Acordo, de cerca de R$ 22,5 bilhões, será assinado amanhã em Brasília por Lula e Nicolas Sarkozy
O Brasil assina amanhã com a França o maior e mais importante acordo militar de sua história recente, com 8,5 bilhões de euros em submarinos e helicópteros. Provavelmente a conta será aumentada em breve pela aquisição de caças franceses.
Os presidentes Lula e Nicolas Sarkozy celebram a "parceria estratégica" após a festa do Sete de Setembro. Essa é a segunda visita de Sarkozy ao país em menos de um ano. Ele participará do feriado da Independência como convidado de honra.
Sarkozy assistirá amanhã ao Desfile de Sete de Setembro. Ele veio ao Brasil para assegurar o favoritismo do caça produzido por seu país na concorrência da FAB.
O valor, a ser pago em até 20 anos e equivalente a R$ 22,5 bilhões, é muito superior às compras russas feitas pela Venezuela ou aos acordos operacionais dos EUA com a Colômbia. O ministro da Defesa, Nelson Jobim, diz que a escolha “faz sentido” no escopo de parceria estratégica. O valor equivale a tudo o que está previsto em Orçamento para o PAC no ano. Os termos de financiamento dependem de aprovação final no Congresso. O governo brasileiro não poderia ter preparado um cenário mais otimista para a chegada do presidente francês, Nicolas Sarkozy, convidado especial de Luiz Inácio Lula da Silva para as comemorações do 7 de setembro — no âmbito da celebração do Ano da França no Brasil. A menos de uma semana da visita do mandatário francês, o Senado aprovou, com uma rapidez impressionante, a obtenção de um crédito de 6,08 bilhões de euros para a construção de cinco submarinos de tecnologia francesa. Além disso, Lula assumiu em público sua preferência pelo caça Rafale, da francesa Dassault, na concorrência F-X2 da Força Aérea Brasileira (FAB).
Durante a visita, que tem motivações bem mais expressivas que o desfile na Esplanada dos Ministérios, serão assinados pelos presidentes Lula e Sarkozy o contrato de fornecimento de 51 helicópteros EC-725 — a serem construídos aqui e usados pelas três Forças — e a compra de quatro submarinos convencionais da classe Scorpène e de outro, com propulsão nuclear, cujo motor será desenvolvido pelo Brasil. O programa militar ainda prevê a construção de um estaleiro e de uma base de apoio para os submarinos
O Senado aprovou na noite da íltima quarta-feira a contratação de um empréstimo externo no valor de 6,080 bilhões de euros (R$ 16,2 bilhões) para a construção, em cooperação com a França, de cinco submarinos, incluindo um nuclear, e a compra de 50 helicópteros militares. Foi aprovado a obtenção de um crédito de 4,32 bilhões de euros (R$ 11,5 bilhões) para os submarinos e outro de 1,76 bilhão de euros (R$ 4,7 bilhões) para os helicópterosOs recursos serão emprestados por um consórcio de bancos liderado pelo francês BNP Paribas e a primeira verba será destinada ao Prosub (Programa de Desenvolvimento de Submarinos), da Marinha.
O programa prevê a construção em série de quatro submarinos convencionais e de um de propulsão nuclear, assim como de um estaleiro onde serão feitos os navios e de uma base de apoio a essas embarcações.
Segundo a Marinha, o Prosub permitirá que o país aumente as atividades de vigilância, proteção e defesa nas áreas onde estão as instalações marítimas que produzem petróleo e gás.
Há anos o Brasil sonha com o desenvolvimento de um submarino nuclear, uma possibilidade que começou a concretizar nos últimos meses mediante um acordo estratégico de defesa negociado com a França e que deve ser formalizado amanhã
A verba de 1,76 bilhão de euros será investida na compra de 50 helicópteros de meio porte para as três forças, que serão fornecidos entre 2010 e 2016 por um consórcio formado pela brasileira Helibras e pela Eurocopter, filial do grupo europeu EADS.
Especialistas manifestam sua preocupação com o aumento dos investimentos em material bélico na América Latina. Hugo Chávez quer transformar seu país em uma potência militar. Argentina, Brasil, Chile, Colômbia, Venezuela, as principais economias da região estão aumentando seu armamento que já pode caracterizar o início de uma corrida armamentista na América do Sul.
A situação é um pouco diferente da época da guerra fria, quando a antiga União Soviética e os Estados Unidos descarregavam aqui os seus estoques de armas de segunda linha. As armas adquiridas agora são as mais modernas, com alto poder destrutivo. Os aviões e helicópteros adquiridos pela Venezuela fazem parte da primeira linha de defesa da Rússia. Os custos ultrapassam os 3 bilhões de dólares. O Chile, para não ficar atrás, comprou aviões norte-americanos, fragatas inglesas e holandesas, tanques alemães e submarinos franceses. O Peru também amplia o seu parque bélico, reformando os seus aviões de origem soviética, assim como a Colômbia, que possui contratos milionários com os americanos por causa da guerrilha das Farcs. A Argentina recentemente voltou a produzir aviões militares e tanques médios. O Brasil assina agora seu contrato militar com a França.
Os gastos com armamentos aumentam desde 2004 na América Latina. Num Continente recheado de miséria e pobreza, este aumento do percentual de compras militares chega a ser preocupante. A região abriga vários governos e regimes populistas, cuja característica principal é manipulação da opinião pública. Há o receio de que a região passe a viver tempos de intolerância, com os governantes brincando com os seus soldadinhos de chumbo e fazendo o mundo pegar fogo!
Opinião do dia – Hannah Arendt*
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