Por SIMONE IGLESIAS HUMBERTO MEDINA
Folha de S. Paulo - 09/06/2009
Gasolina também custará menos, mas redução não deve chegar a consumidor; corte é 10 da Petrobras desde 2003
O ministro Guido Mantega (Fazenda) anunciou queda de 4,5% no preço da gasolina e 15% no do diesel nas refinarias. Só parte do preço menor do diesel, porém, será repassada ao consumidor.
Como o governo elevou a tributação, a expectativa da Fazenda é que o preço da gasolina não mude nos postos. Para o diesel, mesmo com a carga fiscal maior, espera-se redução média de 9,6%.
É o primeiro corte promovido pela Petrobras desde 2003. No Brasil, o mercado é livre: a estatal fixa o preço na refinaria, mas os postos decidem quanto cobram de acordo com o mercado local.
A redução ocorre dois meses e meio depois de o presidente da Petrobras, José Sergio Gabrielli, tê-la rechaçado no Senado, dizendo que a gasolina estava mais barata que água mineral.
Em entrevista, Gabrielli afirmou que a decisão sobre o corte foi técnica, e não política. A associação dos postos diz que o impacto da diminuição de preço será quase nulo para o consumidor.
O governo decidira reduzir os preços havia semanas, mas o anúncio foi calculado para pressionar o Banco Central por um corte maior nos juros. O Copom decide sobre a taxa amanhã.
Corte na refinaria de 4,5% da gasolina e 15% do diesel é "compensada" por alta da Cide, que deve gerar R$ 1,7 bi ao governo
Preço da gasolina não deve mudar para o consumidor final, enquanto o do diesel pode cair 9,6%, segundo estimativa do governo
Antes de uma reunião com o presidente Lula no começo da noite, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, anunciou ontem redução nos preços dos combustíveis. A gasolina terá redução de 4,5% no preço, e o diesel, de 15%. Mas só parte da queda na refinaria será repassada ao consumidor, e somente no diesel, porque o governo também aumentou a tributação sobre esses derivados.
A expectativa da Fazenda é que o preço da gasolina não mude nos postos e ele embolse a diferença via tributação, como a Folha antecipou em 22 de abril. Para o diesel, mesmo com aumento da carga fiscal, o governo espera redução média de 9,6%. É a primeira redução de preços praticada pela estatal desde abril de 2003.
Os novos preços valem a partir de hoje, mas não necessariamente serão praticados pelos postos da forma esperada pelo governo. No Brasil, o mercado é livre. A Petrobras fixa o preço na refinaria, mas distribuidoras e revendedores (postos) determinam seus preços em função do mercado local. Cortes maiores devem acontecer onde há mais concorrência.
A última alteração feita pela Petrobras na gasolina e no diesel aconteceu em maio do ano passado. Na ocasião, a gasolina subiu 10%, e o diesel, 15%. Quando foram realizados os reajustes, o governo reduziu a Cide (tributo cobrado sobre o consumo de combustíveis) para evitar impacto nos preços.
Agora, com queda na arrecadação por causa da crise, voltou a aumentar as alíquotas. Com isso, espera arrecadação extra de R$ 1,7 bilhão neste ano.
Os recursos da Cide, divididos com Estados e municípios, devem, entre outras destinações, ser usados em melhoria das estradas.
Assim como em maio, houve preocupação com a inflação: a alíquota da Cide da gasolina não chegou ao nível anterior à redução de maio, segundo nota da Fazenda, para evitar elevação do preço do combustível ao consumidor.
No Brasil, cerca de 60% da carga é movimentada por meio de caminhões que usam diesel, e a redução do combustível deve ter impacto na inflação, reduzindo pressão nos preços.
A redução de preços ocorre cerca de dois meses e meio depois de o presidente da Petrobras, José Sergio Gabrielli, ter rechaçado, em audiência no Senado, redução de preços. Na ocasião, Gabrielli chegou a dizer que a gasolina estava mais barata do que água mineral. No dia seguinte, em nova audiência, na Câmara, ele mudou o tom e afirmou que as reduções aconteceriam ainda em 2009.
Em tese, os preços dos derivados vendidos pela Petrobras no Brasil deveriam acompanhar o custo de importação, para amenizar o poder de mercado da empresa. Na prática, a política de preços da estatal não é tão clara. O preço do petróleo já estava em queda havia vários meses, mas a Petrobras se recusava a cobrar menos pelos derivados, alegando que havia muita oscilação e que a política da empresa é não repassar essa volatilidade ao mercado.
Gabrielli disse ontem que a decisão de reduzir os preços foi técnica, não política.
Em maio de 2008, quando houve o último aumento de derivados no Brasil, o barril de petróleo tipo Brent estava cotado a cerca de US$ 110. Ontem, fechou perto de US$ 68.


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