O corpo do cantor e compositor Dorival Caymmi será enterrado neste domingo no cemitério São João Batista, em Botafogo, zona sul do Rio de Janeiro. O horário ainda será definido porque depende da chegada do filho Dori Caymmi, que está nos Estados Unidos. A família estima que a cerimônia deva ocorrer entre 15h e 16h. O velório, que recomeçou às 8h30, ocorre na Câmara dos Vereadores do Rio, na região central da cidade.
Anônimos e famosos se revezaram para velar o corpo do artista baiano. Lá estiveram, entre outros, os novelistas Gilberto Braga e Glória Peres, a cantora Daniela Mercury, os filhos Nana e Danilo Caymmi (também cantores) e os netos.
Dorival tinha um grande amor pelo Rio de Janeiro. Ele viveu mais de 50 anos no Rio de Janeiro. Era um baiano-carioca que amava a cidade. Embora nascido na Bahia, ele sentia orgulho de ter sido também um grande carioca, além de ser o grande baiano que era,
Familiares de Caymmi falaram sobre o sofrimento do músico nos seus últimos dias de vida, devido à ausência da mulher, Stela Maris, que Caymmi conheceu nos estúdios da Rádio Nacional,
. Ele andava triste desde o dia 29 de abril, quando a companheira de tantas décadas entrou em coma e foi internada no Hospital Pró-Cardíac, em Botafogo, e em coma. "A ausência dela [Stella] acabou com ele. Ele entrou numa melancolia, desistiu de comer, desistiu de tudo", disse Nana Caymmi, a filha mais velha do músico. "Esses dias todos ficamos tentando que ele levantasse. Ele completou os 94 anos sem ela. Foi horrível."
Caymmi começou a carreira musical em programas de rádio na Bahia, ainda na década de 30. Mudou-se para o Rio em 1938, ano em que lançou o samba "O que É que a Baiana Tem?", de sua autoria. Carmen Miranda interpretou a canção no filme "Banana da Terra" e recebeu instruções do compositor para dançar cantando.
Sua canção "O Samba da Minha Terra", de 1940, teve também grande sucesso, com os versos "Quem não gosta de samba/ Bom sujeito não é/ É ruim da cabeça/ Ou doente do pé". No mesmo ano, ele se casou com Stella Maris, que viria a ser sua companheira de toda a vida. A primeira filha do casal, Dinahir que se tornaria a cantora Nana Caymmi, nasceu em 1941, ano de "É doce morrer no mar", música sua em parceria com o escritor Jorge Amado, e de "Você já foi à Bahia?". O segundo filho, Dorival que se tornaria o músico Dori Caymmi, nasceu em 1943, e o terceiro, Danilo também músico, em 1948.
A década de 50 trouxe os primeiros LPs de Caymmi, entre eles "Canções Praieiras". Já o sucesso "Maracangalha" veio em um disco de 78 rpm de 1956, e "Saudade da Bahia" foi apresentada ao público em um programa de TV, no ano seguinte.
Em 1975, compôs "Modinha para Gabriela", para a trilha sonora da novela "Gabriela", da Rede Globo, baseada no romance "Gabriela Cravo e Canela", de Jorge Amado. A canção fez sucesso na voz de Gal Costa.
Ao completar 70 anos, em 1984, recebeu diversas homenagens, entre elas o título de Cidadão Honorário pela Câmara de Vereadores do Rio. Na década de 90, sua produção musical diminuiu; em 2001, compôs em parceria com o filho Danilo e com Dudu Falcão a canção "Caminhos do Mar", interpretada por Gal Costa --no mesmo ano, a Editora 34 lançou a biografia "Dorival Caymmi - O Mar e o Tempo" escrita por sua neta, Stella Caymmi, filha de Nana.
A paixão de Caymmi pelo mar foi lembrada pelo letrista Paulo César Pinheiro: "seu violão tem cordas de sargaço/ e foi cortado de um pedaço/ de uma velha embarcação/ (...) / a sua voz é de arrebentação/ (...) Caymmi tem espumas no cabelo." Além do mar e da música, outra grande paixão de Caymmi era a pintura. Caymmi gravou 20 discos ao longo da carreira. Segundo Ivete Sangalo, "Dorival Caymmi foi um grande tradutor da Bahia e do Brasil, suas canções se perpetuarão, acentuando a nossa auto-estima."
17 de agosto de 2008
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