6 de agosto de 2009

DISCURSO DE SARNEY AGRADA ALIADOS, MAS NÃO RESOLVE A CRISE


Os senadores que apoiam Sarney vão continuar apoiando. O presidente Lula também. Mas os senadores que defendem o seu afastamento vão continuar na mesma posição. Sarney afirmou da tribuna do plenário que não sairá da presidência, e se declarou vítima de perseguição. "Nunca faltei ou faltarei com o decoro parlamentar. Ainda mais eu, cidadão de vida ilibada e hábitos simples, ter falta de decoro? Acho que ninguém poderia me acusar. Sou vítima de uma campanha sistemática e agressiva", disse.
A melhor avaliação e análise do discurso conclui que o seu obejtivo foi fornecer argumentos para o Conselho de Ética arquivar as representações protocoladas contra o senador.
Foi uma ideia inteligente. O Sarney fala primeiro (antes da reunião do Conselho) para influenciar o arquivamento a todo custo. Demóstenes Torres disse que não mudou de idéia. "A minha ideia é fixa: nós temos que abrir investigação. As representações e denúncias estão evidentemente prontas para serem investigadas - o que não significa que todas serão julgadas procedentes. Mas não dá pra arquivar sem fazer investigação como o governo quer.
Líder do DEM, o senador José Agripino Maia (RN) avaliou que José Sarney não foi convincente em sua explicação. "Para se defender, ele relembrou sua biografia e fez um voo de pássaro sobre as acusações", disse Maia, referindo-se às passagens do discurso nas quais Sarney tentou desqualificar as denúncias apresentadas contra ele no Conselho de Ética. "Uma frase não desmente um elenco de acusações".
O senador Renato Casagrande (PSB-ES) também continua defendendo a investigação das denúncias pelo Conselho de Ética. "Cabe ao Conselho de Ética aprofundar as investigações. Apesar de este conselho ser capenga, porque foi formado no meio da crise, então é um Conselho maculado." Em contrapartida, o líder do governo, Romero Jucá (PMDB-RR), disse acreditar que os argumentos de Sarney foram "bons" e, a partir de agora, o Conselho de Ética deve trabalhar para dar um desfecho às ações apresentadas contra o presidente do Senado.
No Conselho de Ética, senadores da base aliada ao governo e de apoio a Sarney ocupam dez das quinze vagas. Os governistas poderão, pelo voto, impedir a abertura de um processo contra José Sarney.

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