25 de agosto de 2009

AS MUDANÇAS NA RECEITA, APÓS SAIDA DE LINA, PROVOCAM REBELIÃO

As mudanças promovidas por Otacílio Cartaxo, na Receita, após saida de Lina, favorecendo a Petrobrás provocam rebelião, com pedido coletivo de exoneraçãoo.
O pedido coletivo de exoneração apresentado por 12 integrantes da cúpula da Receita está sendo analisado conforme a posição política do analista. Quem está fora do governo interpreta a saída como uma reação a tentativas de ingerência política no órgão. Já o líder do PT na Câmara, Cândido Vaccarezza (SP), negou interferências e classificou a demissão coletiva de ato político.
Mas, o motivo do pedido está muito claro na carta de demissão que encaminharam a Otacílio Cartaxo, Secretário da Receita Federal. A leitura da carta permite observar a insatisfação generalizada com o governo nos escalões inferiores do órgão. São servidores de carreira, incluindo cinco superintendentes que exigem independência e não aceitam a submissão que tentam impor
Eles acusaram o governo de ter aumentado a pressão sobre a Receita ao exonerar dois servidores ligados à ex-secretária Lina Vieira. Foram exonerados Iraneth Maria Weiler, que confirmou que a secretária executiva da Casa Civil, Erenice Guerra, estivera com Lina no gabinete da Receita Federal para marcar o encontro com Dilma. Também exonerado Alberto Amadei Neto, assessor especial do gabinete da Receita nomeado por Lina, que a auxiliou durante seu depoimento na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado.
A debandada enfraquece o novo secretário, Otacílio Cartaxo e torna mais clara a instabilidade emocional do governo com a queda na arrecadação. Explica a ação desesperada no Congresso para tentar ressuscitar a CPMF com a criação da CSS.
Ainda que os incrédulos, e os defensores do governo tentem minimizar a insatisfação, fica evidente a crise, pois não se trata de uma “troca natural” de cargos como quer fazer crer o Planalto.
Lina não foi demitida em razão de seu desempenho. A demissão foi política. Ela entrou em confronto com a direção da Petrobras, que hoje interpreta a legislação tributária conforme lhe interessa, e não a elas se submete. Lina foi acusada de ser ligada, à ala sindical da Receita.
Agravando a situação, Lina tornou pública a interferência de Dilma, que segundo ela teria tentado afrouxar a fiscalização nos negócios do empresário Fernando Sarney, filho do senador José Sarney (PMDB-RR).
Cartaxo começou a dar sinais dos novos rumos do órgão na semana retrasada, quando fez uma interpretação favorável da manobra contábil adotada pela Petrobras. Na gestão de Lina, a Receita sempre adotou entendimento contrário ao da estatal, o que teria sido o estopim para o governo demitir a secretária.
A nova posição da Receita, sob o comando de Cartaxo, tem, agora, como resposta, o pedido coletivo de exoneração.

Nenhum comentário: