22 de abril de 2010

DEFESA DE REELEIÇÃO FEITA PELO PRESIDENTE LULA DIVIDE GOVERNO E OPOSIÇÃO

Defesa do segundo mandato consecutivo feita pelo presidente Lula em entrevista exclusiva ao EM divide partidos da oposição ao seu governo e provoca polêmica também entre os petistas
A defesa veemente da reeleição para cargos feita ontem pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva em entrevista exclusiva ao jornal Estado de Minas criou uma nova polêmica sobre a duração do mandato presidencial. A mudança radical no pensamento do petista, antes um dos maiores críticos da emenda que aprovou a reeleição. A declaração de Lula foi interpretada como resposta à sugestão do pré-candidato tucano ao Planalto, José Serra, que ao lado do ex-governador Aécio Neves pregou o fim da reeleição com mandato presidencial de cinco anos.
Agora Lula avalia que em quatro anos não é tempo suficiente para cumprir o programa de campanha. A oposição argumenta que Lula foi contra na época apenas porque queria impedir a reeleição de FHC. Uma grande parte de líderes políticos alega que a janela aberta pela reeleição é um obstáculo a alternância de poder. "Sou a favor de um mandato de cinco anos. Não é a questão federal, é a municipal e estadual. A reeleição está formando oligarquias nos municípios e estados", reconhece o líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM). A oposição afirma que a reeleição possibilita a “oligarquização do poder”. Todos admitem que de acordo com o cenário administrativo do país e a amplitude das reformas a serem realizadas, quatro anos pode ser pouco tempo. Isso pode justificar um mandato superior a quatro anos, nunca a reeleição. O presidente Lula sempre mas o poder lhe deu uma dose de realismo”. A guinada no discurso do presidente, que sempre foi contra a reeleição, avalia o senador Eduardo Suplicy (PT-SP), em parte pode ser explicada porque a emenda da reeleição favoreceu o PT e também a ele presidente. O partido fez dura oposição ao PSDB de Fernando Henrique Cardoso quando o então presidente conseguiu convencer o Congresso a aprovar, em 1997, a emenda da reeleição. Mas a partir de 1998, prefeitos e governadores do PT, e o próprio Lula, foram beneficiados pela reeleição. "Nós do PT fomos contrários ao direito de reeleição e batalhamos para que não acontecesse, quando foi proposto pelo governo de FHC. Uma vez aprovado o direito de reeleição, mesmo com a nossa posição contrária, o PT, tal como os demais, passou a se utilizar dele".
Suplicy critica, no entanto, o momento usado pelo PSDB para retomar a discussão. A estratégia de Serra não soou como nenhuma surpresa junto aos tucanos mineiros. Aliado de Aécio, o secretário de Governo de Antonio Anastasia (PSDB-MG) , Danilo de Castro (PSDB-MG), afirma que cinco anos de mandato sem reeleição é o melhor para os tucanos. "A alternância de poder é muito saudável, e ter um nome como o Aécio de fora da Presidência, apesar de termos um grande candidato como o José Serra, é uma coisa que os outros não têm. O PSDB tem duas opções excelentes.
Polarização
O secretário nacional do PT, deputado José Eduardo Cardozo (SP), teme que declaração de Lula crie um debate polarizado com a oposição. No partido, afirma o secretário nacional, não ha consenso sobre o tema e o argumento de Lula seria “opinião pessoal”. "O PT não tem uma posição partidária sobre isso. Tem gente que é favorável à ampliação do mandato sem nova eleição. O presidente está expressando a opinião dele. O PSDB está buscando acomodação de impasses internos. Não tem porque polarizar numa situação dessas"

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