] não é da vanguarda ou das direções do sindicato, e sim do conjunto dos trabalhadores", rebate o sindicalista.
O que mais causa rejeição entre os trabalhadores entre todos os itens da proposta da estatal, e que está sendo decisivo para a continuidade da greve, é o acordo valer pelos próximos dois anos.
Os funcionários exigem que o acerto valha somente até o ano que vem, segundo a Fentect. "O governo quer fechar um acordo com as estatais pelos próximos dois anos porque quer afastar a possibilidade de greves e protestos por melhores salários em ano de eleição e, assim, evitar desgastar o candidato do presidente", diz Rodrigues.
As eleições do ano que vem ocupam um papel importante dentro da negociação pelo fim da greve. Na última quarta-feira, dia em que a greve começou, o grupo formado por trabalhadores dos Correios que participou da comissão de negociação rachou, segundo a Fentect.
Dos sete integrantes do grupo, três são ligados à Articulação Socialista (do PT) e à Corrente Socialista Classista (do PCdoB), setores que apoiam o governo federal. Os outros quatro integrantes são ligados à Conlutas (Coordenação Nacional de Lutas), Movimento Resistência e Luta e PCO (Partido da Causa Operária), correntes de oposição ao governo petista.
Só concordaram com a proposta apresentada pelos Correios os três integrantes das correntes ligadas ao governo, ou seja, a minoria. Logo, os outros quatro representantes iriam redigir o informe indicando aos sindicatos regionais a continuação da greve. No entanto, os outros três membros "atravessaram" e enviaram antes o comunicado pelo fim da greve.
Outras exigênciasA Fentect também reivindica redução da jornada de trabalho sem redução de salário, fim da terceirização, auxílio creche e educação, contratação de mais servidores e reintegração dos servidores demitidos, participação nos lucros no acordo coletivo, entregas de correspondência no período da manhã e fim dos assédios morais e sexuais.
A estatal afirma que não pode oferecer proposta melhor e que, por esta razão, recorreu ao TST. O argumento é que oferecer um reajuste maior prejudicaria a saúde financeira da estatal e dependeria da liberação de recursos do Ministério do Planejamento. Segundo os Correios, as negociações com os trabalhadores se arrastam por mais de um mês.
AdesãoNo total, os Correios possuem 116 mil funcionários. A maioria dos trabalhadores paralisados é formada por entregadores, motoristas, operadores de triagem, funcionários de agências, motoqueiros, entre outros, segundo a Fentect.
De acordo com sindicato, a adesão à greve alcançou 60% dos funcionários. Já de acordo com os Correios, 31% dos funcionários aderiram à greve. Há dois dias, quando a paralisação começou, a adesão era de 8%, segundo a própria empresa.
Greve nos Correios atrasa entrega de 20 milhões
Em quatro dias de greve, os carteiros deixaram de entregar 20 milhões de correspondências em todo o país, segundo a assessoria da Empresa de Correios e Telégrafos (ECT). Também foram retidas nos centros de distribuição 243 mil encomendas, entre malotes e Sedex.
Segundo a ECT, 26 dos 35 sindicatos de todo o Brasil ainda estão de braços cruzados. O sindicato de São Paulo decidiu continuar a paralisação. Já no Rio de Janeiro, eles aceitaram a proposta da empresa e voltam ao trabalho na segunda-feira.
A direção dos Correios protocolou na sexta-feira, no Tribunal Superior do Trabalho (TST), uma ação, com pedido de liminar, para que a paralisação seja considerada abusiva e ocorra a suspensão imediata da greve.
Os Correios também informaram que os funcionários que estão parados terão o ponto cortado. Em comunicado, a diretoria afirmou que 31% dos 116 mil empregados não comparecerem ao trabalho na sexta-feira.
Os funcionários exigem reajuste de 47%, mais R$ 300 de aumento real a todos os trabalhadores para diminuir a diferença entre salários. A direção da empresa oferece reajuste de 9% (4,5% da inflação do último ano mais 4,5% previsto até agosto de 2010) agora, mais R$ 100 para todos em janeiro. A proposta previa ainda reajuste no vale-refeição de R$ 20 para R$ 23 nos dois anos.
De acordo com a estatal, em todos os estados em greve, haverá um plano de contingência para garantir o funcionamento mínimo das atividades essenciais e reduzir o impacto da paralisação junto à população.
Na segunda-feira, os trabalhadores vão fazer manifestação em frente à Catedral de Brasília, de onde sairão em passeata até o Ministério das Comunicações.
- Queremos uma negociação com o mesmo teto já conseguido pelas outras categorias - afirma o presidente do sindicato do Distrito Federal, Moisés Leme da Silva Neto.
Lula se irrita quando comparado a Sarney por grevistas
Durante a inauguração de uma obra na rodovia BR-448, no Rio Grande do Sul, o presidente Lula enfrentou o protesto de grevistas dos Correios que carregavam faixas associando-o ao presidente do Senado, José Sarney. “Lula e Sarney é tudo igual, roubalheira e arrocho salarial”, gritavam. Irritado, Lula reagiu: “É importante que a vanguarda do movimento, por questões políticas, não leve a prejuízo o trabalhador, que pode ter seus dias descontados”
Lula critica carteiros

A decisão pela manutenção da greve dos funcionários da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT) desagradou o presidente Luiz Inácio Lula, que, em recado aos grevistas, disse que “bom dirigente sindical é aquele que tem coragem de começar uma greve e aquele que tem coragem de acabá-la quando percebe que está (tudo) pronto para acabar”.
Lula cobrou bom senso dos funcionários e classificou como “razoável” a proposta patronal de reajuste de 9% para este ano e o próximo, além do aumento linear de R$ 100 no contracheque.
A greve nos Estados
Nos estados, o movimento grevista começa a perder força. Na quinta-feira, funcionários de cinco unidades sindicais desistiram de manter os braços cruzados. E ontem, também os empregados do Rio de Janeiro decidiram aceitar a proposta de reajuste oferecida pelos Correios. Ainda estão parados, porém, os trabalhadores de 27 das 35 unidades sindicais no país. Ontem, em mais uma rodada de negociações, decidiram pela greve os trabalhadores de São Paulo, Minas Gerais, Tocantins e do Distrito Federal
Ato público em Brasília
Em Brasília, um ato público foi marcado para a segunda-feira. “Iremos nos concentrar em frente à Catedral, às 8h. Depois, seguiremos em passeata pela Esplanada dos Ministérios, até chegarmos ao Ministério das Comunicações, onde deveremos nos reunir novamente”, contou a diretora de imprensa em Brasília da Federação Nacional dos Trabalhadores em Empresas de Correios e Telégrafos (Fentect), Alzira Coutinho. Cerca de 40% do efetivo de 3,6 mil trabalhadores da ECT em Brasília está de braços cruzados, o que prejudicou o envio de 400 mil correspondências, segundo dados da empresa.

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