13 de abril de 2010

DILMA AGORA CRIA ATRITOS NO CEARÁ

Agora crise é com aliados de Ciro
Por Gerson Camarotti, Maria Lima e Isabela Martin
Agencia O Globo BRASÍLIA e FORTALEZA /
O Globo - 13/04/2010



Nem uma semana após a polêmica viagem a Minas Gerais, a pré-candidata do PT, Dilma Rousseff, causou uma crise com aliados do pré-candidato do PSB, Ciro Gomes, ao visitar o Ceará sem sequer convidá-lo.

Depois de problemas em Minas e no Rio, Dilma vai ao Ceará e irrita partidários


A imagem da pré-candidata Dilma Rousseff criando problemas com aliados por onde passa, desde que começou a viajar sem a companhia do presidente Lula, acendeu sinal de alerta no comando da campanha petista. Parte da agenda da viagem ao Ceará, prevista para ontem e hoje, foi abortada, mas o estrago entre os aliados do deputado e também pré-candidato Ciro Gomes (PSB) já estava feito. A ordem, agora, é evitar viagens da candidata a estados ainda divididos, como Maranhão, Bahia e Pará, pelo menos por enquanto.

A situação da petista se complicou também na Bahia, onde os tucanos e integrantes do DEM comemoram a reviravolta provocada pela parceria do senador César Borges (PR) com o exministro Geddel Vieira Lima (PMDB), firmada no fim de semana, para a disputa pelo governo do estado.

Depois dos problemas de Dilma com Anthony Garotinho (PR) e Sérgio Cabral (PMDB) no Rio; com Hélio Costa (PMDB) em Minas; e agora no Ceará, o comando da campanha preferiu marcar sua próxima viagem para o Rio Grande do Sul, onde passará três dias a partir de quinta-feira.

“Não se trata aliado dessa forma!”

Ainda sem definição sobre a candidatura presidencial de Ciro, seus aliados consideraram desrespeitosa a ida de Dilma a Fortaleza. Para evitar um confronto direto, ele foi ontem para São Paulo. Mas deixou emissários.

— Não se trata aliado dessa forma.

E não se ganha eleição passando por cima dos outros. Ciro foi um dos ministros mais leais ao presidente Lula.

Mais leal até do que os ministros petistas — desabafou a senadora Patrícia Saboya (PDT-CE), ex-mulher e aliada de Ciro. — E agora a segunda visita de campanha da Dilma é para o Ceará! Ela veio fazer o quê? Por que não espera pelo menos a definição do PSB sobre a candidatura presidencial? Não consigo entender isso. É uma afronta! Patrícia Saboya continuou: — Ela está vindo ao estado de alguém que até hoje é aliado dela e tem feito sacrifícios em atenção ao presidente Lula, como quando transferiu seu título de eleitor para São Paulo. Isso é para mim só um sintoma do desastre que pode ser uma campanha de alguém de salto alto.

Adversário do PT, o senador Tasso Jereissati (PSDB) considerou a passagem de Dilma uma afronta a Ciro, seu amigo há mais de duas décadas e a quem deu apoio para presidente em 2002, em detrimento da candidatura de Serra. Em tom de ironia, afirmou: — Acho bom que a candidata Dilma conheça o Ceará, as pessoas aqui e o ambiente. Mas uma visita desta é quase um afronta direta ao Ciro.

Dilma recebeu o título de cidadã de Fortaleza na Câmara de Vereadores. A prefeita Luizianne Lins (PT) compareceu, mas o governador Cid Gomes (PSB), irmão de Ciro, não foi. Em seu discurso, Dilma não citou o nome de Ciro, e também não deu entrevista.

Já na Bahia os adversários de Dilma estão eufóricos com o novo quadro.

Primeiro, porque acreditam que, com o palanque de Geddel fortalecido pelo ex-governador César Borges, poderão impedir a reeleição de Jaques Wagner (PT) no primeiro turno, levando Paulo Souto (DEM) para o segundo turno.

Além disso, avaliam que o précandidato do PSDB à Presidência, José Serra, poderá ser beneficiado com uma eventual reaproximação com Geddel.

— Geddel tem boa proximidade com Serra desde o governo FH. Por enquanto ele vai ficar com Dilma, porque tem lá seu ministro no governo — diz o senador ACM Júnior (DEM).

— Quanto mais ele comerem o couro um do outro (Geddel e Jaques), para nós é melhor. É um desastre para a campanha. O ambiente não está bom para Dilma vir à Bahia. Ainda mais se resolver visitar o túmulo de ACM. Tancredo ainda foi gentil, mas ACM é capaz de se virar no sarcófago — disse o líder do PSDB, João Almeida (BA).


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