14 de junho de 2009

LÍDERES DA OPOSIÇÃO SÃO PRESOS NO IRÃ, APÓS DENÚNCIAS DE FRAUDE.

NOTICIÁRIO DAS AGÊNCIAS


Líderanças reformistas são presos após dia de protestos no Irã

Cerca de 100 pessoas ligadas a Mir Hussein Mousavi foram detidas; Ahmadinejad diz que vitória foi limpa

Logo após, o anúncio da vitória do ultraconservador Mahmoud Ahmadinejad nas eleições do Irã,milhares de opositores foram às ruas protestar. Os resultados apresentam vitória do atual presidente com 62,63% dos votos, vencendo no primeiro turno
Partidários do líder reformista, Mir Hossein Mousavi denunciam suposta fraude nas eleições. O chefe do comitê de supervisão dos votos do candidato reformista, Ali Akbar Mortazaminpour, citou a ausência de cédulas nos colégios eleitorais, apesar de terem sido confeccionadas ao menos 5 milhões a mais que o necessário. Além disso, acusa o presidente de suspender o serviço de mensagens via telefone celular.O pleito contou com recorde de participação: 82% dos 46,2 milhões de eleitores aptos a votar compareceram às urnas – sem contar ainda eleitores de fora do país
Dois dos três candidatos da oposição rejeitaram ontem o resultado da eleição, acusando o governo de fraude. Milhares de pessoas saíram às ruas para protestar contra o que consideram uma fraude, e foram violentamente reprimidas pela polícia.
"O povo sabe em quem votou, agora, com muita coragem, enfrenta os mentirosos e quer saber quem e como se cometeu essa fraude", escreveu Mousavi, numa carta ao Conselho dos Guardiães, órgão que supervisiona as eleições. "Aviso que em hipótese alguma aceitarei essa perigosa charada."
No dia da eleição, Mousavi denunciou que os fiscais da oposição foram impedidos de acompanhar a contagem dos votos, faltaram cédulas nas seções do norte de Teerã, pelo menos três sites que o apoiavam foram tirados do ar e o sistema de envio de mensagens por celular, utilizado por sua campanha, entrou em colapso. Ontem à noite, os celulares do país também pararam de funcionar.
Já o líder supremo do país, aiatolá Ali Khamenei, celebrou ontem como "um dia de festa nacional". Khamenei alertou que os "inimigos internos e externos" estavam promovendo provocações para impedir a nação de celebrar os resultados das eleições, e que "sobretudo os jovens devem ficar totalmente alertas e evitar ações e declarações provocativas e suspeitas".

Cerca de uma dezena de seguidores do ex-primeiro-ministro iraniano Mir Hussein Moussavi, alguns com cargos de responsabilidade no governo do ex-presidente Mohammad Khatami, foram detidos acusados de promover os protestos contra a polêmica reeleição do presidente Mahmoud Ahmadinejad neste domingo, 14.
Segundo fontes da oposição iraniana, entre os detidos destaca-se o ex-vice-ministro de Assuntos Exteriores Abdula Ramezamzadeh, e o diretor-geral da plataforma reformista "Frente de Participação", Mohsen Mirdamadi. Também está detido o irmão do ex-presidente Khatami, Mohammed Reza Khatami, destacado membro da Frente, acrescentaram as fontes. Além disso, foram levados para a prisão os jornalistas pró-reformistas Mustafa Tayezadeh e Dehzad Nabavi, e os políticos da mesma tendência Amin Sadeh e Said Shariati.
Alguns meios de imprensa locais e estrangeiros afirmam que o próprio Moussavi está retido em seu domicílio, o que não pôde ser confirmado. O paradeiro de Mousavi é desconhecido, mas acredita-se que ele esteja em liberdade. A maioria deles estava no dia das eleições no escritório do ex-presidente Khatami - que apoia Moussavi - atacado com bombas de fumaça por um grupo de milicianos islâmicos Basij no bairro de Queitarieh, no norte de Teerã.
Segundo o relato de testemunhas à Agência Efe, quando a polícia chegou ao local retirou os Basij, mas não praticou detenções, embora alguns deles atacaram depois a sede. Os detidos são segundo meios de imprensa estatais os organizadores dos protestos que no sábado explodiram na capital contra a surpreendente vitória eleitoral de Ahmadinejad. Censura e protestosSegundo o correspondente da BBC em Teerã Jon leyne, após um clima de calma no início da manhã, há relatos de novos enfretamentos entre a polícia e os manifestantes nos arredores do prédio da Irna e no subúrbio de Islamshah. A polícia ergueu barreiras de concreto para impedir o acesso a algumas áreas do centro da cidade. Há relatos de que muitos iranianos estejam demonstrando sua revolta e frustração com a reeleição do presidente Ahmadinejad por meio de mensagens publicadas no site de relacionamentos Twitter, um dos poucos a permanecer acessível.As autoridades iranianas teriam bloqueado o acesso a sites como Facebook e YouTube, numa tentativa de calar as vozes da oposição. Linhas de celular também teriam sido cortadas para impedir que manifestantes se comuniquem. As atenções agora se voltam para o grande comício da vitória que Ahmadinejad realizará neste domingo pelas ruas da capital.

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