6 de agosto de 2009

OPOSIÇÃO VAI EXPLORAR AS CONTRADIÇÕES NO CONSELHO

Por CRISTIANE JUNGBLUT e MARIA LIA

O GLOBO - 06/08/2009

Governistas comemoram decisão de impedir debate em plenário


BRASÍLIA. Apesar das contradições em vários pontos do discurso do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), a avaliação entre aliados do senador, no Planalto e até entre aqueles que defendem o afastamento dele era a de que foi acertada a estratégia da tropa de choque de impedir um debate em plenário e de concentrar a questão no Conselho de Ética, onde os governistas têm maioria. Essa tática , definida desde o início da semana, deu certo no primeiro dia. Mas a oposição vai explorar as contradições de Sarney no Conselho e tentar levar a crise de volta ao plenário.
A oposição espera ainda uma atitude do PT, que foi enquadrado pelo Planalto mas avisou que não aceitaria o arquivamento sumário de todas as denúncias, como fez ontem o presidente do colegiado, Paulo Duque, com cinco das 11 ações.
Senadores da oposição avaliaram que já era esperada a ação esmagadora da tropa de choque e colocam, novamente, a responsabilidade dos próximos passos nas mãos do PT.
— A tese do tratoraço se confirmou.
O Sarney fez um discurso e eles arquivaram as denúncias.
Mas vamos resistir. Estamos nas mãos do PT — resumiu Demóstenes Torres (GO).
Pelo menos dois defensores do afastamento de Sarney concordaram que o dia de ontem foi dominado pelo discurso do presidente e pelo arquivamento das primeiras denúncias, deixando a oposição sem espaço.
— O discurso foi convincente para quem quiser ouvir argumentos.
Para quem não quiser ... — disse o líder do PMDB, Renan Calheiros (AL), que chegou ao Conselho escoltado por Fernando Collor (PTB-AL).— O presidente Sarney colocou sua defesa. O clima hoje (ontem) era muito melhor que o do início da semana. Ele explicou alguns fatos, mas que serão agora tratados no Conselho de Ética. Os argumentos são bons e os detalhes procedentes — acrescentou o líder do governo, Romero Jucá (PMDB-RR).
Para Virgílio, discurso de Sarney teve falhas Na opinião do líder do PSDB, Arthur Virgílio (AM), o discurso teve várias falhas: —Houve pelo menos três lapsos. Sarney diz que não tinha nenhuma relação com Rodrigo Cruz, mas ele é genro de Agaciel Maia (ex-diretor-geral do Senado), e Sarney foi seu padrinho de casamento. Se ele acha que isso não é quebra de decoro...
O tucano citou ainda que Sarney disse não ter relação com Luiz Cantuária, que é do Amapá e que foi nomeado por ele no Conselho Editorial. Outra contradição, apontou, foi o fato de Sarney ter afirmado não ter tido influência na contratação de seu neto José Adriano Sarney para operar empréstimos de crédito consignado na Casa.
— O discurso político, as palavras podem ter uma força aqui, no momento, mas muitas questões ainda precisam ser explicadas e isso o Conselho terá que apurar — disse Agripino Maia (DEM-RN).
Mercadante disse que os argumentos de Sarney teriam que ser agora contestados e investigados no Conselho: — Achamos que a licença ajudaria o debate e que renúncia seria prejulgamento. Mas não aceitamos engavetar todas as denúncias

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