4 de agosto de 2009

TEMER NEGA QUE PMDB APOIA PERMANÊNCIA DE SARNEY

MÁRCIO FALCÃO

DA FOLHA ONLINE, em Brasília

O presidente licenciado do PMDB e presidente da Câmara, Michel Temer (SP), negou nesta segunda-feira que a nota divulgada ontem pelo partido seja em apoio ao presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP). Questionado se o PMDB apoia incondicionalmente a permanência de Sarney no comando do Senado, Temer disse que esta questão precisa ser resolvida pelos senadores.

"O presidente do Senado está tomando às providências que entende conveniente no Senado. Seguramente, embora não possa dar palpite sobre isso, os senadores e os partidos que têm assento na Casa vão sentar e resolver esse impasse e eu espero que seja útil para a instituição", disse.

Temer negou que o texto publicado ontem no site oficial do partido, assinado por ele e pela presidente em exercício da legenda, Íris de Araújo (GO), foi uma nota de apoio a Sarney. O documento autoriza os dissidentes a deixar a legenda "o quanto antes" sem que corram o risco de perder o mandato. A declaração foi interpretada como um recado para os senadores Jarbas Vasconcelos (PE) e Pedro Simon (RS).

Segundo o presidente da Câmara, o texto foi uma carta do comando do PMDB pedindo unidade aos correligionários de olho nas eleições de 2010. "Não é uma nota. É uma carta em resposta a revista justificando a posição política do PMDB e também com o objetivo de preparar a convenção nacional do partido para reunir o máximo de unidade. Ela não se dirige ao presente, ela se dirige ao futuro do partido. Não tem nada a ver com o senador Simon. Foi uma forma de dar as razões pelo que o PMDB apoia vários governos", disse.

No final de fevereiro, Jarbas Vasconcelos denunciou a existência de corrupção dentro do PMDB ao afirmar, em entrevista à revista "Veja", que "boa parte do partido quer mesmo é corrupção". Na época, ele também classificou como um "completo retrocesso" a escolha de Sarney para presidir o Senado. Já Pedro Simon, subiu à tribuna do Senado no fim de junho para defender o afastamento de Sarney e disse que a situação do presidente da Casa era insustentável.

Para o presidente da Câmara, não há espaço para a crise envolver os deputados. "Não vai haver contaminação porque a Câmara está votando regularmente. Não haverá paralisação na Câmara", disse.

A revista "Veja", publicada nesta semana, diz que o PMDB encarna o paroxismo do fisiologismo da política brasileira. De acordo com o material divulgado pelo PMDB, o apoio aos governos Fernando Henrique Cardoso e Luiz Inácio Lula da Silva está dentro da proposta programática da legenda e que o partido "sabe que tem ajudado o Brasil no limite de suas forças".

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