2 de agosto de 2011

CÂMARA EUA APROVA PLANO DA DÍVIDA

Acordo bipartidário contra calote foi aprovado por 269 votos a favor e 161 c ontra

Proposta será votada hoje no Senado americano, mas parlamentares ainda resistem sobre alguns pontos

O presidente dos EUA, Barack Obama, já afirmou que sancionará o projeto assim que for apresentado a ele.

Teto da dívida dos EUA foi elevado 35 vezes em 30 anos

O debate sobre a proposta de aumento do teto da dívida norte-americana tomou conta da opinião pública dos EUA e causa calafrios considerável no mercado financeiro. Ainda que o governo - com déficit orçamentário de US$ 1,5 trilhão e teto até então de US$ 14,3 trilhões - tenha batido sempre na tecla da necessidade de um limite adicional, jamais houve consenso sobre o tema.

"Tudo que (a discussão sobre a elevação do teto) faz é desviar a energia das pessoas. Não faz nenhum sentido. Ter esse limite artificial, que sempre é elevado no fim das contas, interrompe as atividades do Congresso. Acredito que é uma perda de tempo do Congresso”, disse em julho o bilionário Warren Buffett, comandante da empresa de investimentos Berkshire Hathaway - e, nessa posição, considerado o maior investidor do mundo.

Julian Callow, economista-chefe do Barclays Capital, afirmou que o acordo para a elevação do teto, anunciado neste domingo, é um "band-aid" nas discussões em torno da adoção de políticas financeiras públicas mais sustentáveis. “O acordo certamente não representa uma virada no jogo e mantém a possibilidade de um rebaixamento na classificação de risco (dos títulos da dívida americana) no curto prazo”, disse ele eme relatório.

Em meio ao impasse sobre a elevação do teto, as reservas norte-americanas foram minguando. Na última quinta-feira, elas desceram a US$ 53,6 bilhões, montante menor que a fortuna de Bill Gates, o fundador da Microsoft, estimada em US$ 56 bilhões pela revista Forbes, que anualmente elabora uma lista com as pessoas mais ricas do mundo. Os dados referentes a quinta-feira foram apresentados pelo Tesouro nesta segunda.
O Senado dos EUA votará o projeto hoje, dia 2 de agosto, Caso o projeto não seja aprovado e o teto não seja elevado, governo dos Estados Unidos fica sem dinheiro para pagar todas as suas contas caso. Hoje é o último dia do prazo dado pelo Departamento do Tesouro norte-americano para que o teto de endividamento dos EUA seja elevado.

A situação configuraria um calote inédito da maior potência econômica do planeta, o que poderia trazer conseqüências catastróficas para a economia mundial
Líderes de ambos os partidos trabalharam exaustivamente para convencer suas bancadas sobre o acordo obtido com o presidente Barack Obama, com o objetivo de encerrar um impasse que abala a fé dos norte-americanos em suas instituições políticas e prejudica a imagem dos EUA no exterior.
Nos termos do acordo, o limite seria ampliado em pelo menos US$ 2,1 trilhões - o suficiente para suprir a necessidade de financiamento do governo até 2012.
Embora a aprovação no Senado seja quase certa, ainda há resistência vinda de facções antagônicas: por um lado, dos deputados ligados ao grupo direitista Tea Party - que não querem aumento no teto de jeito nenhum-, e por outro, dos democratas mais liberais - que queriam que o corte nos gastos viesse acompanhado de aumento de impostos para os mais ricos.


O vice-presidente Joe Biden se reuniu por duas horas e meia com os democratas da Câmara, muitos dos quais se mostram descontentes com os vultosos cortes em gastos públicos sem a contrapartida de aumento de impostos.
Pela proposta, costurada no domingo, o governo pode se endividar mais até 2013, mas deve cortar gastos ao longo de dez anos. Além disso, será criada uma comissão parlamentar que recomendaria, até o final de novembro, um pacote mais específico de redução do déficit.
A Casa Branca tem um teto legal para a tomada de empréstimos para o pagamento das contas públicas, como o salário dos militares, os juros de dívidas prévias e o sistema de saúde Medicare. O limite atual é de US$ 14,3 trilhões (R$ 22,3 trilhões).
Para o secretário do Tesouro dos EUA, Thimoty Geitner, a não aprovação do pacote daria origem a um cenário "catastrófico". O presidente Barack Obama alertou que o país pode voltar à recessão.
O acordo para elevar a dívida dos EUA firmado no domingo à noite é meramente um “band-aid” e não “muda o jogo”, afirmou o economista do banco Barclays Capital em uma relatório divulgado nesta segunda-feira, segundo a CBNC.
“O acordo certamente não representa uma virada no jogo e mantém a possibilidade de um rebaixamento na classificação de risco (dos títulos da dívida americana) no curto prazo”, afirmou Julian Callow, economista-chefe do Barclays Capital.
Segundo ele, o acordo coloca só um "band-aid" nas discussões em torno da adoção de políticas financeiras públicas mais sustentáveis.
O grande problema, segundo Callow, é a desaceleração da economia americana, o que significa que qualquer economia nos gastos públicos pode ser neutralizada por uma queda na receita com impostos.
“Qualquer economia fiscal pode efetivamente ser apagada se a recuperação do PIB americano continuar sendo mais fraca que as projeções assumidas pelo governo”, afirmou o economista.
Callow acredita que as agências vão rebaixar a classificação de risco da dívida americana apesar do acordo para elevação do teto do endividamento do país.
O analista-chefe do Danske Bank, Allan von Mehren, concorda. “Não será uma decisão fácil rebaixar a dívida soberana do país com a maior reserva de moeda do mundo. Precisará ter coragem para isso”, afirmou o economista à CNBC.

 
Incerteza leva a alta do dólar

Novas incertezas sobre a aprovação do aumento do teto da dívida americana e indicadores desfavoráveis da economia dos Estados Unidos puxaram nova alta do dólar. A moeda fechou ontem com valorização de 0,64%, a R$ 1,560 para compra e R$ 1,562 para venda.

O dólar abriu o dia em baixa, por causa da notícia de acordo para ampliação do teto da dívida. Mas a divulgação de que há riscos de rejeição da proposta mudou a expectativa. Além disso, indicadores divulgados ontem, como a queda da atividade manufatureira nos EUA — para 50,9 em julho, contra expectativa de 54,9 —, levaram os investidores a buscar proteção no dólar

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