31 de março de 2010

Serra se afasta do governo com discurso duro: Meu governo não tem roubalheira

Sou considerado um grande obsessivo, mas minha grande obsessão foi servir aos interesses gerais do meu estado e do meu país (...) Estou convencido que o governo, como as pessoas, tem que ter honra. Assim falo não apenas porque aqui não se cultivam escândalos, malfeitos, roubalheira. Mas porque nunca incentivamos o silêncio da cumplicidade e da conivência com o malfeito, o governo tem esse caráter. E esse é um governo de caráter."


O governador de São Paulo, José Serra (PSDB), fez sua despedida do cargo, no Palácio Bandeirantes, diante de um auditório ocupado por cerca de 5 mil convidados em cerimônia transmitida ao vivo pela internet. O discurso, que durou 53 minutos, foi marcado por ataques velados à candidata oficial, sua futura adversária na disputa pela Presidência da República, a agora ex-ministra da Casa Civil Dilma Rousseff, e ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que a apóia. Foi um discurso de despedida do cargo. Em tom emotivo, ele fez referências indiretas aos adversários políticos e rebateu críticas que costumam ser associadas ao seu perfil político.
"Repudiamos sempre a espetacularização, a busca pela notícia fácil, o protagonismo sem substância”, afirmou Serra no Palácio dos Bandeirantes, sede do governo paulista. "Este governo não cedeu à demagogia. (...) Nunca incentivamos o silêncio nem a conivência com o mal feito”, afirmou. “Já fui governo e já fui oposição, mas de um lado ou de outro, nunca me dei à frivolidade das bravatas”, declarou.
Também disse;“No meu governo, nunca se olhou a cor da camisa partidária. Eu exerci o poder neste Estado sem discriminar ninguém”, afirmou Serra. "O nosso governo serve ao interesse público, e não à máquina partidária. Nós governamos para o povo", disse o governador.
No evento, Serra fez um balanço dos seus 39 meses à frente do governo paulista, acompanhado por cerca de 5.000 pessoas, entre prefeitos e secretários, que chegaram em 60 ônibus ao Palácio. Entre os presentes estão os presidentes do PSDB, Sergio Guerra, e do DEM, deputado Rodrigo Maia. Após a cerimônia, Serra fez mais um pronunciamento do lado de fora do palácio, se dirigindo a cerca de 500 pessoas que não conseguiram entrar no auditório.
O governador ainda destacou o fato de que considera seu governo popular e listou programas sociais, e também ressaltou a geração de 1 milhão de empregos com investimentos diretos e indiretos.
Ele citou como um ponto alto do seu governo a inauguração do Rodoanel, evento que foi inicialmente anunciado como uma vistoria das obras que ainda não foram abertas para a circulação dos carros. Foi muito aplaudido ao lembrar da conversa que teve com um operário e declamou uma poesia que ele associou ao momento.
Durante o discurso, Serra evitou citar sua candidatura, mas disse estar preparado para uma nova etapa, quando foi ovacionado. Ele agradeceu o estado e lembrou o atual lema de São Paulo: "pro brasilia fiant eximia", que em latim significa "pelo Brasil façam-se grandes coisas". Emocionado, ele se despediu em tom de palanque: "vamos juntos, o Brasil pode mais", disse.

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